Deputado Adelino Follador preside audiência pública para discutir maus tratos a animais

O parlamentar disse que apresentará um projeto de lei e destinará recursos para a causa animal

Nilton Salina-ALE/RO Foto: Thyago Lorentz - ALE/RO
Publicada em 19 de novembro de 2021 às 13:43
Deputado Adelino Follador preside audiência pública para discutir maus tratos a animais

O deputado Adelino Follador (Democratas) disse que a audiência pública para discutir a causa animal e maus tratos alcançou excelentes resultados, pois foram apontadas soluções para o problema. O parlamentar propôs e presidiu a audiência, iniciada às 9h30 desta quinta-feira (18), no plenário da Assembleia Legislativa. A programação se estendeu pela tarde.

Ao final, o deputado Adelino Follador disse que apresentará também um projeto de lei para que campanhas sejam desenvolvidas nas escolas estaduais. Ele explicou que destinará recursos para atender órgãos responsáveis pelas atividades.

O parlamentar explicou que foi estimulado a realizar esse trabalho devido às ações da vereadora de Ji-Paraná, Doutora Rosana Veterinária (Democratas), que comprou veículo conhecido como castramóvel. “Me senti estimulado a apresentar um projeto de lei para regulamentar a castração”, destacou.

A vereadora Doutora Rosana disse que sempre foi protetora, e após se formar médica veterinária iniciou o trabalho de castração de animais. “Tive relutância em ingressar na política, mas existem os agentes da política e as vítimas da política. Mas acabei aceitando ser candidata a vereadora, desde que eu não fizesse campanha. Fui a segunda mais votada em Ji-Paraná, com dois socorristas fazendo a campanha”, citou.

Ela esclareceu que destina todo o salário como vereador para a causa animal. Assim, comprou um castramóvel e o mantém com o que recebe na Câmara Municipal. “Não precisamos repudiar os políticos. Vamos pegar os bons, para que se unam a nós”, acrescentou.

O médico veterinário Lucas Follador, que colaborou com o andamento da audiência pública, disse que os voluntários estão exercendo um trabalho que deveria ser do serviço público, mas que as ações continuariam sendo desenvolvidas. “Mas com o apoio do poder público”, destacou.

Por via remota o veterinário Bruno Lima disse que somente com castração haverá resultado a médio e longo prazo. Lucas Follador explicou que a lei da castração química está sendo regulamentada, para que as prefeituras também possam participar desse trabalho.

O vereador de Votuporanga (SP) Chandelly Protetor (Podemos) disse que a castração é necessária, pois muitas vezes animais podem colocar em risco a vida de pessoas. “Ações resultantes do abandono e também dos maus tratos nunca foram de responsabilidade de protetores ou de ONGs. A atividade do protetor existe devido ao descaso do poder público”, citou.

Ele explicou, ainda, que as pessoas que maltratam animais são um perigo para a sociedade, porque também podem causar mal a outras pessoas. “Precisamos combater isso com políticas de proteção animal. É uma questão de saúde pública. Se possível é preciso incluir na rede curricular o ensinamento para cessar a cultura do abandono”, detalhou.

O presidente da Federação Rondoniense de Apoio ao Animal (Fera), Francisco Íris, explicou que em alguns municípios já foi realizada audiência pública para discutir maus tratos a animais. “Cacoal está despontando em Rondônia pelo trabalho desenvolvido. No geral, os protetores estão abandonados pelo serviço público. Aqui, podemos criar uma nova realidade”,

A presidente da Confederação Brasileira de Proteção Animal, Carolina Mourão, disse que Lucas Follador tem sido a ponta da lança dos protetores, porque consegue dialogar com o executivo e com o legislativo. “As coisas estão acontecendo. A base não está mais sozinha e Rondônia está se destacando em nível nacional”, considerou.

O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Rondônia, Licério Corrêa Soares Guimarães, explicou que o órgão que preside fiscaliza o exercício profissional e deve servir de consulta às autoridades. “Estamos à disposição para contribuir, mas vamos fazer cumprir o que nós aprendemos. Peço que o processo de castração passe pelos nossos conselheiros. Sobre alguma coisa que foi falada, existem procedimentos abertos, mas para apuração. Não há nenhum processo aberto. Precisamos zelar pela aplicação do procedimento cirúrgico”, explicou.

Adelino Follador disse que testemunhou em Ariquemes uma campanha com o castramóvel feita pela vereadora Doutora Rosana. “Ela parou tudo quando foi levado um animal que precisava de uma cirurgia, ficou duas horas operando e depois o levou para Ji-Paraná. Lutamos pelo bom senso”, esclareceu.

O prefeito de Cacoal, Adailton Fúria (Democratas) disse que abrigos como o “Vira Lata, Vira Amor” têm crescido devido às ações desenvolvidas. “Para se ter uma ideia das dificuldades, o abrigo chegou a ser expulso de um prédio público, no passado. Estamos mudando esse paradigma. Parabéns à sociedade de Cacoal que contribui para manter esse abrigo”, acrescentou.

Fúria explicou que o exemplo de Votuporanga deve ser seguido. O prefeito disse concordar com a afirmação de que os protetores existem devido à falta de ação do poder público. “O deputado federal Coronel Crisóstomo colocou um recurso para Cacoal e vamos utilizar esse dinheiro para a construção da clínica veterinária municipal”, revelou.

O presidente da Agência Idaron, Júlio César Rocha, disse que a causa de amor pelos animais vem desde a denominação “veterinário”, datada da Roma antiga, onde os cavalos com mais idade eram colocados em uma área para veteranos e os cuidadores eram chamados de “veteriáriuns”. Ele disse que os médicos veterinários são amantes da causa animal, mas tratar exige um custo.

A presidente da Comissão de Proteção Animal e representante da OAB, Natalia Pina, afirmou que os compromissos formais da audiência pública devem ser colocados no papel. “Quando realizamos a audiência em Cacoal, nosso sonho era chegar ao atendimento a animais vítimas de maus tratos, pois não tínhamos um protocolo definido. Após a audiência tivemos um compromisso do Centro de Controle de Zoonoses e da Polícia Militar em acompanhar as denúncias”, exemplificou.

O diretor do Departamento de Polícia Especializada, delegado Paulo Kakiones, representando a Polícia Civil, contou que tem animais de estimação e se sente sensibilizado quando vê maus tratos. “Tem maldades que não imaginamos que chegue a tal limite. Quem trabalha com esse tipo de crime vê situações extremas, como gente que corta as patas de animais”, contou.

A delegada do Meio Ambiente da Polícia Civil, Janaina Xander, afirmou que somente com a atuação de todos será possível desenvolver um trabalho efetivo. “A maior quantidade de denúncias que recebemos pelo 197 é de maus tratos a animais. Agora temos uma pena diferente para quem pratica maus tratos, de dois a cinco anos. Recebemos também denúncias contra protetores. Como delegada não posso deixar de ir. Verificamos que vocês precisam de apoio, vi a quantidade de animais que vocês têm e que o trabalho é feito como amor”, citou.

O comandante do Batalhão Ambiental, tenente coronel Glauber Souto, representando a Polícia Militar, destacou o trabalho desenvolvido em Cacoal, explicando que isso facilita o trabalho da PM. “Desenvolvemos ação direta, pois temos competência de polícia administrativa para lavrar autos de infração. Em dois anos foram 460 registros, sendo instaurados inquéritos”, especificou.

O defensor público Sérgio Muniz Neves disse que a Defensoria Pública está à disposição da causa, pois é um problema sério que envolve a saúde pública. “Somos seres que estamos habitando o planeta, e não adianta excluir o animal. Vamos ouvir os reclamos da sociedade civil organizada e ajudar nessa causa tão relevante”, afirmou.

O diretor da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa), coronel BM Gilvander Gregório, explicou que em Rondônia há sete unidades de vigilância de zoonoses, pois não existe mais canil. “Precisamos de políticas para ontem, que atendam os interessados. Parabenizo os que desenvolvem esse trabalho, estamos dispostos a colaborar com aqueles que estão em uma causa tão nobre”, acrescentou.

A vereadora de Porto Velho Marcia Socorrista (Progressista) disse ter visto contos de fadas, mas citou que a realidade é dura. Ela agradeceu o apoio do prefeito Hildon Chaves (PSDB) e destacou que muita coisa não pode ser feita devido à legislação. “Existe um caos em Porto Velho. Esperamos que o poder público se posicione. Muitos veterinários nos chamam de loucos, mas temos sentimentos, assim como os animais. Temos colisões no trânsito e doenças devido a cachorros nas ruas”, explicou.

O vereador vilhenense Dhonatan Pagani (PSDB), representando a associação Amor de Quatro Patas, explicou que em Vilhena foi criado o Fundo de Proteção ao Animal, e também serão aplicadas multas administrativas para aqueles que forem notificados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

O vereador de Cacoal Antonio Damião Martins (Podemos) explicou que fez uma indicação para que fosse comprado um castramóvel para a cidade. “Não podemos perder esse recurso. Estamos à disposição dessa equipe bem organizada”,

O presidente da Câmara de Vereadores de Cacoal, João Paulo (Republicanos), disse que a Associação Vira Lata, Vira Amor merece ser conhecida por todos, devido ao trabalho desenvolvido ser considerado de referência. “Quem tem o prazer de conhecer se apaixona”, considerou.

A presidente da Associação Protetora de Animais Desamparados Amigos de Patas, Clotilde Brito, primeira socorrista de Porto Velho, agradeceu ao deputado Adelino Follador pela iniciativa de promover a audiência pública. “Espero que após essa reunião possamos ter um resultado, para ajudar as organizações. Para levar animal quebrado ao veterinário é preciso separar R$ 400, caso contrário não é atendido. Mas agradeço ao prefeito, que tem colaborado, principalmente com ração”, acrescentou.

A presidente da Associação Vira Lata, Vira Amor, Joice Aline Alves Barbosa, afirmou que em Cacoal há muitas denúncias de maus tratos. Ela pediu apoio para a instalação de uma patrulha canina, que atuaria nessa questão. “Temos casos de animais indefesos, sem malícia, nas ruas, que podem ser atropelados. Muitas vezes recolhemos animais que não sobrevivem”, contou.

A protetora Giliane Montenegro disse que muitas vezes não há espaço nos abrigos para colocar os animais resgatados, mas o trabalho é desenvolvido com amor. “Precisamos do poder público. Porto Velho tem muito a aprender com Cacoal. Na capital temos o apoio da vereadora Márcia, mas ela está praticamente sozinha”, citou.

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