Do mito da caverna ao mito da edícula, para onde caminha a humana idade?

Será priorizada a participação de cidadãos maiores de 50 anos, mas será aberto a todo e qualquer cidadão interessado

Edson Lustosa
Publicada em 10 de agosto de 2021 às 11:55
Do mito da caverna ao mito da edícula, para onde caminha a humana idade?

Dia desses, em face de um artigo em uma revista jurídica eletrônica, postei o comentário que aqui transcrevo:

Pois bem: "Cidade sustentável é um conceito que prevê diretrizes para melhorar a gestão de uma zona urbana e prepará-la para as gerações futuras".

Tenho cá minhas dúvidas quanto ao discurso da transgeracionalidade, pois entendo que o princípio da dignidade humana nos inclina, em verdade, à intergeracionalidade. Não vejo como excluir as gerações presentes da essencialidade da sustentabilidade. Que sejam benvindas as novas gerações, vamos preparar um mundo melhor para elas, mas não apenas para elas: também para nós, daqui a vinte, trinta, quarenta anos.

O diálogo intergeracional é fundamental. E só há efetivamente diálogo quando há respeito mútuo. Quando o vovô e a vovó são convidados a se recolherem na edícula e dali apenas contemplarem a casa reformada e o mundo lá fora, estamos sucumbindo a uma dinâmica econômica voltada para a formação de novos contingentes de produção e consumo sob a égide de preocupação com a infância e a juventude, o que desvaloriza os que, pela maturidade alcançada por suas consciências já não sucumbem aos apelos consumistas e, pela força de trabalho já emprestada ao contínuo processo de produção, conquistaram o direito a um ritmo existencial adequado a melhor fruir do que foi edificado com o concurso de seus esforços.

Se o desenvolvimentismo econômico aponta obstinadamente para a formação de novas gerações aptas a produzir melhor e consumir mais, o desenvolvimento real e integral, que só se realiza em dimensão comunal, nos cobra olhar para a importância da intergeracionalidade da estrutura familiar.

É esse nosso modesto convite à reflexão sobre termos que encerram conceitos e podem vir, por descuido, a favorecer preconceitos.

Independente do conteúdo do artigo que comentei, o que quero trazer à luz para apreciação pelos leitores é o que digo nesse comentário, é o alerta que quero fazer para reagirmos, enquanto é tempo, em defesa de um segmento populacional ameaçado de sobrevivência: nós todos.

Sim, isso mesmo: nós todos. Nós todos que, por critérios censitários, nos classificamos em crianças, pré-adolescentes, adolescentes, adultos jovens, adultos maduros e idosos; mas que, na verdade, somos apenas dois tipos de pessoas: idosos e futuros idosos.

A organização que dirijo, o Centro de Estudos e Pesquisas de Direito e Justiça, entidade que traz em seu currículo haver realizado em 2004 o Fórum Cidade Legal, primeiro evento na história de Porto Velho a focar os aspectos jurídicos do viver urbano, realizará no dia 28 de agosto a conferência livre PVH50+.Tal evento tem por objetivo contribuir na construção socioparticipativa de propostas para os Objetivos do Desenvolvimento Urbano Sustentável (ODUS).

O evento está dentre as 15 propostas selecionadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional para serem oficializadas e terem seus trabalhos integrados aos das conferências realizadas por iniciativa governamental, com foco na Política Nacional de Desenvolvimento Urbano Sustentável. E se realizará em formato híbrido, com dez vagas presenciais e 150 para participação on line, tendo como tema o desenvolvimento urbano sustentável que nos favoreça o envelhecimento saudável.

A coordenação científica está a cargo do professor Marcus Vinícius Rivoiro, doutor em direito da cidade e docente do Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Rondônia, e a coordenação executiva estará a meu cargo. Será priorizada a participação de cidadãos maiores de 50 anos, mas será aberto a todo e qualquer cidadão interessado.

Será buscada a integração multidisciplinar com profissionais que atuam com foco nesse público, promovendo a abordagem e o debate de questões como habitação para idosos, acessibilidade, espaços públicos de lazer inclusivos, valorização do idoso nos processos participativos de gestão da cidade, dentre outros que apontem no sentido de compatibilizar o desenvolvimento urbano com a promoção da qualidade de vida da população idosa.

É gratuito? É. Tem certificado? Tem. É importante? Bem, se há dúvida, é bom tirar a dúvida com seus pais ou avós.

Informações: [email protected] ou 69-981427152.

Inscrições: https://www.sympla.com.br/conferencia-pvh50-desenvolvimento-urbano-em-porto-velho-e-envelhecimento-saudavel-de-seus-moradores__1307013

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