Rondônia foi palco do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia

Uma carta de compromisso foi redigida com objetivo de propor avanços nas políticas públicas

Fonte: Josi Gonçalves - Voz da Terra - Publicada em 16 de novembro de 2024 às 15:14

Rondônia foi palco do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia

Entre os dias 11 e 13 de novembro de 2024, Porto Velho foi palco do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia, um evento inédito que reuniu especialistas, pesquisadores, acadêmicos e membros da sociedade civil para discutir os desafios e oportunidades relacionados ao autismo na região amazônica.

Organizado pelo Programa de Pós-Graduação Profissional Interdisciplinar de Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça (PPGDHJUS) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), o congresso foi realizado na sede da OAB Rondônia e transmitido ao vivo, alcançando um público de mais de 800 inscritos.

Com o objetivo de fomentar um espaço de diálogo científico e social, o congresso abordou temas centrais como políticas públicas para pessoas com deficiência, acesso à justiça e à saúde em áreas remotas, avanços no diagnóstico e inovações terapêuticas, além dos direitos das pessoas com autismo.

Entre as apresentações, destacaram-se palestras sobre o uso de receptores canabinoides no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA), os avanços na educação pública, o papel do Direito Penal na defesa dos direitos das pessoas com deficiência e as possibilidades da fitoterapia.

Um dos destaques do evento foi a participação de acadêmicos de graduação e pós-graduação que submeteram seus trabalhos para apresentação durante o congresso. No total, 23 trabalhos foram aprovados e discutidos ao longo dos dias, abordando temas inovadores e aprofundando os debates em áreas como políticas inclusivas, educação e acesso à saúde.

Segundo os organizadores, essa participação acadêmica não apenas fortaleceu o evento, mas também proporcionou aos estudantes uma oportunidade prática de engajamento com o tema e de compartilhamento de suas pesquisas com a comunidade científica e a sociedade.

“Esse congresso começou como um simpósio, e neste ano conseguimos ampliar o formato. Envolvemos acadêmicos da graduação e da pós-graduação, que puderam apresentar seus trabalhos, e engajamos a sociedade diretamente. No último dia, levamos o evento para a Escola de Ensino Fundamental São Pedro, onde arrecadamos livros, brinquedos e realizamos oficinas com alunos e professores", explicou o professor Delson Xavier Barcelos, organizador do evento e docente de Direito na UNIR. O congresso representou "um sonho concretizado".

Operando com orçamento zero, o congresso contou com apoio de parceiros e colaboradores e só na escola São Pedro impactou diretamente cerca de 500 pessoas, entre os 369 alunos da escola, pais e outros participantes do evento.

Envolvemos acadêmicos da graduação e da pós-graduação, que puderam apresentar seus trabalhos, além de engajar a sociedade diretamente. No último dia, levamos o evento à Escola São Pedro, arrecadamos livros e brinquedos e oferecemos oficinas para alunos e professores. Estamos operando com orçamento zero, mas com muita dedicação e apoio de colaboradores e instituições parceiras”.

A professora Lucileyde Feitosa Sousa, docente dos cursos de direito e geografia da Unir, destacou a relevância do evento para o fortalecimento das ações sociais da universidade e para o engajamento da comunidade acadêmica. “Esse congresso mobilizou a população de Rondônia, instituições públicas, movimentos sociais e a academia. Nossa proposta é que a universidade colabore cada vez mais com causas sociais e a ciência. Os alunos de graduação participaram intensamente, apresentando trabalhos que enriquecem o debate e fortalecem a interdisciplinaridade”, comentou.

O evento também incluiu um debate sobre a necessidade de políticas públicas específicas para jovens e adultos com autismo, uma demanda crescente da comunidade local. "Durante as inscrições, algumas mães nos procuraram e pediram que a universidade não foque apenas em crianças, mas também nos jovens e adultos autistas que buscam por inclusão e apoio", disse a professora, mencionando que as futuras edições do congresso darão maior atenção a essa faixa etária.

Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia (Divulgação)

A comunidade como protagonista

“Esse é um tema pertinente. Como mãe, vejo a necessidade de inclusão real, onde nossos filhos sejam bem assistidos nas escolas. Muitos, por falta de laudo, enfrentam barreiras que limitam seu desenvolvimento. Eventos como esse ajudam a levar essa consciência para educadores e profissionais, proporcionando um atendimento mais adequado às necessidades de cada criança", disse Cecília Martiniano, acadêmica do curso de Direito da UNIR e mãe de uma criança em investigação para TEA.

Basílio Leandro de Oliveira, gestor público e pesquisador na área de autismo, ressaltou a importância do congresso para a construção de conhecimento. “Esse evento é um presente para a pesquisa e para as famílias. Precisamos fortalecer a disseminação desse conhecimento para que pais e profissionais estejam mais preparados para lidar com as particularidades do autismo, principalmente nas áreas de educação e saúde. Esse congresso é essencial para a criação de uma sociedade mais justa e igualitária.”

Carta de Compromisso

Ao final do evento, foi elaborada uma carta de recomendações com propostas para o aprimoramento das políticas públicas voltadas à inclusão de pessoas com autismo. A professora Lucileyde comentou que o documento será encaminhado às autoridades e instituições locais, com o objetivo de garantir que as pautas debatidas avancem na prática. “Essa carta representa um compromisso para o futuro, refletindo as demandas e soluções que discutimos. Queremos que o evento não seja apenas uma reflexão, mas um catalisador de mudanças.”

O prefeito eleito de Porto Velho, Leo Moraes, que esteve presente no primeiro dia do congresso, reforçou a importância de uma política inclusiva de longo prazo para pessoas com deficiência. “Precisamos pensar estrategicamente nos próximos 20 anos. Se não tivermos uma sinergia entre academia, poder público e sociedade civil, corremos o risco de continuar a enfrentar os mesmos problemas. Esse congresso ilumina a necessidade de um debate contínuo em todos os segmentos da sociedade, porque inclusão é uma responsabilidade de todos", afirmou.

O sucesso do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia marca o início de um compromisso anual com o tema, fortalecendo a rede de apoio e inclusão de pessoas com autismo em uma das regiões mais desafiadoras do país.

Oficina de Plano Educacional Individualizado (PEI). (Divulgação)

Rondônia foi palco do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia

Uma carta de compromisso foi redigida com objetivo de propor avanços nas políticas públicas

Josi Gonçalves - Voz da Terra
Publicada em 16 de novembro de 2024 às 15:14
Rondônia foi palco do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia

Entre os dias 11 e 13 de novembro de 2024, Porto Velho foi palco do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia, um evento inédito que reuniu especialistas, pesquisadores, acadêmicos e membros da sociedade civil para discutir os desafios e oportunidades relacionados ao autismo na região amazônica.

Organizado pelo Programa de Pós-Graduação Profissional Interdisciplinar de Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça (PPGDHJUS) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), o congresso foi realizado na sede da OAB Rondônia e transmitido ao vivo, alcançando um público de mais de 800 inscritos.

Com o objetivo de fomentar um espaço de diálogo científico e social, o congresso abordou temas centrais como políticas públicas para pessoas com deficiência, acesso à justiça e à saúde em áreas remotas, avanços no diagnóstico e inovações terapêuticas, além dos direitos das pessoas com autismo.

Entre as apresentações, destacaram-se palestras sobre o uso de receptores canabinoides no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA), os avanços na educação pública, o papel do Direito Penal na defesa dos direitos das pessoas com deficiência e as possibilidades da fitoterapia.

Um dos destaques do evento foi a participação de acadêmicos de graduação e pós-graduação que submeteram seus trabalhos para apresentação durante o congresso. No total, 23 trabalhos foram aprovados e discutidos ao longo dos dias, abordando temas inovadores e aprofundando os debates em áreas como políticas inclusivas, educação e acesso à saúde.

Segundo os organizadores, essa participação acadêmica não apenas fortaleceu o evento, mas também proporcionou aos estudantes uma oportunidade prática de engajamento com o tema e de compartilhamento de suas pesquisas com a comunidade científica e a sociedade.

“Esse congresso começou como um simpósio, e neste ano conseguimos ampliar o formato. Envolvemos acadêmicos da graduação e da pós-graduação, que puderam apresentar seus trabalhos, e engajamos a sociedade diretamente. No último dia, levamos o evento para a Escola de Ensino Fundamental São Pedro, onde arrecadamos livros, brinquedos e realizamos oficinas com alunos e professores", explicou o professor Delson Xavier Barcelos, organizador do evento e docente de Direito na UNIR. O congresso representou "um sonho concretizado".

Operando com orçamento zero, o congresso contou com apoio de parceiros e colaboradores e só na escola São Pedro impactou diretamente cerca de 500 pessoas, entre os 369 alunos da escola, pais e outros participantes do evento.

Envolvemos acadêmicos da graduação e da pós-graduação, que puderam apresentar seus trabalhos, além de engajar a sociedade diretamente. No último dia, levamos o evento à Escola São Pedro, arrecadamos livros e brinquedos e oferecemos oficinas para alunos e professores. Estamos operando com orçamento zero, mas com muita dedicação e apoio de colaboradores e instituições parceiras”.

A professora Lucileyde Feitosa Sousa, docente dos cursos de direito e geografia da Unir, destacou a relevância do evento para o fortalecimento das ações sociais da universidade e para o engajamento da comunidade acadêmica. “Esse congresso mobilizou a população de Rondônia, instituições públicas, movimentos sociais e a academia. Nossa proposta é que a universidade colabore cada vez mais com causas sociais e a ciência. Os alunos de graduação participaram intensamente, apresentando trabalhos que enriquecem o debate e fortalecem a interdisciplinaridade”, comentou.

O evento também incluiu um debate sobre a necessidade de políticas públicas específicas para jovens e adultos com autismo, uma demanda crescente da comunidade local. "Durante as inscrições, algumas mães nos procuraram e pediram que a universidade não foque apenas em crianças, mas também nos jovens e adultos autistas que buscam por inclusão e apoio", disse a professora, mencionando que as futuras edições do congresso darão maior atenção a essa faixa etária.

Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia (Divulgação)

A comunidade como protagonista

“Esse é um tema pertinente. Como mãe, vejo a necessidade de inclusão real, onde nossos filhos sejam bem assistidos nas escolas. Muitos, por falta de laudo, enfrentam barreiras que limitam seu desenvolvimento. Eventos como esse ajudam a levar essa consciência para educadores e profissionais, proporcionando um atendimento mais adequado às necessidades de cada criança", disse Cecília Martiniano, acadêmica do curso de Direito da UNIR e mãe de uma criança em investigação para TEA.

Basílio Leandro de Oliveira, gestor público e pesquisador na área de autismo, ressaltou a importância do congresso para a construção de conhecimento. “Esse evento é um presente para a pesquisa e para as famílias. Precisamos fortalecer a disseminação desse conhecimento para que pais e profissionais estejam mais preparados para lidar com as particularidades do autismo, principalmente nas áreas de educação e saúde. Esse congresso é essencial para a criação de uma sociedade mais justa e igualitária.”

Carta de Compromisso

Ao final do evento, foi elaborada uma carta de recomendações com propostas para o aprimoramento das políticas públicas voltadas à inclusão de pessoas com autismo. A professora Lucileyde comentou que o documento será encaminhado às autoridades e instituições locais, com o objetivo de garantir que as pautas debatidas avancem na prática. “Essa carta representa um compromisso para o futuro, refletindo as demandas e soluções que discutimos. Queremos que o evento não seja apenas uma reflexão, mas um catalisador de mudanças.”

O prefeito eleito de Porto Velho, Leo Moraes, que esteve presente no primeiro dia do congresso, reforçou a importância de uma política inclusiva de longo prazo para pessoas com deficiência. “Precisamos pensar estrategicamente nos próximos 20 anos. Se não tivermos uma sinergia entre academia, poder público e sociedade civil, corremos o risco de continuar a enfrentar os mesmos problemas. Esse congresso ilumina a necessidade de um debate contínuo em todos os segmentos da sociedade, porque inclusão é uma responsabilidade de todos", afirmou.

O sucesso do 1º Congresso Internacional sobre Autismo na Amazônia marca o início de um compromisso anual com o tema, fortalecendo a rede de apoio e inclusão de pessoas com autismo em uma das regiões mais desafiadoras do país.

Oficina de Plano Educacional Individualizado (PEI). (Divulgação)

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