O mar, o rochedo e o marisco

No final de tudo isso, fica a máxima segundo a qual, na luta do mar contra o rochedo, que leva a pior é o marisco.

Valdemir Caldas
Publicada em 04 de abril de 2019 às 15:26
O mar, o rochedo e o marisco

(*) Valdemir Caldas

O fracasso da greve dos agentes penitenciários em Rondônia deixa margem a uma série de interpretações. Tanto se podem analisar aspectos ligados à difícil situação dos que prestam trabalho à máquina oficial, quanto apreciar a estratégia adotada pela direção do movimento.

Seria preciso muita distância da realidade, para prever o êxito do movimento grevista. Não é preciso ser especialista em sindicalismo, sequer um perito em politica, para considerar que nenhuma greve prescinde de alto grau de mobilização e engajamento do segmento funcional.

Por mais que os problemas do cotidiano se avolumem e prejudiquem diretamente os trabalhadores, tem-se verificado no Brasil que isso não basta para fazer eclodir vigoroso movimento social. De outro lado, o paternalismo ainda presente na grande maioria das instituições e as diversas práticas de cooptação concorrem para que as dificuldades do dia a dia sejam enfrentadas de maneira diferente.

Longe de mim, contudo, pretender condenar o caráter da greve.  Afinal, a revisão salarial é um imperativo constitucional e um direito do trabalhador, assim como a manutenção de benefícios conquistados, à duras penas, ao longo de seguidos anos, mas, na pior das hipóteses, parece-me que houve açodamento por parte dos organizadores do movimento, conquanto haja quem prefira dizer que faltou habilidade aos representantes da categoria durante o processo de negociação com o poder executivo.

Resultou provado que bater de frente com o governo não foi a melhor opção para os organizadores do movimento. Por conta disso, a consequência não poderia ser outra: o monumental fracasso em que se transformou o movimento paredista. A vaca foi para o brejo. Difícil, agora, será retirá-la.

É hora de todos colocarem de lado eventuais diferenças, sentarem-se à mesa, e buscarem não o que parece ser o melhor para um dos lados, mas para a população, sem dúvida, a maior prejudicada na queda de braço entre governo e sindicato. No final de tudo isso, fica a máxima segundo a qual, na luta do mar contra o rochedo, que leva a pior é o marisco.

Comentários

  • 1
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    Mauricio 04/04/2019

    Quero aqui discordar da seu matéria. Primeiro que não houve fracasso, mas sim um avanço, pois este movimento chamou a atenção das autoridades pelo descaso e a fragilidade do sistema prisional. Segundo que este movimento, chamou a atenção do judiciário, que na pessoa do presidente desembargador Valter, estabeleceu uma mediação para este conflito e que no prazo de 60 dias teremos um dislinde. Terceiro, não há que se falar em fracasso, quando uma categoria adere e se uni ao 100 %movimento Quarto, o recuo faz Parte de uma estratégia de guerra. Quinto, este articulista, perdeu a oportunidade em fazer uma matéria, abordando aspectos dos heróis invisíveis que são os garante da escória da sociedade, heróis esse que garantem a segurança em nosso estado. Sexto, os Agepen de Rondônia são bravos Guerreiros que levam este estado nas costas, que somente querem um salário digno.

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