Educação Indígena de Rondônia concorre a prêmio nacional com projeto sobre plantas medicinais, em Cacoal

Depois da professora Elisangêla Dall’Armelinda Suruí conquistar o prêmio Educador Nota 10, agora é a vez do professor Alexandre Suruí representar Rondônia no prêmio nacional Respostas para o Amanhã.

Texto: Giliane Perin Fotos: Escola Indígena
Publicada em 27 de novembro de 2017 às 15:32
Educação Indígena de Rondônia concorre a prêmio nacional com projeto sobre plantas medicinais, em Cacoal

Em Cacoal, o professor Alexandre Surui e alunos da Escola Sertanista José do Carmo Santana, desenvolveram projeto  sobre as Plantas Medicinais do Povo Paiter

Depois da professora Elisangêla Dall’Armelinda Suruí conquistar o prêmio Educador Nota 10, agora é a vez do professor Alexandre Suruí representar Rondônia no prêmio nacional Respostas para o Amanhã. A educação indígena tem se fortalecido e um exemplo disso são os diversos projetos desenvolvidos nas escolas que têm conquistado lugar de destaque em diversas premiações e concursos na área da educação, principalmente a nível nacional.

Iniciativa da Samsung, com coordenação geral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), o prêmio Respostas para o Amanhã está na sua 4ª edição, incentivando a realização de projetos que acessem conhecimentos científicos, formulem e proponham soluções simples para melhorar o lugar onde os alunos vivem, contribuindo, assim, para uma sociedade mais sustentável.

Neste sentido, o projeto Plantas Medicinais do Povo Paiter: Resgatando os Conhecimentos Tradicionais, desenvolvido pelo professor Alexandre Surui, junto aos alunos do 2º ano do Ensino Médio, da Escola Indígena Estadual Sertanista José do Carmo Santana, da aldeia Gapgir na linha 14, em Cacoal, é o representante rondoniense nas próximas etapas do prêmio de abrangência nacional.

Por veio de um vídeo produzido exclusivamente para a apresentação do projeto desenvolvido em sala de aula, todos os concorrentes passarão por votação aberta ao público. A partir desta segunda-feira (27) até o dia 3 de dezembro, os trabalhos estarão disponíveis no portal www.respostasparaoamanha.com.br. O público em geral poderá acessar o Portal do Concurso, visualizar os vídeos dos projetos e votar naqueles que mais gostou, sem qualquer limite de vídeos ou votos.

Na última etapa do concurso, uma banca julgadora selecionará os cinco melhores projetos, entre todos os 25 selecionados na primeira etapa, independente dos vídeos que forem mais votados na etapa anterior. Tanto os cinco projetos selecionados pelo público na segunda etapa, como os projetos selecionados pela banca julgadora na terceira etapa serão divulgados no portal da premiação, a partir do dia cinco de dezembro.

“Rondônia tem mais uma vez um representante em um evento nacional voltado à educação e agora é a nossa vez de mostrar o nosso apoio aos projetos desenvolvidos em nosso estado. Por isso estamos pedindo que cada um tire um minutinho do seu tempo para votar no projeto do professor Alexandre Surui. Esta é uma forma de valorizar não só a educação rondoniense mas a cultura e os conhecimentos do povo Paiter Suruí”, destacou a coordenadora regional de Educação de Cacoal, Marlene Ceconi.

Próximo à aldeia, foi feito um levantamento de todas as plantas medicinais utilizadas pelos Paiter

“Plantas Medicinais do Povo Paiter: Resgatando os Conhecimentos Tradicionais”

Em 2017, o professor Alexandre Surui, junto aos alunos do 2º ano do Ensino Médio, da Escola Indígena Estadual do Ensino Fundamental e Médio Sertanista José do Carmo Santana, desenvolveu o projeto Plantas Medicinais do Povo Paiter: Resgatando os Conhecimentos Tradicionais. De acordo com o professor, o projeto foi realizado com o intuito de resgatar e revitalizar os conhecimentos tradicionais que o povo Paiter possui em relação às plantas medicinais.

“O primeiro passo foi fazer um levantamento junto aos mais velhos indígenas e sabedores a respeito das nossas plantas medicinais, pois isso faz parte dos etnoconhecimentos do nosso povo.

Os alunos realizaram pesquisas junto aos sabedores da sua família a respeito das plantas medicinais utilizadas antigamente e as que ainda são utilizadas por suas famílias. “Nesse momento percebemos que são pouquíssimas plantas que ainda utilizamos no tratamento das doenças. Nós indígenas temos utilizado mais o medicamento da farmácia”, explicou Alexandre Surui.

O professor explica, ainda, que na sequência do projeto desenvolvido em sala, um sabedor foi convidado para participar de uma aula, explicando aos alunos como os Paiter Surui curavam as doenças antes do contato com a sociedade não indígena. Conforme informou Alexandre, o contato é recente, são apenas 48 anos desde que os Paiter e os não indígenas estabeleceram o primeiro contato.

“Em seguida, convidamos um sabedor para nos acompanhar até a floresta, para que pudéssemos pesquisar quais as plantas existem no entorno da nossa aldeia e qual a finalidade de cada uma. Foi assim que realizamos um levantamento das plantas que temos na floresta, onde os alunos realizaram atividades de desenho e nomeação das plantas na língua Paiter Surui”, destacou o professor.

Os resultados do trabalho foram apresentados à comunidade da Aldeia Gapgir

Nesta busca de plantas medicinais usadas pelos indígenas, Alexandre Surui ressalta que muitas doenças foram adquiridas pelos Paiter após o contato com os não indígenas e que por isso, não há conhecimento indígena sobre plantas para o tratamento dessas doenças, como tuberculose, diabetes, colesterol, sarampo, catapora, conjuntivite, dengue, malária, entre outras.

Após toda a pesquisa, professor e alunos apresentaram para a comunidade indígena os resultados alcançados, explicando ainda a importância de não deixar os conhecimentos tradicionais de lado. “Durante todo o trabalho, alertamos também que em alguns casos se faz necessário a consulta com médico e o uso do remédio da farmácia”, destacou Alexandre Surui.

Sobre a participação na premiação nacional, o professor destaca a importância de valorizar o conhecimento. “Todo o trabalho foi desenvolvido com os alunos e apoio da comunidade. É um projeto importante para o nosso povo que traz resultados muito positivos e a partir disso, a gente percebeu que tínhamos a oportunidade de inscrevê-lo neste prêmio e valorizar ainda mais o nosso conhecimento”.

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