Jornal Nacional infla bola de Lula

"O antipetismo, pois, não desabou somente nos números, mas, também, na mídia", escreve Eduardo Guimarães

Eduardo Guimarães
Publicada em 22 de julho de 2022 às 12:27

www.brasil247.com - Jornal Nacional e Lula

Jornal Nacional e Lula (Foto: Reprodução/TV Globo | Ricardo Stuckert)

O mínimo que se pode dizer sobre a edição do Jornal Nacional da última quinta-feira, 21 de julho, é que foi altamente positiva para Lula e o PT por enfatizar que a Justiça decidiu que o ex-presidente poderá disputar a eleição presidencial por não ter tido um "julgamento justo". 

Em um país tão despolitizado que, em 2016, 33% dos brasileiros não sabiam o nome do presidente da República -- conforme pesquisa Datafolha de 17 de julho daquele ano --, fatos políticos de grande importância precisam ser repetidos à exaustão.  

Nesse aspecto, a matéria do JN divulgou, de forma  bastante positiva, a absolvição tácita de Lula (e não adianta espernearem) pelo STF. Assim, a edição do Jornal Nacional em tela foi primordial para reduzir ainda mais o antipetismo, que, segundo pesquisa Quaest recém-divulgada, caiu para o nível mais baixo deste  século.   

Segundo matéria da revista  Veja baseada no estudo da Quaest, o ódio ao PT estava presente em 37% do eleitorado em 2002, caiu para 32% em 2006 e 2010, subiu para 34% em 2014, explodiu em 2018 – sendo sentido por 51% do eleitorado – e, hoje, em pleno 2022, está em 30% dos eleitores. 

Confira a locução do JN sobre a razão pela qual Lula poderá disputar a eleição deste ano após ter sido condenado e preso: "O  STF também considerou que Lula não teve direito a um julgamento justo porque o juiz Sergio Moro foi parcial na condução do processo". 

Se alguém achar pouco, vale lembrar que, algum tempo atrás, o JN debitava a anulação dos processos e condenações de Lula a meras "questões técnicas" e não a fraude processual de Sergio Moro.  

Em seguida, Gleisi Hoffmann é apresentada como defensora da democracia em um discurso em que criticou a violência assassina dos bolsonaristas e as ameaças deles e de  Bolsonaro ao processo eleitoral. E deu a palavra à presidente do PT para condenar as agressões bolsonaristas. 

O antipetismo, pois, não desabou somente nos números, mas, também, na mídia. Sobretudo na Globo, que, como o resto da nação, conta com a vitória de Lula para escapar das ameaças reiteradas que Bolsonaro vem lhe fazendo.  

Ironia poética... 

A volta por cima de Lula e do PT são um sinal eloquente de que a nossa democracia, apesar dos pesares, pode trilhar o caminho da consolidação se vingar a luta para tirar os fascistas do poder, pois, dia após dia, vai caindo a ficha do povo sobre quem é quem na política brasileira.

Eduardo Guimarães

Eduardo Guimarães é responsável pelo Blog da Cidadania

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