Na audiência sobre “taxi-compartilhado”, a maioria dos vereadores se esqueceu da população

Uma primeira questão fundamental a ser resolvida: como impedir a entrada das vans e a ampliação dos carros particulares que já atuam no transporte de passageiros da Capital, seja pelos aplicativos ou como “piratas”?

Por Itamar Ferreira *
Publicada em 14 de dezembro de 2017 às 09:45
Na audiência sobre “taxi-compartilhado”, a maioria dos vereadores se esqueceu da população

Nesta quarta-feira (13) na Câmara dos Vereadores houve uma audiência pública sobre o “taxi-compartilhado”, sistema de táxi-lotação que compete diretamente com o transporte coletivo e que teve sua atividade intensificada nos últimos dez dias.

Trata-se, salvo melhor juízo, de uma daquelas situações em que o interesse de se resolver, de forma apresada, um grave problema se cria outro ainda maior. O objetivo é buscar uma solução à grave situação dos taxistas, que estão indo literalmente à falência com a concorrência desleal de aplicativos como UBER, que não recolhe qualquer taxa ou impostos e por isso pode cobrar mais barato.

O prefeito Hildon Chaves e a SEMTRAN não vislumbrando como proteger e incentivar os taxistas, estão apoiando, vários os indícios apontam nesse sentido, abertamente a atividade do “taxi-compartilhada”, mesmo ao arrepio da lei e prevaricando-se em suas obrigações de autoridades municipais do trânsito. Segundo frase atribuída ao zeloso alcaide ele teria dito “deixa os taxistas garantir o décimo terceiro em novembro e dezembro”.

Sem dúvida alguma os taxistas estão em seu legítimo direito de lutar por suas sobrevivências e de suas famílias, porém o prefeito, o secretário da SEMTRAN e os vereadores tem a obrigação, além de pensar no bem-estar dos taxistas, de se preocuparem com os interesses maiores da população.

Não se pode resolver a grave situação dos taxistas de forma apressada e simplista, sem pensar nas consequências para o transporte coletivo e os demais transportes regularizados como o mototaxista, o taxista que não atua no “taxi-compartilhado” e o transporte coletivo. Uma primeira questão fundamental a ser resolvida: como impedir a entrada das vans e a ampliação dos carros particulares que já atuam no transporte de passageiros da Capital, seja pelos aplicativos ou como “piratas”?

Na audiência desta quarta-feira, casa cheia, o que mais se viu foi vereador “jogando pra galera”, fazendo discurso fácil para ganhar aplausos, mas poucos se manifestaram sobre como ficará o transporte diário de milhares e milhares de estudantes que atualmente pagam apena R$ 1,00 no transporte coletivo.

Suas excelências, no afã do aplauso fácil, esqueceram-se completamente da situação dos idosos que têm gratuidade total e dos deficientes físicos, que além da gratuidade precisa de acessibilidade. Serão estes segmentos da sociedade atendidos pelo “taxi-compartilhado”? Parece que tal situação não preocupa o prefeito, a SEMTRAN ou tão pouco a maioria dos vereadores da Capital.

O “taxi-compartilhado” é necessário e/ou irreversível? Então os segmentos envolvidos, taxistas, mototaxistas, rodoviários e transporte coletivo, juntamente com os vereadores e a Prefeitura precisam debater e apresentar soluções que garantam a sobrevivência de todo o sistema de transporte regularizado e não apenas dos taxistas, por mais importante que seja essa categoria, preservando-se o interesse maior da população.

É claro que teve honrosas exceções entre os vereadores que se manifestaram na Tribuna da Câmara, como Da Silva do SINTTRAR, Edwilson Negreiros, Ellis Regina e Márcio Pacele SITETUPERON, que defenderam, entre outras coisas, isenção/redução do ISS e do Diesel para amenizar os prejuízos do sistema de transporte coletivo.

Não existem soluções fáceis, principalmente quando se quer agir responsavelmente, e um amplo debate, intermediado pela Câmara dos Vereadores, entre as autoridades municipais e os segmentos do transporte regularizado será o melhor caminho para preservar minimamente os interesses de todos os envolvidos e, principalmente, os da população.

* Itamar Ferreira é bancário, sindicalista, bacharel em Direito/advogado, formado em administração de empresas e pós-graduado em metodologia do ensino, pela UNIR e ex-secretário da SEMTRAN.

Comentários

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    PATRÍCIA 14/12/2017

    Vocês tem que deixar a população escolher o que é melhor para o seu bolso, e decidir se que usar o transporte coletivo seja ele táxi compartilhado, taxi particular, mototáxi ou os piratas ilegais que já existem há vários anos. Quando os aplicativos dos ubers entraram não fizeram esse alvoroço todo, agora querem fazer média em cima da classe trabalhadora que pagam seus impostos em dia. Será que vocês não tem noção que as frotas dos táxis mesmo que quisessem não poderiam atender a população inteira de Porto Velho. Haja paciência para aqueles que não precisam de nenhum desses serviços oferecidos na cidade de porto velho que poderia ser bem melhor sendo que e a capital do Estado. Que vergonha. A população tem o direito de escolha.

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