Medicina personalizada: o futuro do câncer de mama

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres: no Brasil, corresponde a 28% de todos os diagnósticos em 2017 (INCA); em todo o mundo, estima-se que 12% da população feminina terá a doença.

RS Press
Publicada em 22 de novembro de 2017 às 15:07

O câncer de mama é um fenômeno singular, que ataca cada organismo de forma diferente e, por isso, deve ser abordado e pensado individualmente – nesse sentido, os exames genéticos e moleculares podem ser uma importante arma no combate para definir previamente a chance de desenvolver a doença e permitir a elaboração da melhor estratégia para seu enfrentamento.

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres: no Brasil, corresponde a 28% de todos os diagnósticos em 2017 (INCA); em todo o mundo, estima-se que 12% da população feminina terá a doença – destas, aproximadamente 27% dos casos serão atribuídos à mutação genética herdada. Entre 5% e 7% das alterações acontecem em genes específicos (BRCA1, BRCA2, TP53, PTEN, STK11 e LKB1) que podem ser descobertas em exames. Pacientes elegíveis ao teste que obtiverem resultado positivo para alguma dessas mutações têm a oportunidade de tomar medidas para evitar o surgimento do câncer, além de alertar outros membros da família suscetíveis a carregar a mesma mutação que eleva o risco para a doença.

Enquanto os exames genéticos podem ser encarados como mecanismo de prevenção em casos específicos, os avanços em biologia molecular têm possibilitado a previsão de resposta de pacientes a determinados tratamentos, com base na análise de um grupo específico de genes. A avaliação molecular é capaz de indicar o risco de reincidência de tumores, ou seja, a possibilidade de retorno do câncer após o tratamento. Assim, pacientes de baixo risco de recorrência da doença, com menos de 10% de chance de desenvolver um câncer em uma década, podem evitar a realização da quimioterapia. Já as que apresentam alto risco terão mais benefícios se realizarem a quimioterapia. De acordo com o estudo MINDACT, apresentado no congresso da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer, os testes podem evitar quimioterapias desnecessárias, reduzindo os custos com a saúde em aproximadamente 14% e minimizando o sofrimento destes pacientes. Em função do alto custo, o teste é indicado para casos de dúvidas do real benefício da quimioterapia no impacto da sobrevida da paciente.

Medicina personalizada será debatida em Fortaleza

O funcionamento e acesso a testes genéticos será um dos assuntos discutidos em Fortaleza/CE, durante o IV Fórum de Combate ao Câncer da Mulher, que acontece nos dias 29 e 30 de novembro. Promovido pela FEMAMA, o evento engloba o XVI Encontro Brasileiro de Instituições Filantrópicas de Grupos de Apoio à Saúde da Mama e o VI Encontro de Redes Regionais.

“Esse Fórum é uma ocasião muito importante para o debate a cerca do câncer de mama no país. A programação traz novidades sobre o enfrentamento do câncer de mama para munir pacientes de informações e fortalecer instituições do terceiro setor para articulação de políticas capazes de melhorar a assistência às pessoas que convivem com o câncer no Brasil”, adianta Maira Caleffi, mastologista, presidente voluntária da FEMAMA.

No primeiro dia, com programação aberta à comunidade, haverá uma explanação de dados sobre a doença no país, acesso a tratamentos, medicina de precisão, como pacientes podem se beneficiar de testes genéticos e como a sociedade civil se prepara para enfrentar os desafios da oncologia. No segundo dia do evento, voltado apenas para representantes de ONGs associadas à FEMAMA, será discutida a atuação da rede para fortalecer o empoderamento de pacientes, além da apresentação de cases e propostas de trabalho conjunto para o próximo ano.

Sobre a FEMAMA

A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama é uma organização sem fins econômicos que trabalha para reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama em todo o Brasil, influenciando políticas públicas para defender direitos de pacientes, ao lado de cerca de 70 ONGs de apoio a pacientes associadas em todo o país. A FEMAMA foi a primeira instituição a trazer o Outubro Rosa de forma organizada para o Brasil, em 2008, com ações em diversas cidades, em parceria com ONGs associadas.
Conheça nosso trabalho e saiba mais sobre o evento: www.femama.org.br

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