Liberar fake news é como liberar armas

"Para que acabar com a mentira se a extrema-direita não sobrevive sem ela?", provoca Marcia Tiburi

Fonte: Marcia Tiburi - Publicada em 31 de maio de 2024 às 08:42

Liberar fake news é como liberar armas

Câmara dos Deputados (Foto: Zeca Ribeiro / Agência Câmara I Wilson Dias / Agência Brasil)

Quando podiam revogar o veto de Bolsonaro que mantém as fake news isentas da marca do crime, 317 deputados mantiveram o apanágio da mentira na votação desta semana na Câmara. 

As fake news seguem normalizadas para a alegria dos canalhas. Os pastores que votaram pela manutenção do veto sabem que pecam, mas como são vis e diabólicos, não se importam com isso. Eles sabem que seus fiéis são ignorantes úteis. 

Bancar o veto à criminalização da informação falsa é garantir que o jogo da manipulação não mudará. 

É compreensível. Para que acabar com a mentira se a extrema-direita não sobrevive sem ela?

Há poucos dias vimos o ministro Fernando Haddad desmentindo a larva do MBL e outros deputados que parecem apenas ignorantes sobre a burocracia estatal, mas na verdade, usam a mentira como arma para perturbar a ordem. Atrapalhar também faz parte do jogo do poder. 

Já Mussolini e Hitler precisavam da mentira, como Bolsonaro precisou para se eleger e seguir com seu mandato de destruição do país. Como Eduardo Leite e Sebastião Melo no Sul precisam dela para justificar o injustificável. Para os extremistas de direita, acabar com a mentira, essa arma política letal, seria um tiro no pé. 

Defendendo a mentira, cada canalha do Congresso eleito por gente manipulada defende a si mesmo. 

Protegendo a falsidade, os brutamontes protegem seus cargos. 

Não seriam os armamentistas que deixariam de aproveitar para liberar mais essa arma, a arma das armas contra a democracia. Deputados e deputadas do campo democrático que se cuidem, pois estamos falando de armas e de seu uso por homens armados e capazes de tudo. Além das mentiras, daqui a pouco tais brutamontes podem estar usando revólveres e metralhadoras dentro do Congresso. Ou fora dele, como fizeram contra Marielle Franco. Canalhas não aceitam perder.  

No campo democrático, o jogo da verdade é cada vez mais frágil. E temos que nos perguntar o que pode a verdade contra a mentira quando a mentira virou regra e é legalizada? 

Ninguém precisa mentir sobre a extrema-direita. Talvez as pessoas democráticas não tenham nem criatividade para isso. A imoralidade, a falta de escrúpulos, o desrespeito aos valores democráticos, deixam a todos paralisados no estupor. 

Quem não é perverso não sabe jogar o jogo dos perversos. 

Não é agradável pensar aonde esse estado de coisas irá nos levar.

Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

105 artigos

Liberar fake news é como liberar armas

"Para que acabar com a mentira se a extrema-direita não sobrevive sem ela?", provoca Marcia Tiburi

Marcia Tiburi
Publicada em 31 de maio de 2024 às 08:42
Liberar fake news é como liberar armas

Câmara dos Deputados (Foto: Zeca Ribeiro / Agência Câmara I Wilson Dias / Agência Brasil)

Quando podiam revogar o veto de Bolsonaro que mantém as fake news isentas da marca do crime, 317 deputados mantiveram o apanágio da mentira na votação desta semana na Câmara. 

As fake news seguem normalizadas para a alegria dos canalhas. Os pastores que votaram pela manutenção do veto sabem que pecam, mas como são vis e diabólicos, não se importam com isso. Eles sabem que seus fiéis são ignorantes úteis. 

Bancar o veto à criminalização da informação falsa é garantir que o jogo da manipulação não mudará. 

É compreensível. Para que acabar com a mentira se a extrema-direita não sobrevive sem ela?

Há poucos dias vimos o ministro Fernando Haddad desmentindo a larva do MBL e outros deputados que parecem apenas ignorantes sobre a burocracia estatal, mas na verdade, usam a mentira como arma para perturbar a ordem. Atrapalhar também faz parte do jogo do poder. 

Já Mussolini e Hitler precisavam da mentira, como Bolsonaro precisou para se eleger e seguir com seu mandato de destruição do país. Como Eduardo Leite e Sebastião Melo no Sul precisam dela para justificar o injustificável. Para os extremistas de direita, acabar com a mentira, essa arma política letal, seria um tiro no pé. 

Defendendo a mentira, cada canalha do Congresso eleito por gente manipulada defende a si mesmo. 

Protegendo a falsidade, os brutamontes protegem seus cargos. 

Não seriam os armamentistas que deixariam de aproveitar para liberar mais essa arma, a arma das armas contra a democracia. Deputados e deputadas do campo democrático que se cuidem, pois estamos falando de armas e de seu uso por homens armados e capazes de tudo. Além das mentiras, daqui a pouco tais brutamontes podem estar usando revólveres e metralhadoras dentro do Congresso. Ou fora dele, como fizeram contra Marielle Franco. Canalhas não aceitam perder.  

No campo democrático, o jogo da verdade é cada vez mais frágil. E temos que nos perguntar o que pode a verdade contra a mentira quando a mentira virou regra e é legalizada? 

Ninguém precisa mentir sobre a extrema-direita. Talvez as pessoas democráticas não tenham nem criatividade para isso. A imoralidade, a falta de escrúpulos, o desrespeito aos valores democráticos, deixam a todos paralisados no estupor. 

Quem não é perverso não sabe jogar o jogo dos perversos. 

Não é agradável pensar aonde esse estado de coisas irá nos levar.

Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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Comentários

  • 1
    image
    gabriel marinho 31/05/2024

    Que coisa sem sentido, esquerdista e petistas acham msm que podem reescrever a historia. Esse partido nefasto é o percursor do gabinete do ódio, desde antes de redes sociais sempre pagaram blogs pagos para tratorar a oposição. Na eleição passada foram os maiores disseminadores de fakes, se apoiaram num acodão com o tse para isso. E detalhe, nao existe extrema direita no Brasil. Esses doentes gostam de chamar qualquer um que seja contra eles de extremos, nazistas, fascistas, sendo que eles msm são tudo isso.

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