Mãe 'fantasia' filho de escravo para festa de Halloween em escola de Natal: 'Vamos abrasileirar esse negócio'

Mulher publicou fotos de menino de 9 anos nesta segunda-feira (29), nas redes sociais, e causou repercussão negativa na internet.

G1 RN
Publicada em 30 de outubro de 2018 às 09:38
Mãe 'fantasia' filho de escravo para festa de Halloween em escola de Natal: 'Vamos abrasileirar esse negócio'

'Fantasia' de escravo de menino de 9 anos causou repercussão na internet — Foto: Reprodução

Uma mãe fantasiou o próprio filho de 9 anos como escravo para a festa de Halloween de uma escola de classe média alta em Natal, nesta segunda-feira (29). Ela mesma publicou fotos do garoto nas redes sociais, durante a tarde, e as imagens causaram grande repercussão na internet. A maior parte dos comentários é de críticas à fantasia, que foi considerada racista. A publicação foi apagada do perfil dela.

Além de pintar o garoto, a mulher maquiou ele com "marcas" de chicotadas e o cobriu com roupas brancas e correntes. "Quando seu filho absorve o personagem! Vamos abrasileirar esse negócio! #Escravo", escreveu ela no Instagram.

Mãe fantasiou menino de 9 anos para festa de Halloween em escola de Natal — Foto: Reprodução

G1 tentou falar com a mulher por telefone, mas as ligações não foram atendidas. Ela também não respondeu mensagens enviadas. Em sua conta no Twitter, ela escreveu a seguinte mensagem: "Ñ leiam livros d História do Brasil. Eles dizem q existiu escravidão d negros no país, mas isso é mentira. Ñ discuta com essa afirmação, pois vc estará sendo racista, A PIOR PESSOA, um lixo Só ñ entendi ainda se o problema foi a fantasia ou o '17' na foto".

O colégio onde aconteceu a festa de Halloween emitiu uma nota e afirmou que a instituição não compactua com expressões de racismo ou preconceito.

"Lamentavelmente, a escolha do traje para a participação do Halloween, feita pela família do aluno, tocou numa ferida histórica do nosso país. Amargamos as sequelas desse triste período até os dias de hoje. Não incentivamos nem compactuamos com qualquer tipo de expressão de racismo ou preconceito, tendo os princípios da inclusão e convivência com a diversidade como norte da nossa prática pedagógica", diz a nota.

Após a repercussão, a mãe postou um pedido de desculpas nas redes sociais. "Queria somente pedir desculpas pelo fato! Jamais foi minha intenção ofender alguém, estou extremamente arrependida por tudo que aconteceu e me sentindo MUITO mal com os xingamentos e as ameaças horríveis que estão me mandando. Desculpa a todos, do fundo do meu coração! #paz".

Repercussão

O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais. Até mesmo artistas como o cantor Marcelo D2 comentou: "Quando vc pensa q já viu de tudo na vida (sic)".

Marcelo D2@Marcelodedois

Quando vc pensa q já viu de tudo na vida https://twitter.com/anacronices/status/1057038586518925318 …

8:00 PM - Oct 29, 2018

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Antes da repercussão negativa, seguidores da mãe nas redes sociais elogiaram a "criatividade" da fantasia. "Perfeito", disse uma amiga. "Você não existe! Muita criatividade", disse outra. A postagem recebeu dezenas de curtidas.

Porém, outros usuários passaram a criticar as imagens. Apesar da postagem ter sido apagada, após a repercussão, prints da publicação passaram a circular na internet e vários usuários de redes sociais passaram a criticar a mulher, em outras postagens de suas redes sociais.

"Usando o sofrimento do meu povo como tema de fantasia", comentou um usuário. "Moça, eu acredito que a senhora não tenha dimensão do q está fazendo.Mas isso não é uma brincadeira, é um desrespeito enorme com a história e com aqueles que morreram e deixam um legado de dor aos seus descendentes que batalham todo dia para fechar essas feridas (sic)", disse outra internauta.

Repúdio

O Conselho Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CONSEPPIR) vinculado a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (SEJUC) repudiou a atitude da mãe que ‘fantasiou’ o filho de escravo.

Em nota, o Conselho reforçou que “a prática do racismo passou a ser considerado um crime inafiançável e imprescritível”.

“O CONSEPPIR/RN repudia as manifestações de ódio e todas as formas de racismo e discriminação. Tomaremos todas as medidas cabíveis junto aos órgãos competentes, como o Centro de Referência em Direitos Humanos da UFRN e o Ministério Público Estadual”.

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