Extrativistas das reservas rios Cautário e Pacaás Novos devem faturar R$ 2 milhões nesta safra com apoio do Banco do Povo
As castanhas não precisarão mais passar pelas mãos dos atravessadores que compravam a produção a um valor 60% abaixo do preço de mercado.
Com apoio do Banco do Povo, as 130 famílias de extrativistas cadastrados que vivem e trabalham nas reservas rio Cautário e Pacaás Novos, no município de Costa Marques, vão faturar nesta próxima safra de castanha cerca de R$ 2 milhões, com a produção de 250 toneladas, segundo estimativa da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), que coordena e fiscaliza a exploração sustentável das Unidades de Conservação do Estado.
De acordo com o engenheiro florestal Denison Trindade, coordenador estadual das unidades de conservação, o banco será um instrumento do governo de Rondônia para custear a produção, financiando a aquisição de equipamentos, alimentação e transporte dos extrativistas, de modo que as duas comunidades não precisem mais recorrer a atravessadores (bolivianos), que compram praticamente tudo que eles produzem a um valor 60% abaixo do preço de mercado.
Ao justificar a iniciativa que classificou de política pública para setor, o engenheiro explicou que as duas reservas, localizadas no Vale do Guaporé, na fronteira com Bolívia, por anos sobrevive deste comércio com o país vizinho. Segundo, para se ter ideia, o valor pago pelo atravessador boliviano por uma lata (medida utilizada nas reservas) de castanha é de R$ 40,00, enquanto o preço desta mesma lata no mercado é de R$ 100,00, uma diferença de 60% no valor do produto que os extrativistas deixam de ganhar.
As castanhas não precisarão mais passar pelas mãos dos atravessadores que compravam a produção a um valor 60% abaixo do preço de mercado
Por esse motivo, além do Banco do Povo que financiará a produção, o governo de Rondônia passou a contar com a parceira da empresa Inovan Brasil, sediada em Ji-Paraná, que vai comprar a castanha nas reservas e pagar um preço justo por ela. Segundo Trindade, o projeto é solução para todos, eis que ampara e fomenta a capacidade produtiva dos extrativistas, remunerando a altura sua produção, e por outro lado, resolve o problema da empresa rondoniense que hoje compra castanha de outros estados para manter sua atividade.
O Banco do Povo vai colocar cerca de R$ 500 mil em crédito à disposição dos extrativistas das duas reservas com uma taxa de juros quase simbólica de 2% ao ano e, ainda, com uma carência de 6 meses para o início do pagamento. Em linguagem popular, é “um negócio de pai para filho”. Mas não é. Na verdade, trata-se de uma política do governo do Estado, que tem orientação direta do governador Confúcio Moura, com um objetivo mais amplo do que a simples proposta de fomentar a produção nas reservas.
O conjunto das medidas deste projeto pode gerar outros resultados que o governo persegue, como a ampliação do projeto de produção sustentável, proteção e conservação dos recursos naturais e da biodiversidade, com inibição de possíveis desmatamentos, e qualquer outra atividade que possa agredir o meio ambiente.
Denison Trindade anunciou para a primeira quinzena de agosto a realização de uma reunião de trabalho com dirigentes do Banco do Povo, da Sedam, da empresa Inovam Brasil e representantes das duas reservas para estabelecer a estratégia de ação que envolve o financiamento, produção e a compra da castanha. A safra, que começa em dezembro e vai até março, deverá ser a melhor e mais rentável para as 130 famílias das reservas rio Cautário e Pacaás Novos, no Vale do Guaporé, segundo previsão da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental.
A próxima safra da castanha é entre os meses de dezembro e março.
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