Direito das mulheres com deficiência é enfatizado em apresentação

A pesquisadora representa o Instituto Baresi, que reúne associações de pessoas com doenças raras e deficiência, e é ela mesma portadora de uma doença conhecida popularmente como “ossos de vidro”.

STF
Publicada em 03 de agosto de 2018 às 16:19
Direito das mulheres com deficiência é enfatizado em apresentação

A antropóloga Adriana Abreu Magalhães Dias abordou o tema da interrupção voluntária da gravidez, na audiência pública relativa ao tema, sob a ótica das pessoas e das mulheres com deficiência. Sua apresentação questionou principalmente o argumento usado pelos defensores do argumento “pró-vida”, segundo o qual a descriminalização do aborto levaria à interrupção da gravidez de fetos considerados imperfeitos, logo seria uma política “eugenista”. A pesquisadora representa o Instituto Baresi, que reúne associações de pessoas com doenças raras e deficiência, e é ela mesma portadora de uma doença conhecida popularmente como “ossos de vidro”.

“Políticas eugênicas nazistas jamais convidaram autoridades e sociedade civil a se pronunciar. O que vivemos não é política eugênica, é o Estado Democrático de Direito movendo suas instituições”, afirmou, ressaltando que tem sua tese de doutorado sobre nazismo, neonazismo e eugenia. Ao contrário do que argumentam, diz, a criminalização da interrupção da gravidez traz prejuízos às mulheres com deficiência, que muitas vezes são deixadas de lado pela sociedade e pela comunidade médica quando o tema é gravidez e sexualidade. “Nós mulheres com deficiência também fazemos aborto, também fazemos políticas de planejamento familiar, queremos decidir quando, como e se teremos filhos”, diz.

A melhor maneira de proteger as pessoas com deficiência, segundo sua apresentação, é dar suporte a essas pessoas e às famílias cuidadoras, pois assim seria possível garantir que as mulheres grávidas não tomem decisões com base no medo de serem abandonadas. Segundo dado de sua apresentação, 78% das mães de crianças com doenças graves foram abandonadas pelos maridos nos primeiros 5 anos da criança. “Em países com políticas mais adequadas, as mulheres sequer realizam teste pré-natal, porque não consideram a informação relevante para a decisão”, afirma.

 

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