O entra e sai na SEMED

Lamento decepcionar os séquitos palacianos, mas não creio que a mudança de comando na SEMED produzirá benefícios práticos e duradouros, apesar de o novo titular ser uma pessoa bem intencionada.

Valdemir Caldas
Publicada em 02 de abril de 2019 às 10:05
O entra e sai na SEMED

(*) Valdemir Caldas

Já era tempo de algumas pessoas terem aprendido que há tarefas de governo que transcendem às qualidades pessoais ou profissionais de certas autoridades. No campo da educação municipal, por exemplo, a experiência tem revelado a total procedência da afirmação.

Vários foram os técnicos que passaram pela Secretaria Municipal de Educação. Para alguns, pessoas da maior envergadura moral e indiscutível competência profissional, cada qual ao seu tempo, como a grande esperança de solução para a recorrente crise que aflige o setor.

A cada troca, porém, novas frustrações têm desabado sobre a população, enquanto observadores desmentem tudo o que diziam antes, sobretudo porque a verdade parece estar mais próxima dos que caem que dos que sobem.

Em geral, invoca-se passado exitoso dos novos ocupantes, não sendo raro descobrir-lhes virtudes ignoradas até mesmos pelos que lhes são mais íntimos. Isso porque os que sobem exercem sedução irresistível sobre certo tipo de pessoas.

Mais uma vez estamos diante de um episódio exemplar. César Licório deixou a Secretaria Municipal de Educação. Em seu lugar, assumiu Márcio Antonio Félix Ribeiro. O novo titular da SEMED esteve segunda-feira (1) na Câmara Municipal de Porto Velho. Foi tentar convencer os vereadores, dentre outras coisas, de que os contratos para a prestação dos serviços de transportes escolar rural terrestre e fluvial deverão ser efetivados nos próximos vinte dias, mas deixou o local com a certeza de que suas palavras não produzirão efeitos práticos. Enquanto isso, centenas de alunos da área rural vêm perdendo aula por falta de ônibus. Lembrando que o ano letivo de 2018 foi comprometido e que o calendário de 2019 ainda não começou.

Como esperar-se, pois, poder sair do pântano do atraso, se somos incapazes de instruir centenas de irmãos para que eles tenham o elementar direito de não vegetar na vergonhosa coluna estatística do analfabetismo.

O desleixo para com a educação é o maior problema que aflige o Brasil, a raiz de todos os seus males. A partir do momento em que existam escolas em número suficiente, professores preparados, dignamente remunerados e estruturas compatíveis, poderemos libertar a nação do patamar de vexam educacional em que se acha.

Lamento decepcionar os séquitos palacianos, mas não creio que a mudança de comando na SEMED produzirá benefícios práticos e duradouros, apesar de o novo titular ser uma pessoa bem intencionada. Mas só isso não basta. Afinal, de boas intenções, o inferno está cheio.   

Comentários

  • 1
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    j paulo 02/04/2019

    O problema é estrutural, que vai desde a dificuldade de fazer uma licitação isenta e de qualidade até a falta de fiscalização do contrato, principalmente por parte dos setores internos com essa responsabilidade muitas vezes ocupados por pessoas sem "isenção" para assumir tais postos. O prefeito não pode esperar para reconhecer um corrupto.

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