Dia Mundial de Combate à Tuberculose: Preconceito não pode ser obstáculo para buscar tratamento
Paciente em acompanhamento na rede municipal de saúde fala da importância do diagnóstico precoce no combate à doença
O diagnóstico da Thatiana de Oliveira foi de Tuberculose Extrapulmonar
A tuberculose é uma doença cercada por preconceitos, tabus e informações distorcidas. No dia mundial de combate à doença, lembrado em 24 de março, Thatiana de Oliveira fez questão de usar sua imagem para conscientizar a população que a tuberculose pode contaminar qualquer pessoa.
Nutricionista, 28 anos, adepta de uma boa alimentação e fisicamente ativa, Thatiana começou a perceber sintomas estranhos como tosse contínua e cansaço excessivo. “Um dia fui subir um degrau e não consegui, consequência daquele cansaço que tomava conta de mim”.
Thatiana procurou um serviço médico particular, mas não houve investigação para tuberculose. Foi medicada, mas os sintomas pioraram, com a tosse ainda mais intensa. A nutricionista procurou outro médico particular que solicitou exame de imagem. “Nesse exame ficou constatado um derrame pleural tuberculoso e eu fui encaminhada à UTI imediatamente, onde passei cinco dias”, relembra.
O diagnóstico da Thatiana de Oliveira foi de Tuberculose Extrapulmonar, forma pleural da doença. A jovem foi encaminhada, então, para iniciar o tratamento na rede municipal de saúde. A coordenadora municipal de vigilância e controle da tuberculose, Nilda de Oliveira Barros, explica que o tratamento de tuberculose é realizado exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em Porto Velho, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), disponibiliza o tratamento em todas as unidades básicas de saúde. “Toda pessoa que apresenta sinais e sintomas suspeitos de tuberculose deve procurar a unidade de saúde mais próxima de sua residência, para avaliação, diagnóstico, tratamento precoce e seguimento do caso”, aponta a coordenadora.
Sintomas
O tratamento de tuberculose é realizado exclusivamente pelo SUS
Tosse com ou sem catarro por mais de três semanas seguidas, falta de apetite, perda de peso, cansaço excessivo, dor no peito, febre no fim do dia, suor noturno, rouquidão, escarro com sangue são alguns sintomas da tuberculose.
Nilda Barros explica que “a pessoa que sentir alguns desses sinais, deve imediatamente procurar a unidade de saúde mais próxima de sua casa e solicitar a realização do exame de escarro. Em caso positivo, o tratamento pode ser iniciado na própria unidade”.
Transmissão
A tuberculose é transmitida de pessoa para pessoa. Ao falar, espirrar ou tossir, o doente lança as bactérias nas pequenas gotas de saliva. Elas podem ser aspiradas por outra pessoa, que pode ser contaminada.
Alguns fatores contribuem para a manifestação da doença: diminuição da resistência do organismo e o estabelecimento da doença tais como a má alimentação, AIDS, falta de higiene, más condições sanitárias, tabagismo e alcoolismo e alta densidade populacional. Cada paciente com tuberculose pulmonar que não se trata, pode infectar em média 10 a 15 pessoas por ano.
Prevenção
A melhor forma de prevenir a transmissão da doença é fazer o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento adequado o mais rápido possível. Com 15 dias após iniciar o tratamento a pessoa já vai diminuindo a transmissão da doença.
Vacinação é outra importante forma de prevenir doenças, inclusive a tuberculose. A vacina BCG é obrigatória para menores de um ano, pois protege as crianças contra as formas mais graves. É de grande importância manter o ambiente bem arejado e em boas condições de higiene.
Abandono do Tratamento
Um grande gargalo para a coordenação municipal de vigilância e controle da tuberculose são os altos índices de abandono do tratamento. O Ministério da Saúde preconiza uma taxa de cura de 85% e abandono de no máximo 5%. Em Porto Velho, a cura dos casos novos de tuberculose da forma pulmonar positiva foi de 67,3% e o abandono foi 30,2%, dados de 2021.
Segundo a coordenadora, isso ocorre devido à melhora dos sintomas durante as primeiras semanas da medicação. “O paciente começa a se sentir melhor assim que inicia o uso dos medicamentos. É neste momento que infelizmente costuma ocorrer o abandono. Isso é grave, pois a doença pode se tornar resistente ao esquema, sem contar que a tuberculose é uma doença grave que pode levar a óbito”.
A coordenadora lembra que a duração do tratamento contra a tuberculose é de no mínimo seis meses.
Contra o Preconceito
Nilda Barros aponta que o preconceito contra os portadores da doença é um fator que atrapalha o diagnóstico precoce, prevenção e até o tratamento da tuberculose. A pessoa diagnosticada convive com um misto de medo e vergonha em relação à doença.
“É importante frisar que a tuberculose tem cura, mas é necessário usar a medicação adequada, pelo tempo adequado, e que todo o tratamento é distribuído e acompanhado gratuitamente pelo SUS”, diz.
O tratamento de Thatiana de Oliveira segue sendo feito com previsão de finalizar em junho. Até lá, ela continua tomando rigorosamente os medicamentos, inclusive fez uma pausa na entrevista para tomar o comprimido. Sobre o preconceito, ela diz que faz questão de mostrar o rosto e ajudar nas conscientização sobre esse mal.
“A melhor forma de combater a doença é falando sobre ela. Sou profissional da saúde e faço questão de contar minha história, ajudar a informar outras pessoas e combater o preconceito que a sociedade criou em torno da doença”.
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