Novo PGR assumirá o caso Bolsonaro
"Paulo Gonet chega à PGR com a missão de fazer o que não era feito pela equipe montada por Augusto Aras", escreve o colunista Eduardo Guimarães
Ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Durante a posse do doutor Paulo Gonet na PGR, a quem Lula nomeou meticulosamente após meses avaliando a indicação, o presidente deu uma forte "cutucada" no ex-PGR Rodrigo Janot e na Operação Lava Jato:
- Eu tô um pouco emocionado em voltar a esta Casa. Certamente vocês sabem por quê (...) Eu, doutor Paulo [Gonet] só queria lhe pedir uma coisa: o Ministério Público é uma instituição tão grande que nenhum procurador tem o direito de brincar com ela. O Ministério Público é uma instituição de tamanha relevância para a sociedade brasileira e para o processo democrático deste país que um procurador não pode se submeter a um presidente da República, não pode se submeter a um presidente da Câmara, não pode se submeter a um presidente do Senado, não pode se submeter aos presidentes dos outros Poderes, mas também não pode se submeter a manchete de nenhum jornal e à manchete de nenhum canal de televisão (...)
O recado foi muito claro. Rodrigo Janot foi o PGR que conduziu a presepada contra Lula e iniciou a que foi assacada contra Dilma. O presidente da República ganhou esse presente da vida, o qual entrará para a história. Quem sofreu vendo o que fizeram com ele também lavou a própria alma.
Agora, Gonet chega à PGR com a missão de fazer o que não era feito pela equipe montada por Augusto Aras. Lindôra Araújo e Carlos Frederico dos Santos seguraram o quanto puderam a denúncia de Bolsonaro ao STF cumprindo o acordo que fizeram com Aras quando ele os nomeou. Agora, a PGR está preparada para fazer o que é preciso.
O subprocurador Carlos Frederico Santos, que também virou o subengavetador-geral da República, entregou o cargo de coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, que conduz as investigações sobre os atos de 8 de janeiro. Lindôra nos deu o prazer de desinfetar da PGR já em setembro, pulando fora junto com Aras. Amém!
Agora, o novo procurador-geral da República, Paulo Gustavo Gonet Branco, vai assumir ele próprio o inquérito e fazer, ele próprio, a denúncia que os teleguiados de Bolsonaro se recusavam a fazer, em uma verdadeira orgia de prevaricações sequenciais.
Em seguida, a bola estará com o STF. Caberá a Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Flávio Dino impedirem o acordão que uma ala do STF tenta vender ao conjunto do colegiado sob o argumento de que condenar Bolsonaro equivalerá a transformá-lo em mártir...
Em respeito ao leitor, manterei dentro da cachola a tsunami de palavrões que a engolfam ao refletir sobre absurdo tão maiúsculo, tão asqueroso, tão covarde e tão perigoso para a democracia brasileira, pois manteria vivo o nazibolsonarismo enquanto viabilizaria seu retorno triunfal.
Eduardo Guimarães
Eduardo Guimarães é responsável pelo Blog da Cidadania
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