Porto Velho sem a Banda

Mas todos os responsáveis, os foliões, assim como todas as autoridades constituídas do município deveriam também respeitar a cidade que lhes dá abrigo não a sujando tanto

Professor Nazareno
Publicada em 24 de fevereiro de 2023 às 18:24

Se não existisse a Banda do Vai Quem Quer, certamente Porto Velho seria um pouco mais triste do que já é, uma vez que por estas bandas não há muita coisa que possa divertir e distrair a sofrida população. Porto Velho talvez seja a única capital do país que não tem futebol de verdade. Não há sequer um estádio decente para abrigar partidas desse esporte. A não ser que se admita que o decaído Aluízio Ferreira seja um estádio e que Genus e Porto Velho sejam times de futebol. A cidade tinha o arraial Flor do Maracujá, realizado geralmente em junho. Tinha também uma grande feira agropecuária, a Expovel, que acontecia também em meados do ano. Mas tanto um quanto o outro simplesmente sumiram sem maiores explicações. Nada restou. Só mesmo essa Banda que desfila todo sábado de Carnaval. O problema são as toneladas de lixo que ela produz pelas ruas daqui.

Há mais de vinte anos, no entanto, que eu vou às ruas, no outro dia pela manhã, e documento com fotos o que a Banda deixou no dia anterior. E por incrível que pareça, a cada ano que passa, percebe-se que a situação de sujeira, lixo e imundície só piora. Muitos foliões não têm a mínima decência de preservar a própria cidade onde moram. Urina, fezes, garrafas quebradas, muito plástico e papel deixados pelo caminho como se a capital dos rondonienses fosse uma lixeira, uma latrina, uma fossa a céu aberto. E o pior é que a cidade de Porto Velho realmente é mesmo tudo isso. E não é somente a Banda que deixa esse rastro de falta de civilidade. Marcha para Jesus, Passeata do Orgulho Gay, ou mesmo qualquer festa realizada na lendária EFMM ou em outro local, o que se vê depois, infelizmente, são toneladas de entulhos deixados pelos participantes. Falta de civilidade?

Porém, alguns adeptos da sujeira vão logo dando desculpas esfarrapadas para o que está errado. “Mas existem os garis da prefeitura para quê?” Indagam. E mais: “em todas as cidades onde acontece o Carnaval é normal sujarem as ruas”. Fala-se à boca miúda que “sujeira é muito bom porque dá emprego para os garis”. Só que ninguém quer morrer para que os coveiros fiquem empregados. Triste, mas esse raciocínio enviesado e anacrônico parece que também é compartilhado pelos responsáveis da Banda do Vai Quem Quer assim como pelos órgãos públicos. A prefeitura da cidade, por exemplo, poderia fazer campanhas na mídia para alertar a população brincante sobre a sujeira. Poderia também, com antecedência, colocar caçambas papa-entulhos pelos caminhos da folia. E não só distribuir sacolas para recolher o lixo individual, mas incentivar a limpeza.

Óbvio que não se deseja, como erradamente se pensa, o fim da Banda de Porto Velho, fato que já aconteceu com o Flor do Maracujá e a Expovel. Resido há mais de quarenta anos nessa cidade e percebi que aqui não há festa do padroeiro como existe em Calama, Nazaré, Humaitá, João Pessoa ou qualquer outra cidade ou capital espalhadas por este país afora. Por isso, a Banda tem que existir e desfilar todos os anos, sim! Mas não custa nada melhorá-la para o bem da cidade, dos brincantes e das famílias que gostam do Carnaval. Estresse, sem necessidade, com a Polícia Militar acontece praticamente todos os anos. Isso tem que ser evitado a todo custo. O Carnaval é uma festa do povo. E é preciso respeitar essa realidade. Mas todos os responsáveis, os foliões, assim como todas as autoridades constituídas do município deveriam também respeitar a cidade que lhes dá abrigo não a sujando tanto. Haverá lixo e monturo na Marcha Gay e na Parada para Jesus?

 

*Foi Professor em Porto Velho.

Comentários

  • 1
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    Pedro 25/02/2023

    Isso so acontece aqui em PVH-RO, ou rm outro estado nas suas capitais fica tudo limpinho na carnaval, você é um frustrado, vai pra onde tu vieste e fica por lá

  • 2
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    Carlson Lima 25/02/2023

    Nossas autoridades políticas e jurídicas só pensam em seus herdeiros e fod... a população do estado Professor. Porto Velho é a única capital do Brasil que não tem um centro de tratamento para Portadores de Anemia Falciforme e os governos Confúcio Moura e Marcos Rocha acabaram com o tratamento minimamente humanizado que acontecia Hospital da Base onde as crianças eram encaminhadas e assistida por 1 ou 2 Hematologistasque existia em Rondônia quando meu filho nasceu em 1999. Hoje, esses pacientes de anemia falciforme maiores de 14 anos são colocados em outro ambiente imundo chamado Pronto Socorro João Paulo II com todo respeito aos excelentes profissionais que ali trabalham e na maioria das vezes, esses pacientes ficam sem acompanhante, fato este que muda pela gravidade da doença falciforme. Se um sem noção desse responsável pela saúde da população soubesse o que é uma crise de anemia falciforme eles não fariam isso. E o pior foi o ex secretário de saúde Fernando Máximo ter deixado faltar um medicamento chamado TEPEV 500mg que é fundamental para o tratamento de anemia falciforme por quase 2 anos e o pior e mas grave, esses imorais parecem ter o apoio dos órgãos fiscalizadores MP/ALE/TJ/TCE e outros. É sabido que quando os poderes caminham de mãos dadas é porque o povo tá na merda. Acredite quem quiser, no governo do folclórico e buliçosos Cassol não faltou medicamento para pacientes de anemia falciforme que eu lembre e foram 8 longos anos. Parabéns pelo texto Professor Nazareno!

  • 3
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    Aristides 25/02/2023

    Perfeito..."sujeira, lixo e imundície..." Em outro patamar está a nossa "rodoviária".

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