Os alertas de Luana e Malafaia
“O pastor também tem o poder da advertência sobre situações que os outros fingem não enxergar”, escreve o colunista Moisés Mendes
Silas Malafaia e Luana Piovani (Foto: Divulgação)
Luana Piovani nos livrou da invasão da praia pelos farofeiros milionários da turma do Neymar. E Silas Malafaia tenta evitar a invasão da praia de Bolsonaro pelo ônibus com os farofeiros militarizados de Tarcísio de Freitas.
São alertas acionados por figuras improváveis e que, é óbvio, estão em praias opostas. O caso da PEC das praias deveria ter sido alardeado pelos próprios políticos de esquerda com mandato na Câmara e no Senado, pelos ambientalistas e pela imprensa. Ficaram quietinhos, com as exceções de sempre.
Luana Piovani deu o grito de guerra: daqui não passarão. E o futevôlei de Neymar com Flavio Bolsonaro parece ter sido interrompido, pelo menos por enquanto.
Agora, Silas Malafaia, e não alguém da alta cúpula do PL e das internas do comando bolsonarista, alerta que Tarcísio está urdindo a morte política do próprio líder para ocupar seu território.
Malafaia cumpre o papel de acionar o alarme, com um detalhe constrangedor. O acusado de virar posseiro das praias e de todo o espólio de Bolsonaro é o governador de São Paulo. Que disse no trio elétrico da aglomeração na Paulista, em fevereiro, que não teria sido nada na vida sem o padrinho.
Mas a turma com vínculos com Malafaia está envolvida em outro caso que Luana pode arredar dos cantinhos. Luana precisa entrar no debate de uma armadilha com os componentes básicos da pregação moralista neopentecostal.
Um plano escabroso tramita na Câmara. É o projeto 5167/09, que já passou pela Comissão de Previdência e chegará não se sabe quando à Comissão de Constituição e Justiça. O projeto tem a autoria do deputado Capitão Assunção (PL-ES).
O capitão quer proibir a união homoafetiva. Por que tentar legislar sobre uma questão encerrada em 2011 pelo Supremo, que permitiu a união civil entre quaisquer pessoas, sem restrições de sexo?
Olhe só, Luana, a trama da extrema direita. Fizeram o que chamam de apenso (um contrabando) a um projeto do deputado Clodovil Hernandes e inverteram a proposta original, de 2007.
Clodovil morreu em 2009. Eles pegaram o projeto e subverteram sua ideia essencial: ao invés de acompanhar a proposta de permitir uniões homoafetivas, o projeto apensado passou a proibir. O relator é o deputado Pastor Eurico (PL-PE).
Um capitão e um pastor tentam revogar o que o STF decidiu há 13 anos. Vai passar? Dizem que não passa. Mas o projeto das praias passou na Câmara e estava andando no Senado.
Como passam os projetos que liberam agrotóxicos. E tentarão fazer passar o projeto da anistia para manés do 8 de janeiro e, quem sabe, até para Bolsonaro.
Esse projeto da turma que tem Malafaia acima de tudo já foi tema de alerta de Paolla Oliveira nas redes sociais. Mas não teve a mesma repercussão da advertência do caso das praias.
Podem dizer o que sempre dizem: que o projeto contra a união de LGBTQIA+ dorme numa gaveta, como dormia o projeto original de Clodovil, e que dali não sairá. Não é bem assim.
A PEC das praias foi aprovada em fevereiro de 2022 e parecia estar numa gaveta do Senado, mas tramitava na moita, com a relatoria silenciosa de Flavio Bolsonaro, até ser denunciada por Luana.
O projeto que proíbe a união civil homoafetiva é um entre centenas de propostas da extrema direita, que circulam nas sombras dentro do Congresso. Luana poderia se especializar em acompanhar a evolução das ideias do fascismo na Câmara e no Senado.
E Malafaia? O pastor talvez se dê conta logo de que seu alerta pode ter chegado tarde. Que Bolsonaro virou o santinho do pau oco da extrema direita e que Tarcísio Freitas já se adonou da praia do chefe e até do guarda-sol que seria de Michelle.
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
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