Roberto Jefferson trocou tiros com a PF porque quer ser mártir
"Que Roberto Jefferson, respondendo à justiça por seus crimes, sirva de exemplo para os demais fascistas de plantão", escreve a colunista Carla Teixeira
Roberto Jefferson (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Neste domingo (23), a Polícia Federal (PF) cumpriu mandado de prisão contra o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), investigado no inquérito das milícias digitais. Ao buscá-lo em sua casa, em Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, os agentes da PF foram recebidos a tiros pelo ex-parlamentar. Uma agente foi baleada. Ainda não se sabe qual a gravidade dos ferimentos.
A ordem de prisão foi dada por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após Jefferson dizer que a ministra Carmén Lúcia é “prostituta arrombada”, atacar a Corte e o sistema eleitoral. Senadores já haviam pedido a prisão do ex-parlamentar e a Procuradoria Geral da República já sinalizava apoio à sua detenção.
Ao filmar a televisão que transmitia as imagens do circuito interno de segurança de sua residência, Jefferson lançou mão de um discurso messiânico, agitador e violento. Mostrou que atirou contra os policiais e conclamou seus apoiadores a resistirem em nome “da liberdade, da democracia e do respeito às famílias”.
Com um discurso fundamentalista e religioso, afirmou que pretende ver plantada no topo “a cruz de cristo, para que todos reverenciem o nosso salvador”. Se autoproclamou líder. Citou os ministros Alexandre de Moraes, Carmén Lúcia e Edson Fachin como inimigos da liberdade e tiranos. Em tom suicida, avisou que a situação vai piorar: “vou embora, mas deixo plantado o meu exemplo”.
Roberto Jefferson é conhecido agitador bolsonarista. Racista, homofóbico e violento, fez vídeos ameaçando adversários com armas. A liberdade a qual o ex-parlamentar se refere ao abrir fogo contra a PF, é a liberdade de aniquilar fisicamente aqueles que considera inimigos, ofender e incentivar a barbárie em nome de valores religiosos de forte apelo emocional.
O golpe de 2016 abriu as portas da República para o monstro do fascismo. Convém lembrar que Carmén Lúcia e Edson Fachin votaram contra o habeas corpus do ex-presidente Lula, em 2018, medida decisiva para tirá-lo das eleições e deixar o caminho livre para a vitória de Jair Bolsonaro (PL). Pode ser difícil aceitar, mas o STF está colhendo o que plantou com sua ação acovardada em passado recente. Quem paga o preço é a democracia e todo o Brasil.
À beira do segundo turno, a agitação bolsonarista está apenas começando. Roberto Jefferson quer que a Polícia Federal tenha de matá-lo para que se torne mártir bolsonarista. Na pior hipótese, em seu nome o bolsonarismo imporá a tirania ao restante do país.
Espera-se que a Polícia Federal tenha sucesso na ação de prisão, tire das ruas e das redes esse delinquente crônico. Que Roberto Jefferson, vivo e respondendo à justiça por seus crimes, sirva de exemplo para os demais bolsonaristas e fascistas de plantão. E que Jair Bolsonaro, em breve, tenha destino semelhante.
Carla Teixeira
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
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