Expedição documenta biodiversidade amazônica

Levantamento da biodiversidade do Parque Nacional do Monte Roraima é a primeira etapa para planejar estratégias e ações de conservação e desenvolvimento sustentável, além de aproveitar o potencial turístico

ICMBIO
Publicada em 12 de fevereiro de 2020 às 11:30
Expedição documenta biodiversidade amazônica

Pipreola whitelyi, novo pássaro encontrado pelos pesquisadores. (Foto Ramiro Melinski)

No final do ano passado, mais de 60 pesquisadores, técnicos, estudantes, especialistas em diferentes grupos de animais e plantas, e indígenas da etnia Ingarikó realizaram o levantamento da biodiversidade da Serra do Sol, no Parque Nacional do Monte Roraima, extremo norte do Brasil.

A expedição foi uma parceria entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Conselho do Povo Indígena Ingarikó (COPING), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e outras instituições de ensino e pesquisa.

Conforme Thiago Orsi Laranjeiras, analista ambiental do ICMBio e coordenador da expedição, a Amazônia é muito mais do que florestas úmidas em terras planas e baixas. Ele ressalta que poucas pessoas percebem que montanhas altas, com mais de 2 mil metros de altitude, emergem em várias porções da região e abrigam uma biodiversidade excepcional. A maioria dessas montanhas altas está em áreas remotas, fronteiriças e de difícil acesso, como é o caso da montanha Serra do Sol, dentro do Parque do Monte Roraima, que faz fronteira com a Venezuela.

O levantamento da biodiversidade da unidade de conservação é a primeira etapa para planejar estratégias e ações de conservação e desenvolvimento sustentável, além de aproveitar o potencial turístico. Os pesquisadores utilizaram diversas técnicas e métodos de observação e registros da fauna e flora, como: armadilhas luminosas para insetos, iscas para borboletas e abelhas; redes para peixes e pássaros e vários apetrechos para captura de lagartos e cobras. Escaladores subiram em árvores de mais de 30 metros para coleta de galhos com flores. Armadilhas fotográficas detectaram os mamíferos de difícil visualização direta. Gravadores automáticos registraram o canto das aves e sapos simultaneamente em locais diferentes. Um drone também foi utilizado para registrar as paisagens e identificar vias de acesso a serra e locais para boas amostragens.

Parte da equipe e colaboradores ingarikos. (Foto: Alejandro Garcia)

Espécies registradas

A riqueza total de espécies registradas durante a expedição foi grande. A diversidade de invertebrados é enorme e a maioria das espécies ainda não é descrita pela ciência, ressaltam os pesquisadores. Duas espécies de pássaros foram documentadas pela primeira vez em território brasileiro. Novos registros para o Brasil também foram obtidos para plantas, sapos e serpentes.

Todo material coletado durante a expedição será depositado nas coleções científicas do INPA e da Universidade Federal de Roraima (UFRR). A consulta ao material poderá ser feita por qualquer pessoa.

A expedição Serra do Sol será divulgada em formato de filme, com produção voluntária da Talking Images. O teaser já está disponível aqui.

A expedição teve apoio financeiro do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).

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