Próstata aumentada de tamanho é câncer?

Teorias relacionam esse crescimento a alterações hormonais ao longo da vida do homem.

Dr. Marco Lipay
Publicada em 06 de maio de 2019 às 14:20

A próstata é uma glândula, de aproximadamente 25 gramas no homem jovem, e está situada abaixo da bexiga e acima do reto (porção terminal do intestino). Pela próstata passa a uretra, estrutura anatômica que conduz a urina da bexiga para o meio externo. A próstata tem como função principal a produção do líquido seminal e nutrição dos espermatozoides (reprodução), além de outras funções como controle miccional; defesa nas infecções e no orgasmo. 

A próstata, por causas ainda não totalmente esclarecidas, tem dois estirões de crescimento: o primeiro na puberdade e o segundo por volta dos 40 anos de idade. Teorias relacionam esse crescimento a alterações hormonais ao longo da vida do homem. 

O crescimento é conhecido como hiperplasia benigna da próstata (HPB) e é tão comum que acomete metade da população masculina com mais de 50 anos e mais de 80% dos homens na oitava década de vida. Estima-se que 30% dos homens apresenta sintomas miccionais de moderados a graves aos 60 anos; e cerca de 50% aos 80 anos.

Os sinais e sintomas relacionados ao aumento da próstata (HPB), incluem:

  • Diminuição da força e calibre do jato urinário,
  • Aumento da frequência miccional diurna,
  • Acordar muitas vezes a noite para urinar,
  • Ter urgência miccional,
  • Demorar para desencadear a micção,
  • Sensação de esvaziamento vesical incompleto,
  • Gotejamento terminal ao final da micção,
  • Ardor ao urinar.

É importante destacar que o tamanho da próstata não determina necessariamente a gravidade dos seus sintomas. Alguns homens com próstata levemente aumentada podem ter sintomas significativos, enquanto outros homens com próstata muito volumosa podem apenas relatar sintomas urinários menores. As queixas, geralmente, estão relacionadas a compressão da uretra pela próstata e/ou elevação do assoalho vesical.

Esta compressão pode resultar em:

  • Moderado a severo resíduo pós miccional,
  • Infeção urinária,
  • Cálculos de bexiga,
  • Sangue na urina ou no esperma,
  • Falência da capacidade de contração da bexiga,
  • Insuficiência renal.

Quando não tratadas, as complicações do aumento da próstata podem levar a uma retenção urinária aguda e o paciente precisar de uma sonda para drenar a urina; em situações extremas, até a diálise pode ser necessária, entre outras medidas.

É importante destacar que o aumento benigno não aumenta a probabilidade de manifestar o câncer na próstata.

Outras afecções do trato urinário baixo podem simular sinais e sintomas relacionados ao crescimento da próstata, tais como: Inflamação da próstata (prostatite), estreitamento da uretra (estenose uretral), cicatrizes no colo da bexiga como resultado de cirurgia prévia, cálculos do trato urinário, problemas com nervos que controlam a bexiga (neuropatias) e o câncer da bexiga ou próstata.

É importante destacar que a relação parental (pai, tio, irmão, avô) com problemas de próstata pode aumentar as chances do homem desenvolver a HPB. Essa probabilidade agrava se o diabetes, a obesidade, doenças neurológicas e cardíacas estiverem presentes, enquanto o exercício pode diminuir esse risco.

O diagnóstico envolve uma conversa detalhada entre o médico e o paciente sobre o cotidiano miccional, tipo de dieta ingerida de modo rotineiro, doenças associadas, uso de remédios e antecedentes familiares. Soma-se também a consulta, um exame físico detalhado (inclusive com o toque retal da próstata), além da solicitação de exames (sangue, urina e ultrassom).

Existem vários tratamentos com bons resultados para homens que apresentam sintomas miccionais em razão do aumento benigno da próstata. Entre estes, podemos destacar: mudanças de hábitos, medicamentos para urinar melhor e diminuir o tamanho da próstata, terapias minimamente invasivas e até cirurgia.  A melhor forma de esclarecer as dúvidas e resolver o problema é consultando um Urologista.

*Dr. Marco Aurélio Lipay é Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor do Livro "Genética Oncológica Aplicada a Urologia"

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