Covid-19: vacina do Butantan atinge 100% de eficácia contra casos moderados e graves da doença
Anvisa já recebeu pedido do Butantan para uso emergencial do imunizante
Vacina contra Covid-19, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com farmacêutica chinesa Sinovac, atinge 100% de eficácia contra os casos moderados e graves da doença. Para casos leves, a taxa de eficácia ficou em 78%. A informação foi divulgada pelo instituto e pelo governo de São Paulo. Os resultados do estudo clínico no Brasil foram considerados satisfatórios e o Butantan já solicitou à Anvisa a autorização temporária de uso emergencial da Coronavac. Os testes do imunizante no Brasil contaram com a participação de 12,4 mil profissionais de saúde voluntários, em 16 centros de pesquisa.
Confira trecho do vídeo divulgado pelo Canal Butantan, no qual os pesquisadores celebram os resultados.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária informa que vai analisar os documentos da solicitação e, se necessário, pode pedir informações adicionais ao laboratório. O prazo é de 10 dias, sem contar o tempo que o processo pode ficar pendente de informações. A avaliação do uso emergencial da vacina é feita por uma equipe multidisciplinar, com especialistas em registro, monitoramento e inspeção.
Na quinta-feira (7), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, concedeu entrevista coletiva, na qual falou sobre os investimos do governo federal para aquisição de vacinas. “Nós estamos investindo nas duas maiores linhas de produção do Brasil, há meses, que são as linhas da Fiocruz e do Butantan. Estamos hoje na sequência da aquisição de doses com o Butantan, fechando contrato que vai a 100 milhões de doses – que é o máximo que ele consegue produzir”, afirmou. Além das doses do Butantan, o ministro da Saúde garantiu a compra de 254 milhões de doses produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com a inglesa AstraZeneca.
O ministro também falou sobre a Medida Provisória 1.062/21, que facilita a aquisição de vacinas e insumos contra a Covid-19. “Eu só podia fechar o contrato com a MP, que dá essa autorização. Então eu tenho que esperar ficar pronta e registrada, incluir no SUS, e depois pagar. São as leis do nosso País”. Segundo o ministro Eduardo Pazuello, menos de 24 horas após a publicação da MP, o governo federal assinou contrato para entrega das primeiras 46 milhões de doses do Butantan, até abril, e de mais 54 milhões de doses, no decorrer de 2021.
Ele ressalta que, a partir do contrato, todas as vacinas que estão no Instituto Butantan serão incorporadas ao Plano Nacional de Imunização (PNI) e serão distribuídas de forma equitativa e proporcional a todos os estados. “Nós distribuímos aos estados; os estados distribuem aos municípios, e os municípios executam em 38 mil salas de vacinação prontas”, detalha.
Em relação aos insumos, o governo federal divulgou a Resolução Gecex 144/2021, que reduz, temporariamente, a zero o Imposto de Importação de seringas e agulhas, para facilitar o combate à pandemia da Covid-19.
Eficácia da Coronavac
A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo, Ethel Maciel, explica a eficácia da Coronavac. “Isso significa que a cada 100 pessoas que tomarem a vacina, 78 não vão desenvolver nenhum sinal ou sintoma. E 22% vão desenvolver doenças mais leves, uma síndrome gripal, uma dor de cabeça ou coriza. Mas 100% vai ter a proteção contra o desenvolvimento de doença grave”, explica.
Segundo a especialista, assim que as doses começarem a serem aplicadas, todas as pessoas do grupo prioritário para vacinação devem comparecer para tomar o imunizante. Para conter a transmissão do vírus, é preciso que a cobertura vacinal alcance o maior número de pessoas possível.
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Municípios
A epidemiologista Ethel Maciel explica que o município pode adquirir vacinas de mais de um laboratório, mas recomenda que a administração pública siga o Plano Nacional de Imunização (PNI). “O melhor é que tudo seja coordenado pelo PNI, para que a gente tenha uma coordenação centralizada. As prefeituras devem organizar as campanhas em si, como elas vão ocorrer em cada cidade”. Ela também recomenda que as prefeituras orientem a população sobre possíveis sintomas adversos da vacina e onde elas devem comparecer, caso isso aconteça.
O município de Mococa, no estado de São Paulo, registra 178 casos de Covid-19, sendo 155 recuperados e 6 óbitos. Segundo a prefeitura, 5 leitos de UTI e 7 de enfermaria estão ocupados por pacientes com a doença. A coordenadora de Vigilância Epidemiológica do município, doutora Joanna Barretto Jones, explica que o plano de imunização de Mococa vai seguir as diretrizes do plano estadual.
“Nós temos 11 unidades com salas de vacina, no município. Todas elas ficarão abertas. Algumas terão o horário estendido até as 22 horas. Nós já temos o apoio da Escola de Enfermagem, para vacinar os profissionais do hospital. Depois, quando chegar os idosos, também temos esquema de vacinação em instituições de longa permanência. E vamos usar a experiência, com equipes volantes, que vão nas casas vacinar os acamados”. De acordo com a coordenadora, a prefeitura de Mococa não vai negociar as doses diretamente com o Instituto Butantan, e sim aguardar as vacinas encaminhadas pelo estado de São Paulo.
Em dezembro, a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) fechou um acordo com o Instituto Butantan para facilitar a compra da vacina. A medida deve beneficiar todas as capitais brasileiras e outros 386 municípios, com mais de 80 mil habitantes – o que representa 61% da população do País.
A prefeitura de Candeias, na Bahia, já encaminhou um ofício ao Butantan, com a intenção de adquirir 51.778 doses da Coronavac. Segundo a prefeitura, esse quantitativo deve atender, inicialmente, aos grupos prioritários definidos pelo risco de evolução para quadros graves. A cidade já possui um plano de imunização, que deve ser iniciado pela Clínica de Imunização Proteger.
Vacina da Fiocruz
Na sexta-feira (8), a Anvisa também recebeu o pedido da Fundação Oswaldo Cruz para uso emergencial da vacina desenvolvida pela empresa AstraZeneca. A solicitação da Fiocruz é para o uso de 2 milhões de doses do imunizante, que deve ser importado do laboratório Serum, na Índia – que é um dos fabricantes da AstraZeneca.
A Anvisa já iniciou a análise dos documentos e o prazo também é de 10 dias, assim como para o pedido do Butantan.
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