Ministra Cármen Lúcia propõe ação de cidadania contra a corrupção e combate aos privilégios

Em sua avaliação, é preciso que o próprio cidadão brasileiro tome para si a consciência de que é possível a construção de um novo modelo de país, afastando a concepção preconizada na chamada “Lei de Gerson”, segundo a qual “deve-se ter vantagem em tudo”.

STF
Publicada em 15 de agosto de 2017 às 21:06
Ministra Cármen Lúcia propõe ação de cidadania contra a corrupção e combate aos privilégios

“Precisamos combater os privilégios e transformar isso aqui em uma República verdadeira”, afirmou a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, em palestra proferida no encerramento do IV Fórum Jovem Pan Mitos e Fatos, realizado nesta terça-feira (15), em São Paulo. Ela propôs a união de todos os brasileiros em uma ação de cidadania contra a corrupção e pela Justiça.

Para a ministra, a exemplo da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria lançada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho – todos devem se unir no combate à corrupção e na busca de um país ético, justo e solidário. “Uma sociedade tem o direito de abrir mão de valores éticos em nome de interesses pessoais?”, indagou. “Estamos no mesmo barco. Se der certo, chegamos a um bom porto, se der errado, afundaremos todos nós”, afirmou, reforçando a necessidade de união da sociedade para combater as mazelas da corrupção e dos privilégios.

Em sua avaliação, é preciso que o próprio cidadão brasileiro tome para si a consciência de que é possível a construção de um novo modelo de país, afastando a concepção preconizada na chamada “Lei de Gerson”, segundo a qual “deve-se ter vantagem em tudo”. Citando frases que, segundo a ministra, refletem um sentimento social como “sempre foi assim” ou “todo mundo faz”, ela reforçou que corrupção é crime e como tal deve ser investigado, processado e punido.

A ministra afirmou que não é contra a política, mas contra a forma como a política é feita no Brasil. “É preciso mudar a forma de fazer política”, defendeu. Citando a filósofa alemã Hanna Arendt, para quem ou há política ou há guerra entre as pessoas, ela disse que não acredita que se possa viver fora da política. "A política é a forma de a gente viver com nossos consensos e não nossos dissensos", lembrou.

Sobre o papel da Justiça e do Judiciário no atual contexto do país, a presidente do STF reconheceu que há um “estresse social” à espera de resultados imediatos. “A população clama por Justiça e contra a impunidade. E ética não é uma escolha, mas a única forma de se viver sem o caos”, observou. Para Cármen Lúcia, os valores podem mudar ao longo do tempo, mas a busca por Justiça é permanente e as instituições precisam dar uma resposta à sociedade. “Corrupção é um ato de traição contra o cidadão. Corroi as instituições, deteriora a política e descontrola a economia, é um fator de destruição institucional”, frisou.

Segundo a ministra Cármen Lúcia, o Brasil tem boas leis, como a de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992) e a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), que são copiadas em outros países, mas que aqui encontram dificuldades em serem cumpridas. Ela salientou ainda a importância da política na construção de uma sociedade ética e democrática. “O Brasil somos todos nós. Portanto, nós teremos ética e democracia no Brasil quando a ação da cidadania contra a corrupção e pela Justiça for a luta de cada um de nós, juntos, porque juntos somos muito mais”, disse.

A ministra, iniciou sua palestra afirmando que nutre um profundo amor pelo Brasil e que acredita no país e em seus cidadãos. “Eu quero mudar o Brasil, não quero me mudar do Brasil”, enfatizou.

Veja aqui a íntegra da palestra da ministra Cármen Lúcia:

 

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