Ex-militares milicianos são condenados a mais de 19 anos por torturar agricultores em Rondônia
Na denúncia original dez acusados foram denunciados e três acabaram sendo absolvidos
Porto Velho, Rondônia - O ex-sargento da Polícia Militar de Rondônia – Reinaldo Rocha, o policial militar Thiago Pinto de Oliveira, vulgo Thiago Cowboy, Aldo Alves de Pinho (o Negão do Edson) foram condenados a mais de 19 anos de prisão cada um, no regime fechado, pelos crimes de tortura, extorsão, invasão de terras da união e participação em organização criminosa pelo Juízo da 1ª Vara da Justiça Federal de Rondônia.
Além deles, foram condenados a penas menores, no regime semi-aberto, Isaac Rocha (filho de Reinaldo), Edson Cagliari, vulgo Edinho do Ouro, a cinco anos de prisão (pelos crimes de invasão de terra da união e participação em organização criminosa); além de João Sebastião dos Santos e José Alves de Oliveira, dois anos de prisão – substituída por prestação pecuniária de 15 salários mínimos e serviços comunitários pelo crime de invasão de terras da União.
Todos os sete condenados, segundo o Juízo da Vara Federal de Ji-Paraná, fizeram parte de uma organização criminosa que aterrorizou durante vários meses o assentamento Margarida Alves, na região de Ouro Preto, no ano de 2016, na tentativa de expulsá-los da terra legalmente conquistada junto ao Incra, e se apossarem dos recursos naturais da região (madeira).
Na denúncia original dez acusados foram denunciados e três acabaram sendo absolvidos.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Reinaldo Rocha (que foi expulso das fileiras da Polícia Militar de Rondônia há dois anos) era o líder do grupo e havia demarcado 400 alqueires (em quatro partes), um para cada membro de sua família, sendo reconhecido por vários agricultores do MST, durante interrogatório. Para conseguir seus intentos, vários agricultores eram intimidados com ameaças, e pelo menos foram alvos de tortura.
Uma das vítimas, identificada por Sérgio Oliveira da Silva desenvolveu sintomas de ansiedade severa, quadro de estado de sofrimento e crise de síndrome do pânico depois da sessão de tortura.
As vítimas eram levadas para o meio da mata pelo grupo, que andava fortemente armado e vestido de roupas militares, e lá torturadas. Quem não foi torturado era duramente ameaçado, agredido e retidos no local sem poder sair de onde estavam sem ordem do bando.
Os crimes perduraram pelo ano de 2016 e a onda de terror tomou conta do acampamento com a chegada do grupo. Uma das vítimas foi o agricultor Jair Gomes, que era contratado da Cooperativa do Assentamento Margarida Alves, para coletar castanhas na mata.
No dia 10 de novembro de 2016 ele foi abordado dentro da Reserva Legal pelo grupo e, ao confirmar que morava no assentamento foi levado para dentro da mata, amarado com cordas e agredido com pontapés.
No depoimento dado à Justiça, Jair disse que foi levado para a mata junto com outro agricultor, identificado com o Adelson Maceno Mendes e que durante a tortura os milicianos iriam pegar e assassinar toda sua família.
Por conta das agressões ficou mais de 70 dias. Fora as sessões de tortura, o grupo ainda deu vários contra o acampamento, levando muitos agricultores a fugirem para a mata e outros abandonando a terra.
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