Microempreendedores saem “do nada” e impulsionam negócios com financiamentos do Banco do Povo

Incentivados pelo Banco do Povo de Rondônia, via Fundo de Apoio ao Empreendimento Popular de Ariquemes (Faepar), pequenos empreendedores usam o capital de giro para impulsionar a zona leste de Porto Velho, região que desfruta de R$ 2 milhões de microcréditos para diversas atividades.

Texto: Montezuma Cruz Fotos: Ésio Mendes
Publicada em 11 de setembro de 2017 às 15:18
Microempreendedores saem “do nada” e impulsionam negócios com financiamentos do Banco do Povo

Quando renovar o crédito, Francisco construirá lanchonete e pizzaria

Todas as manhãs, às 4h30, Francisco José de Carvalho Torres, 48 anos, pai de quatro filhos, inicia a rotineira produção de três mil pães, vendidos na vitrine simples de sua Padaria Rachid’s, na Rua Idalva Fraga Moreira, no bairro JK I, em Porto Velho.

O nome Rachid’s só tem a ver com a família, se considerada a homenagem prestada pelo pai dele, Francisco Belchior [12 filhos] a um amigo com esse sobrenome, no interior do Rio Grande do Norte.

Incentivados pelo Banco do Povo de Rondônia, via Fundo de Apoio ao Empreendimento Popular de Ariquemes (Faepar), pequenos empreendedores usam o capital de giro para impulsionar a zona leste de Porto Velho, região que desfruta de R$ 2 milhões de microcréditos para diversas atividades. O Residencial Orgulho do Madeira e seu entorno fazem parte desse êxito.

Em 1987, ao chegar de Cruzeiro do Sul (AC), Francisco sonhava com a pequena padaria, mas o terreno conseguido no bairro Socialista ficava na beira de um vale. Mudou-se para o JK 1 em 1995 e aí, conforme suas palavras “honrou a raça” do pai.

“Só tinha a mangueira aqui no terreno”, mostra à agente de crédito Patrícia Chagas. Agora ele pretende quitar o financiamento para iniciar as obras da lanchonete e pizzaria. Marcos mora numa casa atrás da padaria e erguerá ao lado a nova construção.

Com os R$ 10 mil obtidos no primeiro financiamento de sua vida, o padeiro reformou a batedeira, o forno e aumentou alguns itens na prateleira. “O forte aqui é o pão, que a gente faz de manhã e à tarde; vendo junto com o leite, bolos e salgados”, relata Francisco, cuja experiência vem da família toda envolvida nesse ramo, no nordeste brasileiro.

“Tenho certeza que ele vai progredir mais, é um cliente fiel, paga adiantado”, comenta Patrícia. Das 12 parcelas, ele já pagou quatro, “com adiantamento”, ela lembra.

Enquanto não concretiza o sonho da pizzaria, faz viagens regulares a um sítio perto da Usina Hidrelétrica de Samuel, na região do Jamari, onde colhe mandioca e produz farinha. “Vou vender também o quibe (ou croquete) de macaxeira”, promete.

Em 2012, Marcos Farias Soares, 25, pai de dois filhos, já era mecânico em sua terra, Humaitá (AM). Dez meses atrás, depois de perder o emprego numa bicicletaria, ele abriu a sua Miguel Motos e Bicicletaria Ltda., nome dado em homenagem ao filho que inteira dois anos no próximo dia 7 de setembro.

O mecânico Marcos Farias, a agente de crédito Patrícia e o aprendiz Gabriel

Marcos obteve R$ 1, 5 mil do Banco do Povo. Não lhe faltam consertos, nem que lhe compre peças e acessórios. O serviço mais barato é o remendo de pneus, pelo qual cobra R$ 5.

Auxiliado pelo aprendiz Gabriel, 14, esse amazonense de Humaitá espera crescer na região. “Os serviços dele são bem estruturados e têm qualidade”, elogia a agente Patrícia.

Gabriel trabalha de manhã e estuda a 8ª série à tarde na Escola Estadual de Ensino Médio e Fundamental Maria Carmosina Pinheiro, no bairro Tiradentes.

“Deus é dono de tudo isso, a gente só administra”, ele pintou na parede do estabelecimento, na rua Oswaldo Ribeiro, perto do Residencial Orgulho do Madeira.

O mecânico divide o sucesso do empreendimento com a esposa Miquelina Oliveira Bezerra, 30. Ao se mudar para o residencial, foi ela quem vislumbrou a oportunidade de abrir o negócio e com ele prosperar.

O que é preciso para obter financiamento

  • Trabalhar por conta própria há mais de seis meses, registrado ou não.
  • Residir e desenvolver sua atividade econômica no Estado de Rondônia.
  • Não estar registrado no SPC e/ou Serasa.
  • Desenvolver atividade que não prejudique o meio-ambiente e nem se
    caracterize delituosa.
  • Residir há mais de dois anos em Rondônia, e ter endereço fixo.
  • Não ter atingido faturamento bruto anual superior há R$ 60 mil.
  • Apresentar avalista (garantias) – pessoa física sem restrições ao SPC e Serasa e que comprove capacidade de pagamento.

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