Igrejas em tempo de Pandemia
Sei que não há concordância entre todos nós, mas me senti na obrigação de esclarecer que há comunidades dispostas a colaborar, se esse for o entendimento do governo, mantendo a não realização de cultos públicos, apesar da profunda saudade que temos de nossas reuniões
Por ser dos que reconhecem ser a pandemia do Covide-19 uma situação absolutamente nova; por reconhecer que as questões políticas envolvem todas as realidades, mas que a Igreja precisa sair do embate eleitoral inserido em grande parte dos posicionamentos; por crer que as igrejas evangélicas, diferentemente da Igreja Católica Romana, não são um conjunto liderado por uma só instituição; por acreditar que igrejas têm função de existência absolutamente distinta das empresas comerciais, resolvo me posicionar pessoal e não institucionalmente, quanto à reabertura dos templos para cultos.
Antes de tudo, como Igrejas Cristãs, temos um compromisso com o Deus da criação e, por causa disso, com a criação de Deus, portanto, a vida é um bem que precisa ser preservado como ato de culto vivenciado no cotidiano de todos nós. Quando se percebe uma situação que não é contra Deus, nem contra a fé, nem originado por alguém com propósito de combater a fé nem a Instituição, creio que devemos nos esforçar mais do que todo mundo em manter o bom senso e o exemplo que “puxa” a todos.
Completamente compreensivo o debate dos comerciantes e empregados em lutar pela reabertura de seus comércios e ambientes de empregos e, claro, o governo tem o dever de avaliar, frente à ciência, qual o momento adequado em que isso deve acontecer. Mas as Igrejas, a meu ver, deveriam estar entre as últimas instituições que promoveriam aglomeração, não por serem de pouca importância, mas exatamente por terem muita importância na sociedade brasileira.
Pregamos valores teológicos que são estruturas dorsais de nossa existência com ensinamentos como: sacerdócio universal de todos os crentes, Igreja como Corpo de Cristo, povo como templo do Espírito, união espiritual diferentemente de reunião espiritual, dízimo como adoração livre e que os cristãos já vivenciam como prática da graça e não da Lei, cuidado mútuo entre os crentes, ou seja, valores que, caso vivêssemos em regimes de exceção, continuaríamos existindo e até nos fortalecendo frente às provas.
Por isso, venho manifestar, talvez junto a uns poucos, que sou a favor do afastamento social geral, crendo que os governos serão responsáveis em resolver junto à sociedade civil quando e em que ritmo deverão acontecer os retornos, e que esses governos poderiam contar com a compreensão e apoio das comunidades evangélicas em evitar as aglomerações possíveis de serem adiadas para outros momentos, acontecendo de forma paulatina.
Sei que não há concordância entre todos nós, mas me senti na obrigação de esclarecer que há comunidades dispostas a colaborar, se esse for o entendimento do governo, mantendo a não realização de cultos públicos, apesar da profunda saudade que temos de nossas reuniões.
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