Com apoio de fonoaudiólogos que atuam no Centro de Reabilitação de Rondônia pacientes estabelecem a comunicação com o “mundo”

Os problemas de saúde são variados, vão desde alterações neurológicas à síndromes, todos com o mesmo foco profissional: desenvolvimento neurológico e comportamental dos pacientes.

Mineia Capistrano/Fotos: Frank Néry
Publicada em 12 de abril de 2019 às 16:38
Com apoio de fonoaudiólogos que atuam no Centro de Reabilitação de Rondônia pacientes estabelecem a comunicação com o “mundo”

A pequena Maria Isabelly completa três anos no próximo dia 28 de abril e possui no seu vocabulário entre 10 e, no máximo, 20 palavras. Se comparada com outra criança da mesma idade, deveria falar cerca de 200 palavras, ainda assim – falando em média 10% do que deveria para a faixa etária – esse número é considerado uma vitória para a mãe, Ana Késsia Monteiro Coelho, que atribui o feito, em partes, ao acompanhamento fonoaudiológico submetida pela pequena desde os primeiros meses de vida.

Ana Késsia sobre a Maria: “melhora na fala, além de conseguir nos entender”

Maria, como é conhecida no Centro de Reabilitação de Rondônia (Cero), nasceu com disfagia, um problema para deglutir os alimentos, além de disfunção no palato (céu da boca). As duas situações, além de impedirem a correta alimentação, comprometeram a fala da criança, que ainda hoje balbucia sons entre uma ou outra palavra para conseguir informar o que deseja. “Percebo evolução significativa na Maria, melhora na fala, além de conseguirmos nos entender”, detalha Ana Késsia.

A pequena Maria faz parte de uma média de oito atendimentos diários realizados pela fonoaudióloga Graciele Varnu, que atua no Cero, juntamente com outras quatro fonoaudiólogas. No total, cerca de 40 pacientes são acompanhados por dia no Centro e garantem o contentamento dos profissionais envolvidos em cada evolução.

Os problemas de saúde são variados, vão desde alterações neurológicas à síndromes, todos com o mesmo foco profissional: desenvolvimento neurológico e comportamental dos pacientes.

 

“Evitamos trabalhar somente a linguagem em si, mas a articulação e em alguns casos até linguagem alternativa”, explica Graciele.

 

A linguagem alternativa é uma forma de comunicação que as profissionais buscam desenvolver junto a alguns pacientes, de maneira independente, dependendo da reposta ao estímulo. Como exemplo, Graciele cita o caso de uma criança que não consegue falar, pois não articula as palavras, mas consegue compreender perfeitamente. Neste caso, está sendo trabalhada a comunicação alternativa, por meio de frases, letras e imagens. “Ele está sendo alfabetizado. Consegue formar frases e mesmo que não consiga falar, expressa o que deseja mostrando símbolos ou juntando letra a letra até formar a palavra que pretende comunicar”, ressalta.

Em média, 300 pacientes são atendidos por semana pelas fonoaudiólogas do Cero. Um trabalho “silencioso”, mas de importância absolutamente significativa na vida dos pequenos pacientes, à medida que passam, pouco a pouco a se comunicar com o mundo.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Graciele Varnu e um exemplo de comunicação alternativa

No mês que é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo – dia 2 de abril – não há como não citar a participação de crianças autistas nos consultórios das fonoaudiólogas que atendem no Cero, até porque grande parte do público atendido por essas profissionais é formada por crianças com transtorno do espectro autista, a estatística é de que 30% dos pacientes atendidos pela fonoaudiologia do Cero são autistas.

Para chegar até o Centro de Reabilitação, essas crianças primeiramente passaram por um neuropediatra. “É um diagnóstico cauteloso”, afiança Elizandra Araújo dos Santos, fonoaudióloga. “A princípio a criança passa por cerca de seis meses de intervenções e não somente o fonoaudiólogo. Há uma equipe interdisciplinar envolvida. Trabalhamos a comunicação social e a interação social”, destaca.

Elizandra chama a atenção para uma situação que pode ser a interrogação de muitos pais: “quem é autista, nasce autista, não se desenvolve autismo com o passar do tempo”, explica.

Ainda não há explicação para o desenvolvimento do TEA, mas pesquisadores aliam alguns casos à predisposição genética. As recentes publicações baseadas no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5 atribuem o autismo a três níveis: Grau leve (nível 1), grau moderado (nível 2), grau severo (nível 3). O DSM-5 é um manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais e é usado por psicólogos, médicos e terapeutas ocupacionais.

CONSCIENTIZAÇÃO

O dia 2 de abril foi instituído como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a data foi escolhida pela Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), em 2007, como forma de demonstrar o engajamento nas ações de conscientização ao autismo e para chamar a atenção da sociedade para o TEA.

Informações da ONU são de que cerca de 70 milhões de pessoas são acometidas pelo autismo em todo o mundo. O Transtorno de Espectro Autista (TEA) dificulta, principalmente a habilidade de comunicação e interação social. As campanhas de conscientização sobre o autismo têm como proposta a inclusão social dos autistas no sentido de oferecer oportunidades iguais como, acesso à saúde, educação e demais serviços públicos básicos.

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