O poder da corrupção
Prova disso são as inúmeras quadrilhas especializadas em desviar recursos públicos
Tem muita gente que acha que não vale apena roubar, mas tem gente que acha que vale a pena, principalmente se o país for o Brasil e o alvo da pilhagem for o dinheiro público. Prova disso são as inúmeras quadrilhas especializadas em desviar recursos públicos. Fazem-na com a maior tranquilidade e, o que é pior, com a certeza de que jamais serão alcançadas pelas garras da justiça.
Alguns episódios ainda estão presentes na memória de muitos brasileiros. Os ilícitos, graves, tornados públicos por meio das operações, são parte de uma ampla rede de corrupção alimentada historicamente entre poderes. A cada nova descoberta, a cada novo desmantelamento das conexões, esperava-se a adequada punição dos responsáveis, mas os fatos têm revelado que ainda estamos muito longe de enfrentar com rigor o quadro crônico de um sistema visceralmente corrompido.
Quem não se recorda da “Operação Dominó”. Foram quase três milhões surrupiados dos cofres públicos, entre março de 2003 e junho de 2005. A roubalheira foi descoberta pelo Ministério Público de Rondônia, em 2006. Das vinte e uma pessoas acusadas, apenas quatro foram condenadas, e dezessete (isso mesmo, dezessete!) beneficiadas com o instituto da prescrição. É mole? Não! Esse é o Brasil.
Muito se tem falado e escrito sobre o fortalecimento das instituições e da exigência da transparência nas administrações, como parte de um dever dos gestores, dos funcionários e da população, mas isso não parece ter produzido resultados alvissareiros no combate a práticas delituosas contra o patrimônio público. O legado de bandalheiras deixado é gigantesco e possui raízes profundas, tanto que para uma parcela expressiva da sociedade a corrupção é naturalmente aceita. Sair desse pântano, maléfico para o conjunto do país, não é tarefa fácil, requer, entre outras coisas, a somatória de todos os poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, além dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, dos Tribunais de Contas e das policiais Federal e Civil, cada um atuando dentro dos espaços que lhes são garantidos pela Constituição Federal.
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