A compra de carros – especialmente, os usados – tem apresentado alta, chegando inclusive a níveis pré-pandemia. Lojas físicas e até mesmo sites de leilão de carros usados apresentaram aumento no número de usuários interessados em um meio de transporte para uso pessoal ou para trabalho.

O fenômeno foi observado ainda no primeiro semestre. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o setor registrou alta histórica ainda em junho, crescendo 132% em relação ao mês anterior.

Já os dados da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores) mostram que 41.631 carros usados/seminovos foram vendidos por dia no Brasil na quarta semana de junho.

O resultado parece especialmente animador quando comparado aos números registrados em abril: na primeira semana do mês, menos de 4 mil veículos foram vendidos por dia. A expressiva retomada tem como principal motivo a reativação das atividades do DETRAN.

Aumento de crédito e ajuste de mercado

Outro fator relevante para o aumento na procura por veículos seminovos é a melhora do crédito para usados, segundo Alarico Assumpção Jr, presidente da Fenabrave. Para ele, “a manutenção da taxa Selic em níveis baixos tem estimulado a compra de carros”.

Assumpção não é o único a perceber este movimento. Instituições bancárias também notaram a melhora no volume de financiamentos de veículos, ainda em junho, registrando aumento de até 47% no número de contratos.

André Novaes, diretor do Santander Financiamentos, explica que o crescimento foi influenciado pela retomada de uma decisão de compra que havia sido adiada nos primeiros meses de pandemia. Segundo sua avaliação, “o mês de abril foi o mais difícil, o de maio também, mas desde então o mercado vem se recuperando”.

A grande procura por veículos levou ao aumento no valor de venda, que foi de 1% nos chamados “usados maduros” até 10% em veículos com mais de 13 anos de fabricação, segundo dados fornecidos pela OLX, plataforma de vendas online.

Mesmo que expressiva, a retomada das vendas no Brasil ainda não alterou a retração do setor, que segue acumulada em 35%. 

Contudo, existem motivos para otimismo. Para Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto, “a persistir essa evolução, o setor poderá apresentar um resultado acima de nossas expectativas até o final do ano”.