CPI ouvirá na quarta-feira religioso que negociou vacinas superfaturadas
A convocação atende pedido do vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
O reverendo Amilton é presidente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários
A CPI da Pandemia ouvirá na quarta-feira (14) o reverendo Amílton Gomes de Paula, a partir das 9h. O religioso recebeu em fevereiro autorização do Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, representando o governo brasileiro.
A convocação atende pedido do vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O senador lembra que o caso veio à tona no início de julho, quando o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou e-mails em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o reverendo a negociar a compra de vacinas AstraZeneca em nome do governo.
O reverendo, que é presidente de uma ONG, a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), deveria intermediar o imunizante com a empresa Davati Medical Supply.
Nos e-mails, Cruz afirmou ao reverendo que os processos de aquisição de vacinas pelo Ministério da Saúde eram direcionados pela Secretaria-Executiva da pasta.
De acordo com Randolfe, em 4 de março, o próprio reverendo Amilton postou fotos de uma reunião no ministério da qual participou. Cruz aparece em uma das fotos. Na postagem, Amilton confirmou a participação em "articulação para a consecução de uma grande quantidade de imunizantes".
Em outro e-mail, Cruz confirmou para o presidente da Davati nos EUA, Herman Cardenas, que o reverendo Amilton intermediaria as negociações.
Superfaturamento
Randolfe reforça que Lauricio Cruz, que é médico veterinário, foi nomeado para o Ministério da Saúde pelo ex-ministro Eduardo Pazuello. O valor das vacinas negociado nos e-mails era de US$ 17,50 a dose, três vezes mais do que o Ministério da Saúde pagou em janeiro a um laboratório indiano.
O valor também é muito maior do que o mencionado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se identificou como intermediário entre a Davati e o Ministério da Saúde, na mesma negociação dos 400 milhões de doses. Dominghetti disse à CPI que a vacina custaria US$ 3,50 a dose.
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