Resenha Política, por Robson Oliveira
Não adianta renegar a política e os políticos se omitindo sem que cada um faça sua parte, e o voto é o único instrumento eficaz para começar a assepsia
CONVERSAÇÕES
Com a proximidade do final da “janela” onde os parlamentares podem mudar de partido sem que sejam penalizados com a perda do mandato por infidelidade partidária, todos os dirigentes partidários estão conversando para montar nominatas que possam alcançar o coeficiente eleitoral a fim de elegerem seus deputados estaduais e federais. Com o fim das coligações nas eleições proporcionais, os partidos sentiram o golpe e muitos tendem a desaparecer após as eleições. As barreiras jurídicas erguidas na última reforma da legislação ordenam as eleições e livram o processo de partidos cartoriais que existem para atender aos interesses inconfessáveis dos “proprietários” em período eleitoral.
ENTREMENTES
Num encontro casual no aeroporto, na tarde desta última segunda-feira, este cabeça chata foi abordado pelo Chefe da Casa Civil, Junior Gonçalves, que, gentilmente, dirigiu algumas breves palavras elogiosas sobre a postura com que abordo os temas e personagens da política rondoniense. Com leveza e tom de brincadeira lembrou que também é alvo de críticas na coluna, mas respeita nossas observações e concluiu com loas ao escriba. Foi um encontro rápido e com poucas palavras, mas o suficiente para reconhecer que o rapaz aprendeu rápido e com eficiência o ofício que abraçou.
ARTICULADOR
Falando em Junior Gonçalves, o emissário mais graduado do governador desembarcou ontem em Brasília com a missão de ampliar o arco das alianças para a reeleição do governador Marcos Rocha. Na agenda, além das ações de governo nos ministérios, o jovem articulador retomará as negociações políticas que tem entabulado com o presidente do MDB, Lúcio Mosquini. Se dependesse exclusivamente de Mosquini o MDB já teria escalado as escadas palacianas e declarado apoio à reeleição de Rocha. A hesitação em anunciar é a resistência de alguns próceres do partido que veem a adesão com muita reserva e perigosa para o futuro do partido. O deputado Lúcio não está nem aí com o legado partidário e move suas ações visando tão somente a reeleição.
BLEFES
Enquanto os bastidores borbulham com todo tipo de bolhas eleitorais, os mais afoitos anunciam acordos que não passam de longas conversas. Exceto o prefeito da capital que apressadamente aderiu e passou a ser cabo eleitoral do governador sem compromissos com o calendário eleitoral, ninguém mais importante no cenário político aderiu. Embora as negociações nos bastidores estejam em andamento com todo tipo (cada um de arrepiar) de acordo. Até três de abril as negociações serão conclusas e daí veremos quem mudou de partido e quem será o primeiro a trair após as novas declarações de amor. Hoje, há mais blefes do que compromissos.
PRESSÃO
É curiosa a pressão que o jovem professor Vinicius Miguel vem sendo alvo para que desista de concorrer a um cargo majoritário e adira também ao espectro montado em surdina para reeleição do governador. Bruno Valverde, ex-dirigente do Instituto Atlântico de Londrina, atualmente braço suplementar de apoio de Junior Gonçalves, foi o escalado para insistir junto ao professor nessa união ao barco governista. Até agora foram em vão as pressões. E por razões óbvias que os aprendizes de feiticeiro desconhecem: Vini tem opiniões próprias, vida política livre e uma dignidade bem distinta dos interlocutores que o abordam com propostas inexequíveis.
DEMONIZANDO
Os emissários dos partidos sabem que Vini é um nome forte e com apelo eleitoral, razão pela qual tentam cooptá-lo com objetivo de isolá-lo do processo. Pessoalmente Vini é bajulado, enaltecido e convidado para tudo que é nominata de deputado federal. O problema é que ingressando em umas dessas legendas ele (Vinicius) pode ser rifado na convenção uma vez que em privado os dirigentes dos mesmo partidos que o bajulam, enaltecem e convidam não economizam nos adjetivos para demonizá-lo. Qualquer que seja a decisão do professor, a juventude e a renovação da política estarão bem representadas.
BLEFE
Depois de hesitar por meses em assumir que era candidato a candidato a governador, o senador Marcos Rogério (PL), assistindo inerte os partidários abrirem conversações com o governador, resolveu sair do muro para declarar que é candidato. A decisão tardiamente anunciada tem sido interpretada pelos analistas como estratégia para conter a revoada dos correligionários em direção aos flertes governamentais. Mas a verdade é que a candidatura do senador não passa por hora de blefe. Aliás, sua hesitação corroborou para a profusão de traições.
RENOVAÇÃO
Esta eleição é mais uma boa oportunidade para que o eleitor mais incrédulo dê sua parcela de colaboração a fim de aposentar as velhas raposas e escolher nomes que reúnam as qualidades das boas práticas politicas e assim renovar o cenário. Não adianta renegar a política e os políticos se omitindo sem que cada um faça sua parte, e o voto é o único instrumento eficaz para começar a assepsia.
PREPARADO
Quem não caiu na esparrela de seguir o cortejo em direção à reeleição do chefe do executivo foi o deputado federal Léo Moraes (PODEMOS). O parlamentar monitora de perto cada movimento e prepara a couraça dos aliados para enfrentar a poderosa nau que os governistas armam, vislumbrando que não vai navegar em águas de brigadeiro como gritam os aliados. Não são novas por estas bandas as esquadras que os governos montam para a eleição, como não é segredo para ninguém que a maioria submergiu à primeira marola que surge, com os ratos sendo os primeiros a pularem fora do barco.
CURIOSIDADE
O Conselheiro Benedito Alves, último a ingressar no Tribunal de Contas por indicação do governador Confúcio Moura, decidiu, inesperadamente, requerer a aposentadoria. A vaga é de indicação do Executivo Estadual e é aberta exatamente no momento em que os partidos negociam apoios, passando a ser mais uma poderosa ferramenta cooptação. Uma coincidência curiosa.
FAMA
Um gerente de fazenda de Ji-Paraná tem conseguido alguns minutos de fama nos meios de comunicação para aparecer como uma figura importante na política estadual. Pouco conhecido no meio da política e nem do agropecuário, partiu do Bruno Schaeid a inusitada proposta de convercer o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para disputar a vaga senatorial por Rondônia. Ninguém de juízo no lugar levou a sério a proposta, nem o ex-ministro, mas Scheid conseguiu seus quinze minutos fama. Recentemente falou em nome do agronegócio de Rondônia, uma fala reverberada na mídia nacional e que foi rechaçada pelas lideranças locais. Fama instantânea o rapaz conseguiu e que desaparece da mesma forma que apareceu. A cada eleição aparece tais figuras folclóricas.
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