Número de cervejarias cresceu 12% no ano passado, aponta Anuário da Cerveja 2021
Segundo levantamento do Mapa, 166 novos estabelecimentos do tipo foram registrados no país. Setor é responsável por 2% do PIB e por cerca de dois milhões de empregos diretos e indiretos
O número de cervejarias registradas no Brasil cresceu 12% no ano passado. É o que mostra o Anuário da Cerveja 2021, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo o levantamento, a quantidade de estabelecimentos saltou de 1.383, em 2020, para 1.549 em 2021.
No ano passado, 200 novas cervejarias se registraram e 34 fecharam as portas, o que significa um saldo positivo de 166 empresas no mercado. Para Glauco Bertoldo, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa, o resultado confirma o bom momento do setor cervejeiro brasileiro.
“Esse aumento de 12% é bastante expressivo e demonstra que o setor tem investido em novos estabelecimentos. Foram 200 novas lojas registradas no ano passado, quase um estabelecimento por dia útil. Se estão investindo, se estão tendo ânimo de abrir tantas indústrias assim, é porque o consumo e o mercado se encontram aquecidos. É um excelente prognóstico para o setor como um todo”, avalia.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), o volume de cervejas vendidas no país cresceu 3,5% entre 2018 e 2019; 5,3%, de 2019 a 2020; e 7,7%, entre 2020 e 2021. No ano passado, os brasileiros compraram 14,3 bilhões de litros. Ano de eleições e Copa do Mundo, 2022 deve manter a tendência de alta que, de acordo com estimativa da Euromonitor, deve ser de quase 8%.
Recorte regional
Quase 86% das cervejarias brasileiras estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste do país, que somam 1.329 estabelecimentos. São Paulo, com 340 empresas registradas, Rio Grande do Sul (285) e Santa Catarina (195) lideram o ranking entre os estados.
No entanto, o mercado vem se expandindo no Norte e Nordeste, indica o anuário. Os estados que apresentaram o maior crescimento no número de cervejarias foram Rondônia, com alta de 200%; Acre, com alta de 100%; e Piauí, com 66,7%. “Esse movimento das cervejarias artesanais, das microcervejarias iniciou primeiro nos estados do Sul e Sudeste, mas é muito bacana ver também que esse novo mercado está se desenvolvendo agora para Norte e Nordeste e a gente imagina aqui que esse número possa aumentar bastante nos próximos anos nessas regiões”, afirma Bertoldo.
Importância para a economia
Paixão de boa parte dos brasileiros, a cerveja é marcante para o sabor dos consumidores, mas também para a economia do país. O setor é responsável por 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Pesquisa encomendada pelo Sindicerv junto à Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que a cadeia produtiva cervejeira gera mais de dois milhões de empregos diretos e indiretos.
Apenas no ano passado, o faturamento do setor bateu os R$ 77 bilhões. Luiz Nicolaewsky, diretor superintendente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), comenta a importância dessa atividade para a economia.
“O setor é esplêndido. É esplêndido no mundo, pelo que ele representa no mundo em geração de empregos, principalmente, e no Brasil, em especial, pela capacidade da cadeia de produção, que é uma cadeia longa, que começa no plantio do cereal e termina no consumo, no copo, na lata, com um milhão e duzentos mil pontos de vendas no país”, explica. Segundo o próprio Sindicerv, o Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
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Consumo interno
O número de municípios que contam com, ao menos, uma cervejaria aumentou 10,3% no ano passado. O estado de São Paulo é aquele que tem mais cidades com, ao menos, um estabelecimento desse tipo. Já o Rio de Janeiro se destaca por ser a unidade da federação com a maior dispersão de cervejarias, já que mais de um a cada três tem, ao menor, uma cervejaria.
Segundo o anuário, o Brasil tem uma cervejaria registrada para cada 137.713 habitantes. No ranking de densidade cervejeira por habitante, lideram os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
O crescimento das cervejarias no Brasil também é acompanhado pela alta na quantidade de produtos liberados no mercado. São 35.741, 5,2% a mais do que em 2020. Segundo Bertoldo, a preferência do brasileiro pela cerveja nacional está aumentando, o que ajuda a explicar porque o país importa a bebida cada vez menos.
“Isso demonstra que as opções que estamos disponibilizando no mercado interno de cervejas especiais, esses produtos diferenciados, estão muito bons e com uma alta disponibilidade aqui no mercado interno. A gente não depende mais tanto da importação de cervejas especiais e temos boas alternativas aqui no país, inclusive com as nossas cervejas ganhando diversos prêmios internacionais, mostrando a maturidade do nosso setor produtor”, acredita.
Segundo o Mapa, o Brasil exportou suas cervejas para 71 países no ano passado, o que resultou em um faturamento de US$ 131,5 milhões. As importações, com origem em 27 países, somaram pouco mais de US$ 15,7 milhões.
Registro
O Mapa ressalta que todos os estabelecimentos que produzem, padronizam, engarrafam e vendem em atacado, exportam ou importam cerveja devem se registrar junto ao órgão. O mesmo vale para as bebidas fabricadas no país. O pedido pode ser feito por meio do gov.br, acessando o Sipeagro. O certificado de registro tem validade de 10 anos e demora, em média, 33 horas e 45 minutos para ser expedido.
No início de setembro, o Mapa publicou o Cartilhão de Bebidas. O documento reúne as normas brasileiras que tratam dos padrões de identidade e qualidade, do registro de estabelecimentos e produtos, da importação e da exportação, além dos parâmetros analíticos e de composição.
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