Interdição em setor do IPEN ameaça quase dois milhões de exames essenciais para pacientes com câncer

A interrupção ocorreu após interdição do departamento pelos órgãos de Vigilância Sanitária (ANVISA/COVISA).

Assessoria
Publicada em 14 de junho de 2018 às 14:58

A produção de materiais utilizados na medicina nuclear está suspensa desde maio pelo Instituto de Pequisas Enérgeticas e Nucleares (IPEN), autarquia vinculada ao Governo do Estado de São Paulo e com gestão técnica e administrativa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A interrupção ocorreu após interdição do departamento pelos órgãos de Vigilância Sanitária (ANVISA/COVISA). A medida pode afetar a execução de até dois milhões de exames, previstos para ocorrerem durante o ano de 2018, imprescindíveis para o tratamento oncológico. "Recebemos com consternação essas decisões, uma vez que a eficácia da Medicina Nuclear para casos graves de câncer e outras doenças cardiológicas e cerebrais é reconhecida por toda a comunidade médica global", explica Juliano Cerci, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
 
Na semana passada, o presidente Michel Temer participou da inauguração da Pedra Fundamental para a construção do Reator Multipropósito Brasileiro e exaltou os avanços do Brasil na produção de radiofármacos. No entanto, até o momento, não foi sinalizada a reabertura do departamento responsável pela produção dos suprimentos.
  
Os produtos não podem ser estocados em grandes quantidades devido à fragilidade de sua vida útil. Com isso, alguns insumos já estão em falta e outros podem acabar nos próximos dez dias. Os materiais são usados em procedimentos diagnósticos e terapêuticos como cintilografias ósseas, utilizada em casos suspeitos de metástase, e exames de PET-CT.
 
O presidente da SBMN pondera ainda que o mercado brasileiro conta com poucos parceiros da iniciativa privada e com atividades limitadas. “Diante de uma situação intempestiva desta magnitude não há condições de suprir minimamente as necessidades dos diferentes insumos de sequer uma fração dos serviços espalhados por todo o País”.
 
A SBMN segue em tratativas com representantes dos principais órgãos federais, entre eles o Ministério da Saúde, ANVISA, IBAMA, Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), e solicitou à ANVISA autorização para importar os insumos, o que ainda não foi deferido.
 
“Nós verificamos que o IPEN vem sofrendo com falta de investimentos por parte das autarquias superiores federais. Mais uma vez a comunidade nuclear brasileira se depara com um revés que ameaça a prática da especialidade e o desempenho de seu papel assistencial para inúmeros pacientes oncológicos, principalmente”, finaliza Cerci.

Sobre a SBMN
 
Fundada na década de 60, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) é constituída por médicos especialistas em medicina nuclear e outros profissionais de áreas correlatas, como tecnólogos, radiofarmacêuticos, biomédicos, físicos e químicos, contando com quase 1 mil sócios atualmente. Tem por objetivo integrar e favorecer o desenvolvimento da comunidade médica nuclear e demais profissionais envolvidos no emprego de fontes abertas de radionuclídeos com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, promovendo atividades científicas e de intercâmbio entre profissionais de todo o País.

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