Missão constitucional de Gonet é prender Bolsonaro

“Se quer de fato ser corresponsável pela manutenção da democracia, novo PGR deve dar uma resposta aos crimes de Bolsonaro”, escreve Aquiles Lins

Aquiles Lins
Publicada em 19 de dezembro de 2023 às 13:45
Missão constitucional de Gonet é prender Bolsonaro

Paulo Gonet (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, tomou posse no cargo nessa segunda-feira (18), em cerimônia que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após 18 anos do espetáculo que ficou conhecido como Mensalão, nove anos da operação Lava Jato, que praticamente destruiu a economia do País, e ao menos três anos do engavetamento dos crimes cometidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na pandemia de Covid-19, a posse de Gonet simboliza o que se espera ser o início de uma nova quadra histórica na democracia do Brasil. 

Em discurso rápido e de improviso, o presidente Lula, que sofreu a maior perseguição política promovida pelo Ministério Público desde a redemocratização, cobrou de Gonet uma atuação pautada pela legalidade. Lula defendeu que o MPF não repita a estratégia de espetacularização utilizada tanto no Mensalão quanto na Lava Jato, quando a instituição destruiu reputações de pessoas antes de dar a elas a chance de se defender. "A única coisa que eu peço a você, em nome do que você representará daqui pra frente na história do país, é que você só tenha uma preocupação: fazer com que a verdade, e somente a verdade, prevaleça acima de quaisquer outros interesses. Trabalhe com aquilo que o povo espera do MP. As acusações levianas não fortalecem a democracia, não fortalecem as instituições", afirmou o presidente Lula.

Em seu discurso de posse, o substituto de Augusto Aras afirmou que o Ministério Público se pautará pelo "agir técnico" e não buscará "palco nem holofote", além de ser uma parte responsável pela manutenção do estado democrático de direito. "O Constituinte de 1988 nos situou como corresponsáveis pela preservação e fomento dos direitos fundamentais individuais e coletivos, dos direitos sociais, das liberdades públicas, da peleja em prol da igualdade e do progresso econômico ecologicamente sustentado. Somos corresponsáveis pela preservação da democracia", disse o novo PGR. 

As manifestações do presidente Lula e de Paulo Gonet parecem convergentes sobre o que se espera da atuação do Ministério Público Federal nos próximos dois anos. Convergentes em dois aspectos fundamentais para o momento político do país: o fim da espetacularização de investigações e ações do MPF, e a pronta aplicação da lei contra quem comete crimes no Brasil, sem engavetamentos e pautado na legalidade.

Ao procurador-geral da República, a Carta de 1988 conferiu a prerrogativa exclusiva de propor ação penal contra o presidente da República. Tendo em vista que a pandemia de Covid-19 matou mais de 700 mil pessoas no Brasil, com pelo menos 300 mil mortes que poderiam ter sido evitadas, se o governo federal tivesse agido com a rapidez que o momento exigia e o rigor científico imperativo na maior crise de saúde pública da história do país, está claro que a missão constitucional de Paulo Gonet é fazer o que Augusto Aras não fez: usar o seu dever constitucional para processar e pedir à Justiça a prisão de Jair Bolsonaro. Por todos os seus atos e omissões durante a pandemia, por sua participação na organização, divulgação e liderança do golpe fracassado de 8 de janeiro de 2023. Se quer de fato ser corresponsável pela manutenção da democracia, o Brasil espera de Paulo Gonet o fim da midiatização do Ministério Público e a prisão de Jair Bolsonaro. Nada menos.

Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos Norte, Nordeste e Centro-Oeste do grupo.

Comentários

  • 1
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    sebastian 19/12/2023

    Como esses jornalecos gostam de enaltecer o cara que agora chamam de presidente e membros de sua q... que no passado usurparam o erário público. Os caras dizem que foi perseguição, que os nove dedos foi injustiçado, então por que seus amiguinhos que foram condenados tiveram que devolver milhões para os cofres públicos? Só lembrando que, assim como fizeram com o tal presidente que tiraram da cadeia para o colocarem na presidência, caso idêntico está acontecendo com esses caras que estão pondo no sistema do judiciário federal. ou seja, estão os pondo na marra para beneficiar quem, quem e quem...

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