Crise em Rondônia: quem fiscaliza os fiscais enquanto o governador se esconde num bunker?
Nesse vácuo institucional, a responsabilidade recai sobre instâncias federais. O Ministério da Justiça, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal devem agir
Rondônia desgovernada: Marcos Rocha continua escondido num buraco de concreto em Israel, enquanto outras comitivas políticas brasileiras já deixaram o país nesta segunda-feira
PORTO VELHO (RO) – A crise política que se instalou no Governo do coronel Marcos Rocha (União Brasil) ultrapassou os limites do razoável e escancarou, com requintes de escândalo, uma engrenagem de poder onde o que menos importa parece ser o interesse público. Desde que seu ex-homem forte da Casa Civil, Júnior Gonçalves, resolveu romper o silêncio e trazer à tona os bastidores do governo estadual, Rondônia se vê diante de um possível caso de aparelhamento político da Polícia Civil, com denúncias que, se confirmadas, colocam o Estado sob suspeita de práticas típicas de regimes autoritários.
Júnior Gonçalves fez revelações inquietantes. Falou de um sistema de espionagem ilegal instalado dentro da estrutura do governo. Segundo ele, adversários políticos estariam sendo monitorados, dossiês estariam sendo preparados para uso em chantagens e ameaças seriam parte da rotina nos bastidores do Palácio Rio Madeira. E mais: jornalistas também estariam na mira. “Hoje sou eu o alvo, amanhã poderá ser um jornalista que se atreva a escrever algo que desagrade o grupo e seu projeto de poder”, disse, apontando diretamente para o atual chefe da Casa Civil, Elias Rezende, e o próprio governador Marcos Rocha.
As denúncias não são isoladas. O ex-presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Marcelo Cruz, reforçou as acusações, dizendo estar sendo ameaçado por um delegado de polícia vinculado à Casa Civil. Já Júnior Gonçalves afirmou que ao menos sete delegados recusaram cargos de chefia após serem abordados com a exigência de adesão ao suposto esquema. Pior: integrantes da própria Polícia Civil estariam tentando controlar os setores onde funcionariam equipamentos de escuta e monitoramento.
O quadro é gravíssimo. Em qualquer democracia minimamente funcional, essa avalanche de denúncias já teria provocado uma ação imediata do Ministério Público estadual. No entanto, o que se vê em Rondônia é um silêncio incômodo. Coincidência ou não, a forma de escolha do procurador-geral no Estado guarda semelhança com a gestão bolsonarista da PGR, sob o “inoperante de estimação” Augusto Aras. Resultado: nenhuma investigação, nenhuma ação, nenhuma palavra.
Nesse vácuo institucional, a responsabilidade recai sobre instâncias federais. O Ministério da Justiça, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal devem agir. Se há indícios do uso ilegal da Polícia Civil – instituição estadual de segurança pública – para fins políticos, é dever da União intervir, apurar e, se for o caso, responsabilizar os envolvidos. Afinal, não se pode esperar que a própria polícia se investigue. E muito menos, que aqueles eventualmente comprometidos coloquem os próprios cargos e esquemas em risco.
Para adicionar pitadas de surrealismo à crise, o governador Marcos Rocha encontra-se refugiado num bunker em Israel, onde foi surpreendido pelo fechamento do espaço aéreo após o ataque do Irã ao Estado judeu. A missão oficial — que custou, até sábado (14), cerca de R$ 430 mil aos cofres públicos — levou consigo uma comitiva de cinco pessoas, entre elas a chefe de gabinete e a chefe de agenda do governador. A justificativa da viagem ainda não convenceu nem os mais fiéis apoiadores. Nas redes, a indignação se mistura à piada, e o governo rondoniense virou meme em nível nacional.
Dentro do Estado, o vice-governador Sérgio Gonçalves, que responde interinamente pelo Executivo, não poupou palavras. Pediu publicamente a demissão de Elias Rezende e confirmou as denúncias de arapongagem. É uma rachadura exposta no mais alto nível da gestão estadual, sinal de que o Palácio está à deriva — sem comando, sem controle e, ao que tudo indica, sem limites.
Enquanto isso, a população de Rondônia assiste ao desmoronar de um governo que prometia ser técnico, austero e comprometido. O Hospital João Paulo II continua superlotado, as promessas de campanha se perdem entre as paredes de concreto armado do bunker israelense e o Estado parece entregue à sua própria sorte.
Diante de tudo isso, fica a pergunta inevitável: quem fiscaliza os fiscais quando os próprios fiscais estão no centro das denúncias?
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