Eleições, incêndios e versões

Advogado Francisco Gomes Junior faz análise do atual momento no Brasil e no mundo

Fonte: Francisco Gomes Junior/Foto: Divulgação - Publicada em 27 de agosto de 2024 às 20:16

Eleições, incêndios e versões

Há praticamente um mês aconteceram as eleições venezuelanas e Nicolas Maduro foi declarado pelo órgão eleitoral, presidente reeleito do país. A reeleição, confirmada também pela Corte Suprema da Venezuela, foi uma fraude, mas, de acordo com Francisco Gomes Junior, advogado e presidente da ADDP (Associação de Defesa dos Dados Pessoais e Consumidor), isso pouco importa. “Atas com QR Code únicos e hashes foram analisadas por vários órgãos internacionais em vão, Maduro foi declarado o vencedor e como possui o apoio incondicional das Forças Armadas venezuelanas, permanecerá no poder por mais 5 anos”.

Segundo o especialista, internamente, a questão caminha para uma resolução, com as instituições validando a fraude e uma forte repressão inibindo o povo e opositores de se manifestarem, sob a alegação de que há uma conspiração liderada pelo governo norte-americano, com apoio de europeus contra o regime chavista. “O inimigo externo foi criado e é alimentado todo dia com novas versões e fatos enganosos”, pontua o advogado.

Se internamente o caminho aponta para a vitória de quem detém o controle das forças armadas, para alguns países da América do Sul, sobretudo para o Brasil, a questão parece se complicar cada vez mais. Fiador do acordo de Barbados, onde alinhavou que haveria eleições livres e justas, o governo brasileiro ficou em uma encruzilhada.

Não há como reconhecer Maduro como presidente reeleito, pois isso seria validar a fraude e comprometer a imagem de um governo que se diz comprometido com valores democráticos. De acordo com Gomes Junior, a solução vislumbrada foi buscar alguma saída diplomática, algum período de transição para o regime democrático, ou até mesmo uma insinuação de realização de novas eleições. 

“Nenhuma dessas hipóteses vingou, o que se tem é Maduro no poder, o aumento da repressão, a não exibição de atas que validem a eleição, enfim, nenhuma concessão. O acordo de Barbados foi rasgado e o Brasil está sem saída, visto que não se quer um rompimento com o governo venezuelano. O aparecimento de qualquer “papel de padaria” que pudesse ser chamado de ata ajudaria muito o governo brasileiro, mas parece que nem essa concessão Maduro quer fazer. Talvez a estratégia viável agora seja procrastinar, deixar o tempo passar e que outras pautas como reforma tributária e até mesmo os incêndios que atingem o Brasil, façam com que a Venezuela seja ‘esquecida’”, analisa o presidente da ADDP.

E, por falar em incêndios, também sobre eles surgem as controvérsias. Para Francisco Gomes Junior, as ocorrências podem ter sido causadas pelo clima seco e um descontrole em queimadas, mas podem ter sido ocasionadas por criminosos ou mais do que isso, podem ter sido provocados a mando do crime organizado. “Fato é que, temos versões, atribuições de responsabilidade e pouca solução”, afirma. 

Com isso, os casos Venezuela, incêndios, reforma tributária, crise institucional, orçamento e emendas parlamentares, em um ano eleitoral, fica em segundo plano, uma vez que o Poder Legislativo volta sua prioridade para as eleições municipais, fundamentais para a construção de bases eleitorais para as eleições estaduais e federal de 2026.

“A todo esse imbróglio, somam ainda as regras eleitorais para o pleito deste ano, que não se sabe se serão suficientemente efetivas para combater desinformação, manipulação em mídias sociais e candidatos incendiários. Se as instituições não funcionarem temos por aqui, como na Venezuela, a prevalência de versões construídas com base em desinformação, incêndios provocados por inimigos conspiradores e versões baseadas em fatos que não correspondam necessariamente à verdade”, avalia o advogado e presidente da ADDP.

Eleições, incêndios e versões

Advogado Francisco Gomes Junior faz análise do atual momento no Brasil e no mundo

Francisco Gomes Junior/Foto: Divulgação
Publicada em 27 de agosto de 2024 às 20:16
Eleições, incêndios e versões

Há praticamente um mês aconteceram as eleições venezuelanas e Nicolas Maduro foi declarado pelo órgão eleitoral, presidente reeleito do país. A reeleição, confirmada também pela Corte Suprema da Venezuela, foi uma fraude, mas, de acordo com Francisco Gomes Junior, advogado e presidente da ADDP (Associação de Defesa dos Dados Pessoais e Consumidor), isso pouco importa. “Atas com QR Code únicos e hashes foram analisadas por vários órgãos internacionais em vão, Maduro foi declarado o vencedor e como possui o apoio incondicional das Forças Armadas venezuelanas, permanecerá no poder por mais 5 anos”.

Segundo o especialista, internamente, a questão caminha para uma resolução, com as instituições validando a fraude e uma forte repressão inibindo o povo e opositores de se manifestarem, sob a alegação de que há uma conspiração liderada pelo governo norte-americano, com apoio de europeus contra o regime chavista. “O inimigo externo foi criado e é alimentado todo dia com novas versões e fatos enganosos”, pontua o advogado.

Se internamente o caminho aponta para a vitória de quem detém o controle das forças armadas, para alguns países da América do Sul, sobretudo para o Brasil, a questão parece se complicar cada vez mais. Fiador do acordo de Barbados, onde alinhavou que haveria eleições livres e justas, o governo brasileiro ficou em uma encruzilhada.

Não há como reconhecer Maduro como presidente reeleito, pois isso seria validar a fraude e comprometer a imagem de um governo que se diz comprometido com valores democráticos. De acordo com Gomes Junior, a solução vislumbrada foi buscar alguma saída diplomática, algum período de transição para o regime democrático, ou até mesmo uma insinuação de realização de novas eleições. 

“Nenhuma dessas hipóteses vingou, o que se tem é Maduro no poder, o aumento da repressão, a não exibição de atas que validem a eleição, enfim, nenhuma concessão. O acordo de Barbados foi rasgado e o Brasil está sem saída, visto que não se quer um rompimento com o governo venezuelano. O aparecimento de qualquer “papel de padaria” que pudesse ser chamado de ata ajudaria muito o governo brasileiro, mas parece que nem essa concessão Maduro quer fazer. Talvez a estratégia viável agora seja procrastinar, deixar o tempo passar e que outras pautas como reforma tributária e até mesmo os incêndios que atingem o Brasil, façam com que a Venezuela seja ‘esquecida’”, analisa o presidente da ADDP.

E, por falar em incêndios, também sobre eles surgem as controvérsias. Para Francisco Gomes Junior, as ocorrências podem ter sido causadas pelo clima seco e um descontrole em queimadas, mas podem ter sido ocasionadas por criminosos ou mais do que isso, podem ter sido provocados a mando do crime organizado. “Fato é que, temos versões, atribuições de responsabilidade e pouca solução”, afirma. 

Com isso, os casos Venezuela, incêndios, reforma tributária, crise institucional, orçamento e emendas parlamentares, em um ano eleitoral, fica em segundo plano, uma vez que o Poder Legislativo volta sua prioridade para as eleições municipais, fundamentais para a construção de bases eleitorais para as eleições estaduais e federal de 2026.

“A todo esse imbróglio, somam ainda as regras eleitorais para o pleito deste ano, que não se sabe se serão suficientemente efetivas para combater desinformação, manipulação em mídias sociais e candidatos incendiários. Se as instituições não funcionarem temos por aqui, como na Venezuela, a prevalência de versões construídas com base em desinformação, incêndios provocados por inimigos conspiradores e versões baseadas em fatos que não correspondam necessariamente à verdade”, avalia o advogado e presidente da ADDP.

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