Católicas pelo Direito de Decidir defendem não intromissão do Estado ou da Igreja na questão do aborto

“Imoral é que outros decidam sobre o que nós mulheres podemos ou não fazer dos nossos corpos, da nossa capacidade reprodutiva, da nossa vida.

STF
Publicada em 06 de agosto de 2018 às 15:36
Católicas pelo Direito de Decidir defendem não intromissão do Estado ou da Igreja na questão do aborto

“Imoral é que outros decidam sobre o que nós mulheres podemos ou não fazer dos nossos corpos, da nossa capacidade reprodutiva, da nossa vida. O Estado, a Igreja ou qualquer outra instância não pode decidir sobre isso.” A declaração foi feita na manhã desta segunda-feira (6) pela professora de pós-graduação em ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Maria José Rosado Nunes. Ela representa o movimento Católicas pelo Direito de Decidir e participa da audiência pública sobre descriminalização do aborto, realizada no Supremo Tribunal Federal.

Para a professora, a questão deve-se pautar na doutrina do probalismo, segundo a qual a certeza é algo inalcançável e que deve prevalecer a liberdade de escolha das mulheres, em conformidade com suas próprias consciências quando se trata de questão moral. “Onde há dúvida, há liberdade”, defendeu. Doutora em sociologia pela Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, ela defende que a legalização do aborto é questão de justiça social e racial, ao destacar que a clandestinidade atinge prioritariamente mulheres pobres e negras. Para Maria Rosado Nunes, é também uma questão democrática em um Estado que deve ser laico, acrescentando que à Igreja cabe pregar a compreensão, o perdão e o acolhimento no lugar da excomunhão, como faz o Papa Francisco.

Segundo a professora, a descriminalização do abordo é uma realidade que vem sendo reconhecida em vários países, inclusive de cultura extremamente religiosa, como a Irlanda. Ela criticou o conservadorismo moral que confina as mulheres ao papel de mães e esposas ao colocar a maternidade como um destino biológico e não como uma escolha ética. “É desumano, é imoral, exigir das mulheres que se façam mães simplesmente porque são dotadas da possibilidade biológica de gestar.”

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