Pesquisadores registram jacu-de-barriga-castanha em MG
Espécie permanece na região de Brasilândia de Minas, 13 anos após o último registro oficial.
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do ICMBio, e da Aves Gerais Monitoramento Ambiental realizaram uma expedição de busca ao jacu-de-barriga-castanha, Penelope ochrogaster, no município de Brasilândia de Minas/MG, entre 16 a 21 de julho. A expedição, prevista no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal, teve como objetivo registrar essa espécie ameaçada, cujo último registro na região ocorreu em 2005.
Segundo o pesquisador Lucas Carrara, da Aves Gerais Monitoramento Ambiental, a expedição permitiu comprovar que P. ochrogaster permanece na região de Brasilândia de Minas, 13 anos após o último registro oficial. A espécie foi detectada em seis pontos distintos, todos em floresta ripária às margens do rio Paracatu, principalmente em trechos em estágio de desenvolvimento médio e avançado com árvores de grande porte e sub-bosque pouco desenvolvido.
A população mínima da área de estudo foi de 10 indivíduos, todos detectados no dia 19 de julho ao longo de 13,5km de percurso de bote. Outros quatro indivíduos foram detectados dois dias antes. Para encontrar a espécie, os pesquisadores percorreram mais de 100 quilômetros de estradas e trilhas cobrindo os diferentes ambientes da região (mata ciliar, cerradão, cerrado-parque, veredas de buriti, dentre outros) e cerca de 16km do rio Paracatu em bote inflável. Também foram instaladas armadilhas fotográficas em locais com potencial para abrigar a espécie, como a mata ciliar do rio Paracatu, a mata ciliar do ribeirão Cotovelo e em uma estrada marginal ao rio Paracatu. Entrevistas informais com moradores da região foram muito úteis para obter informações sobre a ocorrência da espécie na região.
Além do jacu-de-barriga-castanha, outras espécies de relevância conservacionista foram detectadas, como o cara-dourada Phylloscartes roquettei, o arapaçu-de-wagler Lepidocolaptes wagleri, o tuiuiú Jabiru mycteria, o tamanduá-bandeira Myrmecophaga tridactyla, o tatu-canastra Priodontes maximus, o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, a jaguatirica Leopardus pardalis e a onça-parda Puma concolor. “Os dados obtidos nessa expedição ressaltam a importância da região para a conservação da biodiversidade”, comemora o biólogo do Cemave Aílton Oliveira.
O jacu-de-barriga-castanha é ameaçado principalmente pela perda de habitat e pela caça. “Durante a expedição detectamos atividade de caça em três ocasiões na mata ciliar ao longo do rio Paracatu, sendo visualizada uma espera de caçador com ceva recente e, em outras duas ocasiões, escutamos tiros. Isso reforça a necessidade de ações efetivas de fiscalização e de educação ambiental na região, como estratégias para coibir a caça”, alerta o analista ambiental Emanuel Barreto, do Cemave.
A restauração e conservação das matas ciliares do rio Paracatu, principal afluente do rio São Francisco, a criação de Unidades de Conservação e o incentivo ao estabelecimento de RPPN na região são iniciativas essenciais para favorecer a população do jacu-de-barriga-castanha e de outras espécies raras ou ameaçadas da região.
De acordo com a Bióloga Luciene Carrara, da Aves Gerais Monitoramento Ambiental, “Paracatu é um termo de origem tupi formado através da junção de Pará (rio) e Katu (bom). Todas as iniciativas a favor da proteção das paisagens naturais e conservação da biota regional que o caracterizam, em especial as florestas ripárias, são necessárias para garantir que o “rio bom” faça cada vez mais sentido, tanto para a região de Brasilândia de Minas como para toda a bacia do Paracatu e vale do rio São Francisco”.
Família Cracidae
O jacu-de-barriga-castanha Penelope ochrogaster (Família Cracidae) é uma das sete espécies do gênero que ocorrem no Brasil e figura entre as mais ameaçadas. Sua distribuição está vinculada ao Cerrado, considerado um hotspot da conservação da biodiversidade, ou seja, área prioritária para conservação por ser um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta. As informações recentes sugerem que suas populações mais representativas estejam restritas ao vale do Araguaia e pantanal mato-grossense. O desmatamento e a caça são as principais ameaças à espécie. Categorizada nacionalmente como Vulnerável e em Minas Gerais como Criticamente em Perigo de Extinção. Saiba mais aqui.
O Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal é coordenado pelo CEMAVE e tem como objetivo geral diminuir a perda de habitat e populações de aves, incentivar a recuperação ambiental e produzir conhecimento sobre as espécies do PAN. Foi aprovado por meio da Portaria ICMBio nº 34, de 27 de março de 2014, contemplando 21 espécies ameaçadas com ocorrência nos biomas Cerrado e Pantanal, além de 26 espécies beneficiadas. Saiba mais acesse aqui.
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