Mulheres negras que contribuíram com a história de Porto Velho receberão homenagens
Dez mulheres negras in memoriam e outras dez em vida serão premiadas em evento no Teatro Banzeiros
Mestre Eunice foi peça importante para a construção da Unir
A entrega do I Prêmio Mulheres Negras acontece em Porto Velho nesta quinta-feira (17), no Teatro Municipal Banzeiros, a partir das 19h. O evento, que é coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Família (Semasf), vai homenagear mulheres que ajudaram e ajudam a escrever a história de Porto Velho.
Ao todo, dez mulheres negras in memoriam e outras dez em vida devem receber as homenagens, sendo que as premiadas em vida receberão uma estatueta de Teresa de Benguela, mulher que tornou-se símbolo de liderança, força e luta pela liberdade, confeccionada pelo artista plástico Bruno Sousa, através de uma parceria com a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho (Semdestur), e os representantes das homenageadas in memorian receberão certificados de reconhecimento.
Entre as mulheres homenageadas está a professora e mestre Eunice Luiza Johnson Batista, de 80 anos. A educadora é filha de pai imigrante da ilha caribenha de Granada, que migrou para o Brasil em razão da construção da lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). Entre seus grandes feitos para a cidade de Porto Velho, Eunice lembra que foi peça importante para a construção da Universidade Federal de Rondônia (Unir), dado que foi necessária a contratação de professores mestres para que o Ministério da Educação (MEC) aprovasse a abertura da instituição no estado.
"Estavam chamando profissionais de fora, já que era preciso contratar uma certa quantidade de mestres. Até que eu fui chamada e permaneci colaborando lá com a educação por 30 anos. Muitos médicos, professores e autoridades de hoje foram meus alunos", contou.
Eunice conta que nada foi conquistado sem luta, porque o racismo prevalecia. "Eu não conquistei nenhuma letra sem luta. Muitas pessoas diziam na época que era pra contratar profissionais 'mais interessantes'. E esse interessante queria dizer para pessoas com a pele mais clara. Por todas as vezes que senti o preconceito e que perdi alguma oportunidade por causa da minha raça, eu digo que tenho orgulho de ser negra e de me aceitar como negra. Eu agradeço muito por ser premiada pela Prefeitura. Vejo isso como o reconhecimento por tudo que eu fiz para ver a minha região crescer e para a minha negritude ser exaltada com todos meus feitos", falou Eunice.
Professora Úrsula ajudou na estruturação educacional na transição do Território
A professora Úrsula Depeiza Malorey, de 86 anos, descendente de pai imigrante da ilha caribenha de Barbados e que também migrou para o Brasil devido à construção da EFMM, contribuiu com a educação porto-velhense por 44 anos. Durante seu tempo de trabalho, a educadora colaborou na estruturação da área educacional no importante processo de transição do Território para Estado.
"Eu sou de um tempo em que a gente trabalhava o ano inteiro e recebia duas vezes no ano. Está no meu sangue esse amor pela educação e por isso agradeço o reconhecimento, até porque as pessoas atuais não nos conhecem mais. Saber da nossa história também é uma forma de contar a história da educação do nosso estado. Fico muito feliz de ser lembrada pelo que fiz como educadora ainda em vida", disse Úrsula.
Além de Eunice e Úrsula, também recebem a premiação Ivana Frazão Tolentino, Luana Schockness Vieira, Marcela Bonfim, Marcele Regina Nogueira Pereira, Marinilde Helena da Silva Santos, Olguimar Angelica Cruz, Oseane Alves Marques e Régia de Lourdes Ferreira Pachêco Martins.
As mulheres homenageadas in memoriam que ajudaram a escrever a história de Porto Velho são: Aurélia Banfield, Berenice Eliza Johnson Silva, Ceci Bittencourt, Filomena Suzana Denny,
Geny Moreira, Lucinda Shockness Bentes, Mãe Esperança Rita da Silva, Ruth Conde Shockness, Silvana Mota Davis Lourenço e Violeta Hespina Jones Alleyne.
Luana Shockness canta e encanta na cena musical de Porto Velho
PREMIAÇÃO
O prêmio acontece por determinação da Lei Nº 2.833, de 20 de julho de 2021, que inclui no calendário do município o dia 25 de julho como Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.
A programação do evento vai contar com apresentações musicais do músico Kasan e da Orquestra Chorus, além de um breve bate-papo sobre o histórico da mulher negra em Porto Velho, com a professora doutora Sônia Sampaio.
A Prefeitura de Porto Velho homenageia a história das mulheres negras, pois elas carregam consigo historicamente a luta contra escravidão, a construção do país, a resistência e combate ao machismo e racismo. Todas elas precisaram se reinventar e fugir dos padrões para encararem seus sonhos e conquistar um futuro melhor para seus filhos e para o desenvolvimento da cidade.
Além de instituir o dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, a administração municipal resolveu homenagear, anualmente, 20 mulheres negras, sendo 10 em memória, que prestaram relevantes trabalhos para a sociedade no município nas áreas de educação, saúde, esporte, cultura, empreendedorismo, sociedade civil organizada, política e judiciário.
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