O furacão e as queimadas

Basta ver o que eles fizeram com a fumaça: as poucas providências só depois da tragédia instalada. Triste: o Brasil não é para amadores!

Fonte: Professor Nazareno - Publicada em 11 de outubro de 2024 às 10:26

O furacão e as queimadas

Praticamente na mesma época do ano, entre os meses de julho e outubro, e todos os anos, esses dois fenômenos são verificados respectivamente tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. A diferença entre eles está na maneira de se lidar com estas duas catástrofes. No primeiro mundo, os furacões são forças da natureza enquanto no Brasil as queimadas são o resultado de ações meramente humanas. Queimadas e furacões podem não ter relações entre si, mas com certeza quanto mais se destrói a natureza mais fortes são os furacões e também outros eventos climáticos. No Brasil, de um modo geral, parte do agronegócio, com apoio governamental, incendeia a floresta amazônica para poder produzir mais pasto para os seus rebanhos e também para exportar mais commodities. A fumaça tóxica toma conta do país, fecha aeroportos, provoca doenças e estabelece o caos.

A postura das autoridades e das instituições diante desses fenômenos é o grande diferencial tanto aqui quanto lá nos Estados Unidos. Com alguns dias de antecedência, na América do Norte, os furacões são previstos e as autoridades começam logo os trabalhos de prevenção. Populações inteiras de dois, três milhões ou mais de pessoas são evacuadas imediatamente para outras áreas mais seguras do país. As cidades ficam completamente vazias e a Guarda Nacional, o Exército, as Forças Armadas, Defesa Civil, Igrejas, as companhias de aviação, os taxistas, Corpo de Bombeiros, polícias, guardas municipais, FBI e muitas outras forças da sociedade vão a campo para tentar amenizar a fúria da natureza e salvar o maior número possível de pessoas. Unidos e empenhados num objetivo comum, prefeitos, governadores e até o presidente do país não baixam a guarda.

Já no Brasil, infelizmente, é tudo diferente. Muito diferente mesmo. Com relação às queimadas, por exemplo, todo mundo já sabia de antemão que a Amazônia iria arder sob o fogo. Nenhuma autoridade, absolutamente ninguém da sociedade tomou precauções para enfrentar o caos que veio. Este ano de 2024, a partir do mês de julho a fumaça tóxica invadiu Porto Velho, a suja e fedorenta capital de Rondônia, e ninguém sequer fez comentários sobre a desmantelo que se abateu sobre todos nós, pobres moradores e pagadores de impostos. Era época de eleições e os candidatos fizeram vistas grossas ao horror que estava se instalando. Praticamente nenhum deles se incomodou com o fato gravíssimo do fogo no bioma amazônico. Parece que eles estavam morando na Bélgica ou no interior da França: se fizeram de desentendidos e deram uma de “João sem braço”.

Já pensou se um furacão da magnitude de um “Milton” chegasse a Porto Velho? Quem iria nos socorrer? Bombeiros? Câmara de Vereadores? A Assembleia Legislativa? O prefeito? O governador? Nossos três senadores? Os deputados federais? As Forças Armadas? Essas autoridades não evacuariam as pessoas diante de perigo nenhum. Elas evacuariam nas pessoas. Já pensou o preço dos alimentos nos supermercados daqui? Tudo pelo triplo. Passagens aéreas para fugir dos ventos catastróficos seriam somente para os ricos, os políticos e as pessoas privilegiadas. Um galão de água mineral custaria uns 100 ou 200 reais. Tudo destruído e o povão na merda. Bairros inteiros saqueados pelos ladrões e aproveitadores. De longe e já bem seguras, as “autoridades” davam ordens pela internet para quem tivesse a sorte de ter escapado. Basta ver o que eles fizeram com a fumaça: as poucas providências só depois da tragédia instalada. Triste: o Brasil não é para amadores!

*Foi Professor em Porto Velho.

O furacão e as queimadas

Basta ver o que eles fizeram com a fumaça: as poucas providências só depois da tragédia instalada. Triste: o Brasil não é para amadores!

Professor Nazareno
Publicada em 11 de outubro de 2024 às 10:26
O furacão e as queimadas

Praticamente na mesma época do ano, entre os meses de julho e outubro, e todos os anos, esses dois fenômenos são verificados respectivamente tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. A diferença entre eles está na maneira de se lidar com estas duas catástrofes. No primeiro mundo, os furacões são forças da natureza enquanto no Brasil as queimadas são o resultado de ações meramente humanas. Queimadas e furacões podem não ter relações entre si, mas com certeza quanto mais se destrói a natureza mais fortes são os furacões e também outros eventos climáticos. No Brasil, de um modo geral, parte do agronegócio, com apoio governamental, incendeia a floresta amazônica para poder produzir mais pasto para os seus rebanhos e também para exportar mais commodities. A fumaça tóxica toma conta do país, fecha aeroportos, provoca doenças e estabelece o caos.

A postura das autoridades e das instituições diante desses fenômenos é o grande diferencial tanto aqui quanto lá nos Estados Unidos. Com alguns dias de antecedência, na América do Norte, os furacões são previstos e as autoridades começam logo os trabalhos de prevenção. Populações inteiras de dois, três milhões ou mais de pessoas são evacuadas imediatamente para outras áreas mais seguras do país. As cidades ficam completamente vazias e a Guarda Nacional, o Exército, as Forças Armadas, Defesa Civil, Igrejas, as companhias de aviação, os taxistas, Corpo de Bombeiros, polícias, guardas municipais, FBI e muitas outras forças da sociedade vão a campo para tentar amenizar a fúria da natureza e salvar o maior número possível de pessoas. Unidos e empenhados num objetivo comum, prefeitos, governadores e até o presidente do país não baixam a guarda.

Já no Brasil, infelizmente, é tudo diferente. Muito diferente mesmo. Com relação às queimadas, por exemplo, todo mundo já sabia de antemão que a Amazônia iria arder sob o fogo. Nenhuma autoridade, absolutamente ninguém da sociedade tomou precauções para enfrentar o caos que veio. Este ano de 2024, a partir do mês de julho a fumaça tóxica invadiu Porto Velho, a suja e fedorenta capital de Rondônia, e ninguém sequer fez comentários sobre a desmantelo que se abateu sobre todos nós, pobres moradores e pagadores de impostos. Era época de eleições e os candidatos fizeram vistas grossas ao horror que estava se instalando. Praticamente nenhum deles se incomodou com o fato gravíssimo do fogo no bioma amazônico. Parece que eles estavam morando na Bélgica ou no interior da França: se fizeram de desentendidos e deram uma de “João sem braço”.

Já pensou se um furacão da magnitude de um “Milton” chegasse a Porto Velho? Quem iria nos socorrer? Bombeiros? Câmara de Vereadores? A Assembleia Legislativa? O prefeito? O governador? Nossos três senadores? Os deputados federais? As Forças Armadas? Essas autoridades não evacuariam as pessoas diante de perigo nenhum. Elas evacuariam nas pessoas. Já pensou o preço dos alimentos nos supermercados daqui? Tudo pelo triplo. Passagens aéreas para fugir dos ventos catastróficos seriam somente para os ricos, os políticos e as pessoas privilegiadas. Um galão de água mineral custaria uns 100 ou 200 reais. Tudo destruído e o povão na merda. Bairros inteiros saqueados pelos ladrões e aproveitadores. De longe e já bem seguras, as “autoridades” davam ordens pela internet para quem tivesse a sorte de ter escapado. Basta ver o que eles fizeram com a fumaça: as poucas providências só depois da tragédia instalada. Triste: o Brasil não é para amadores!

*Foi Professor em Porto Velho.

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