Kássio o-menos-pior Nunes será aprovado no Senado
Os ministros do Supremo, sobretudo os da ala garantista, respiraram aliviados por ter mais um igual entre os seus. De outro lado, o Centrão também
Kassio Nunes (Foto: Reprodução)
Salvo algum crime grave que venha a ser descoberto de hoje até quarta-feira, não há dúvidas, nos meios políticos, de que o nome do desembargador Kássio Nunes Marques para a vaga de Celso de Mello no STF será aprovado pelo Senado, muito provavelmente ainda nesta semana, em tempo recorde. Não houve, e nem haverá, aquelas longas peregrinações a gabinetes senatoriais que outros, como por exemplo o ministro Edson Fachin, no governo Dilma, teve que fazer para superar dificuldades políticas.
E é preciso fazer justiça: as alternativas que Jair Bolsonaro anunciava eram tão ruins, mas tão ruins, que o nome de um juiz experiente passou a ser visto como ótimo por gregos e troianos, conservadores e petistas, enfim, pela torcida do Flamengo.
Para a maioria, funcionou perfeitamente o método Bolsonaro de colocar tantos bodes na sala que, quando você chega com a vaca, ela até parece cheirosinha. Os integrantes do Supremo, por exemplo, temiam indicações de juristas neófitos como o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Jorge Oliveira, de quem até gostam muito como pessoa, mas cuja indicação para o TCU foi recebida com festa.
Também o ministro da Justiça, André Mendonça, não estava com essa bola toda no Supremo por ser terrivelmente evangélico e ter se envolvido poucos meses atrás na polêmica do monitoramento de funcionários federais que se diziam anti-facistas. Numa próxima vaga, quem sabe. Nos dias anteriores à nomeação de Bolsonaro, falou-se até mesmo no nome da ministra Damares Alves para o posto — afinal, não é bacharel?
Não por acaso, portanto, os ministros do Supremo, sobretudo os da ala garantista, respiraram aliviados por ter mais um igual entre os seus. De outro lado, o Centrão também. O piauiense Kassio é próximo do conterrâneo Ciro Nogueira, presidente do PP, e tem apoio até mesmo na oposição. O que os une? As posições antilavajatistas. Apenas o grupo de senadores do Muda Senado deve apertar o indicado ao STF na sabatina desta quarta e, sejam quais foram as suas respostas, não há dúvidas quanto à aprovação do nome na CCJ e no plenário.
O desembargador já foi apelidado nas rodas de Brasília de Kássio o-menor-pior Nunes.
Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
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