Expedição documenta biodiversidade amazônica
Levantamento da biodiversidade do Parque Nacional do Monte Roraima é a primeira etapa para planejar estratégias e ações de conservação e desenvolvimento sustentável, além de aproveitar o potencial turístico
Pipreola whitelyi, novo pássaro encontrado pelos pesquisadores. (Foto Ramiro Melinski)
No final do ano passado, mais de 60 pesquisadores, técnicos, estudantes, especialistas em diferentes grupos de animais e plantas, e indígenas da etnia Ingarikó realizaram o levantamento da biodiversidade da Serra do Sol, no Parque Nacional do Monte Roraima, extremo norte do Brasil.
A expedição foi uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Conselho do Povo Indígena Ingarikó (COPING), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e outras instituições de ensino e pesquisa.
Conforme Thiago Orsi Laranjeiras, analista ambiental do ICMBio e coordenador da expedição, a Amazônia é muito mais do que florestas úmidas em terras planas e baixas. Ele ressalta que poucas pessoas percebem que montanhas altas, com mais de 2 mil metros de altitude, emergem em várias porções da região e abrigam uma biodiversidade excepcional. A maioria dessas montanhas altas está em áreas remotas, fronteiriças e de difícil acesso, como é o caso da montanha Serra do Sol, dentro do Parque do Monte Roraima, que faz fronteira com a Venezuela.
O levantamento da biodiversidade da unidade de conservação é a primeira etapa para planejar estratégias e ações de conservação e desenvolvimento sustentável, além de aproveitar o potencial turístico. Os pesquisadores utilizaram diversas técnicas e métodos de observação e registros da fauna e flora, como: armadilhas luminosas para insetos, iscas para borboletas e abelhas; redes para peixes e pássaros e vários apetrechos para captura de lagartos e cobras. Escaladores subiram em árvores de mais de 30 metros para coleta de galhos com flores. Armadilhas fotográficas detectaram os mamíferos de difícil visualização direta. Gravadores automáticos registraram o canto das aves e sapos simultaneamente em locais diferentes. Um drone também foi utilizado para registrar as paisagens e identificar vias de acesso a serra e locais para boas amostragens.
Parte da equipe e colaboradores ingarikos. (Foto: Alejandro Garcia)
Espécies registradas
A riqueza total de espécies registradas durante a expedição foi grande. A diversidade de invertebrados é enorme e a maioria das espécies ainda não é descrita pela ciência, ressaltam os pesquisadores. Duas espécies de pássaros foram documentadas pela primeira vez em território brasileiro. Novos registros para o Brasil também foram obtidos para plantas, sapos e serpentes.
Todo material coletado durante a expedição será depositado nas coleções científicas do INPA e da Universidade Federal de Roraima (UFRR). A consulta ao material poderá ser feita por qualquer pessoa.
A expedição Serra do Sol será divulgada em formato de filme, com produção voluntária da Talking Images. O teaser já está disponível aqui.
A expedição teve apoio financeiro do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).
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