Pais de crianças com Transtorno de Espectro Autista contam rotina de desafios e superação no Talentos do Futuro

Atividade física apresenta efeitos benéficos em relação à saúde e qualidade de vida

Texto: André Oliveira Foto: Semes
Publicada em 31 de março de 2023 às 19:51
Pais de crianças com Transtorno de Espectro Autista contam rotina de desafios e superação no Talentos do Futuro

Há dois anos, João começou praticar handebol no Programa Talentos do Futuro

“O esporte traz muitos benefícios, principalmente o respeito e a concentração. Os autistas trabalham muito sua concentração e o esporte desenvolve muito bem isso aí”. O relato é do professor Christian Santos, pai do pequeno João Almeida, 10 anos, diagnosticado com Transtorno de Espectro Autista (TEA).

Christian conta que descobriu que o filho tinha TEA bem cedo. Segundo o pai, João gostava de ficar sozinho, não queria muita conversa e na maioria das vezes ficava pelos cantos. “Nós suspeitamos o jeito dele ser e de reagir, procuramos ajuda de um neurologista, foram feitos os exames e diagnosticado o autismo dele, no caso autismo leve”, declarou o pai.

Há dois anos, João começou praticar handebol no Programa Talentos do Futuro, realizado pela Secretaria de Esporte e Lazer (Semes), e a partir de então a vida de toda família mudou. “Logo no começou, ele ficou meio tímido, mas depois foi se soltando. Gostou muito do professor Erasmo, e agora as mudanças são muitas, em especial ajudou em casa e na escola”, pontua Christian Santos.

Sirlene Batista e a filha Isadora Viviane, 14 anos, que também faz parte do programaSirlene Batista e a filha Isadora Viviane, 14 anos, que também faz parte do programa

A história é parecida com a de Sirlene Batista. A dona de casa é mãe da Isadora Viviane, 14 anos, que é também uma pessoa com autismo. De acordo com Sirlene, foi há pouco tempo que conheceu o Programa Talentos do Futuro.

“Dá uma alegria e satisfação porque ela está se acostumando também com as crianças. Ser mãe da Isadora é uma benção. É um aprendizado para a gente. Eu aprendo mais com ela, do que ela comigo”, destaca Sirlene.

As duas crianças praticam handebol com o professor Erasmo Mesquita, no Ginásio Dudu, zona Sul de Porto Velho. O professor destaca que além do exercício, o importante é a sociabilização. “Através do esporte dá para mudar a vida dessas crianças. Inclusive a participação dos pais é fundamental para eles acompanharem esses avanços”, afirma o professor.

O comportamento de João mudou após começar a praticar esporteO comportamento de João mudou após começar a praticar esporte

DESENVOLVIMENTO

Segundo a psicóloga da Semes, Renata Leles, muito além do desenvolvimento motor e físico, o esporte estimula a interação social, uma das áreas mais afetadas pelo TEA. “Ao inserir crianças e adolescentes com TEA nos esportes, elas passam a se socializar e desenvolver habilidades de comunicação e interação. As atividades físicas em toda sua amplitude apresentam efeitos benéficos em relação a saúde e qualidade de vida”, conclui Renata Leles.

De acordo com a secretária da pasta, Ivonete Gomes, a prática esportiva deve ser incentivada desde a infância, pois já é de amplo conhecimento os benefícios que ela traz tanto para o desenvolvimento físico como para as funções cognitivas das crianças, tais como memória e atenção. “Ajuda a vencer as próprias dificuldades, contribui inclusive para a melhora da autoconfiança, interação com outras pessoas e até mesmo a comunicação”, finaliza Ivonete Gomes.

DATA

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo é celebrado todo dia 2 de abril, desde 2007. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com objetivo de reduzir o preconceito com a população através de maior disseminação de informação.

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