O inferno é no João Paulo II
Mesmo não acreditando no inferno, menciono-o como metáfora, considerando o melhor entendimento que as pessoas possam ter, na exata dimensão que o termo representa.
Mesmo não acreditando no inferno, menciono-o como metáfora, considerando o melhor entendimento que as pessoas possam ter, na exata dimensão que o termo representa.
Já é costumeira as reclamações e denuncias feitas, em relação aos graves problemas referente ao atendimento no sistema público de saúde brasileira. Em Porto Velho, não poderíamos deixar de gozar, da mesma inglória situação.
A realidade, sempre é mais chocante. Por mais informação que se tenha, por mais reportagens reveladoras que se assista, nunca é tão representativa do objeto a ser observado, como a vivência real, objetiva, factual.
Tive o infortúnio, por essas vicissitudes da vida, em me tronar um hóspede por algumas “ditosas” horas, ainda que por razões impositivas, do Pronto Socorro João Paulo II – PS JP II.
Fui acometido de forte crise de insuficiência respiratória, um mal crônico que me acomete desde a infância, causado por uma bronquite asmática e que requeria uma situação de emergência. Quem costuma passar por situações como essas, pode imaginar do que estou falando.
Mas vamos ao principal foco da questão. Hoje, quem vê a fachada do PS JP II, não pode aquilatar, o que de fato ocorre no interior das suas dependências. Mais parece um acampamento de refugiados de guerra. Sem a pretensão de cometer alguns exageros.
A situação daquela unidade de saúde, é das mais deploráveis, das mais injustas, das mais desprezíveis, para a dignidade humana. Um acúmulo de deficiências, potencializadas por uma série de disfunções, nas suas mais variadas formas e intensidades.
Ali se encontram, verdadeiros “trapos humanos”, negligenciados por uma ordem perversa, condicionada pela má gestão dos nossos governantes. Uma total ausência de políticas públicas, que sejam capazes de minimizar, que dirá reverter essa lógica.
Os corredores do JP II, viraram enfermarias. Macas espalhadas de forma precária, povoando aquele universo hospitalar, amontoadas de gente, cada um, carregando consigo, as desditas dos seus trágicos dilemas.
Imagine alguém com a necessidade de atendimento de máxima urgência, ter que esperar por horas, dias, meses, com seus problemas graves de saúde, sendo agravados a cada minuto, sem a mínima possibilidade de um atendimento digno. Estrados de madeira, de plásticos, telas duras das macas, são alcochoados para amenizar os desconfortos sentidos pelos corpos, flagrados pela dor. Para dizer o mínimo.
Some-se a isso, a ausência dos mais elementares medicamente, que se constituem no uso de rotina, aos pacientes que ali se encontram.
Constrangedor, é a convivência abarrotada naquele mesmo espaço, entre homens e mulheres, como se animais fora, tendo que abrir mão das sua suas intimidades, para compartilhar suas necessidades mais primárias. Um horror.
Uma pequena síntese, do que pode ser apenas, uma parte representativa, da real situação das nossas unidades hospitalares emergenciais.
Convém ressaltar, que para além das péssimas condições estruturais de atendimento do João Paulo II, existe uma dimensão humana que merece a nossa consideração. Estamos falando do atendimento deferido pelos profissionais de saúde daquela referida unidade.
São eles, que à despeito de todas as deficiências ali existentes, conseguem dispensar uma atenção e uma dedicação aos seus pacientes, que de outra forma, tornariam aquele ambiente, muito mais desumano e absolutamente insuportável.
São verdadeiros heróis e heroínas, honrando os seus compromissos com a profissão que abraçaram, na perspectiva de amenizar a dor e o sofrimento, de tantos desafortunados que para ali são destinados, por situações imponderáveis da existência humana. Nesse sentido, os meus sinceros agradecimentos muito especiais, ao Dr. Vinícius e Dorª Fernanda, que sabem honrar com muito esmero, esse sacerdócio que abraçaram como causa.
Óbvio que numa atmosfera pesada como essa, em algum momento, há de eclodir algum conflito, ensejado pelas tensões próprias das demandas dos pacientes e seus respectivos familiares, e a oferta dos serviços dos profissionais, que ali estão para cumprir a sua jornada de trabalho. No limite, as prementes necessidades dos pacientes, hão de colidir inevitavelmente, com as barreiras inerentes à capacidade de cada servidor , motivados pelas imperfeições que circunstanciam o ser humano na sua inteireza.
Não poderia deixar de tecer um pequeno comentário, sobre o setor de saúde brasileiro, do qual Rondônia, também se torna um reflexo.
As mazelas do setor da saúde em nosso País, é a resultante de uma questão estrutural maior. Se existem setores vitais, necessários às melhores condições de vida da nossa população, e que se encontram em estado lastimáveis de atuação, isso deve certamente ser determinado, por fatores que precisam ser melhor analisados.
Ouso apontar, pelo menos alguns gargalos, que de outra forma, colocaria o nosso Sistema Único de Saúde, em patamares bem mais civilizados.
O primeiro deles, diz respeito ao tamanho da infraestrutura oferecida, e a demanda existente. Temos uma estrutura deficitária, para uma demanda universal.
Outros fatores igualmente determinantes, contribuem para esse caos. Um deles, é a péssima gestão, tanto da estrutura da máquina, como dos recursos financeiros e humanos. Em relação aos recursos financeiros, a sua má aplicação, que fogem às suas verdadeiras finalidades, não oportuniza a sua racional operacionalidade. Muito embora, não sejam os necessários e suficientes, tampouco pouco, são desprezíveis assim. Aliado a tudo isso, existe um brutal processo de corrupção, que corrói a saúde, a educação e tantos outros setores da nossa sociedade.
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Comentários
Professor cadê minha de Economia Regional??preciso me formaaaaar!!!!
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