Delegado da PF cobrava até R$ 1,5 milhão para não expor investigados

MPF e PF desarticulam organização criminosa que atuava dentro da Superintendência da Polícia Federal do Rio

Assessoria de Comunicação Social - PR
Publicada em 11 de junho de 2019 às 15:22
Delegado da PF cobrava até R$ 1,5 milhão para não expor investigados

Operação Tergiversação mira delegado e escrivão que montaram esquema de cobrança de propina de investigados em inquéritos policiais

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) deflagraram, na manhã desta terça-feira (10), a Operação Tergiversação. O objetivo é desarticular uma organização criminosa em atuação na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro. O grupo obtinha vantagens indevidas por parte de delegado de Polícia Federal, escrivão de Polícia Federal e demais agentes criminosos a estes relacionados, em razão da função exercida pelos primeiros na condução de inquéritos policiais em curso na Polícia Federal. Foram expedidos seis mandados de prisão preventiva, três mandados de prisão temporária e 25 mandados de busca e apreensão, por determinação da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

As investigações desenvolvidas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal revelaram esquema de cobrança de propina dos investigados e potenciais investigados nos inquéritos policiais relacionados às Operações Titanium (fraudes envolvendo o Plano de Saúde dos Correios) e Viupostalis/Recomeço (fraudes envolvendo o Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios), que eram conduzidas pelo delegado de Polícia Federal Lorenzo Pompílio da Hora, com o apoio do escrivão Éverton da Costa Ribeiro, lotados à época no Núcleo de Repressão a Crimes Postais da Delepat/RJ.

As apurações apontaram que Lorenzo Pompílio da Hora e Éverton da Costa Ribeiro solicitaram e receberam vultuosos valores oriundos de vantagens indevidas para evitar a exposição na mídia de investigados e potenciais investigados e favorecê-los nas apurações conduzidas por eles quanto às irregularidades no Postalis e no Plano de Saúde dos Correios. Os agentes públicos contavam com a atuação dos operadores Marcelo Guimarães e Rosalino Felizardo de Santanta Neto – os principais intermediários da organização criminosa, que usavam seus contatos para se aproximar de potenciais investigados e solicitar desses o pagamento de vantagens indevidas, além de viabilizar o recebimento de valores de propina e as operações de lavagem de dinheiro.

Os pagamentos, que variaram, segundo o apurado até o momento, de R$ 400 mil a R$ 1,5 milhão, eram feitos na maior parte das vezes em dinheiro, mas em alguns casos foram repassados por meio de transferências a empresas ligadas aos operadores Marcelo e Rosalino.

Foi identificada ainda a participação do empresário e operador João Alberto Magalhães Cordeiro Júnior e de Sancler Miranda Costa no grupo criminoso, que contou ainda com a atuação de Pedro Henrique Moreira Fernandes e de Luís Henrique do Nascimento Almeida, que movimentaram recursos em espécie em favor do grupo e atuaram como “laranjas” de alguns investigados.

Os elementos obtidos com as quebras de sigilo bancário, fiscal, telemático e telefônico dos investigados, somados aos elementos apresentados em razão de acordo de colaboração premiada celebrado com alguns dos empresários abordados pelo grupo criminoso, comprovaram a efetiva prática dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Há indícios de que o esquema criminoso envolveu outros agentes públicos e que não se limitou às investigações apontadas.

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