Rondônia recebe o prêmio Campeões da Malária por ações de combate implementadas em Machadinho do Oeste

Roberto Nakaoka, coordenador estadual do Programa de Controle da Malária na Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), representou o Estado no evento e trouxe o título, que ocupou o 3° lugar na premiação

Mineia Capistrano / Fotos: Jeferson Mota
Publicada em 26 de novembro de 2018 às 10:06
Rondônia recebe o prêmio Campeões da Malária por ações de combate implementadas em Machadinho do Oeste

Profissionais da área durante evento para discutir o Planejamento de Ações de Saúde para 2019, em Porto Velho

O projeto rondoniense “Machadinho do Oeste a caminho da eliminação da malária” foi premiado com o título Campeões contra a malária nas Américas em 2018, promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), em parceria com a Fundação das Nações Unidas, escola de Saúde Pública Milken Institute da Universidade George Washington e outras entidades, durante evento realizado em Washington, no dia 06 de novembro, comemorado o Dia da Malária nas Américas.

Roberto Nakaoka, coordenador estadual do Programa de Controle da Malária na Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), representou o Estado no evento e trouxe o título, que ocupou o 3° lugar na premiação. Ele explica que prêmio incentiva o desenvolvimento de estratégias de combate à doença e que o Brasil já viveu experiências neste sentido, inclusive em 2016 ganhou o prêmio, por ter reduzido o número de casos de malária de maneira considerável, em vários Estados.

Em se tratando do município de Machadinho do Oeste especificamente, diferente do que se possa imaginar, a estratégia não se baseou somente na eliminação da fêmea do anofelino, o mosquito transmissor da malária e sim, no diagnóstico e tratamento das pessoas. “Somos nós (humanos) que levamos a malária para onde o parasita está. A contaminação começa pelos seres humanos, a partir daí tem início ao ciclo de contaminação da malária”, explica Nakaoka.

O combate ao mosquito é somente um dos eixos de combate à malária, em Machadinho do Oeste, mas para que o município apresente os dados positivos de hoje, foi preciso envolvimento total da atenção básica de saúde realizada na cidade e o principal, segundo Nakaoka, a conscientização das pessoas da comunidade em relação ao tratamento ser iniciado o mais rápido possível, para evitar o risco de proliferação da doença, por meio de contágio de mais mosquitos e mais pessoas.

As ações de acordo com o coordenador incluem visitas domiciliares dos agentes de Saúde porta a porta, ações nas escolas e em reuniões com a comunidade. “Um dos fatores mais importantes é que a comunidade entenda que faz parte das ações de combate, por meio da compreensão do ciclo da doença e da procura por ajuda a um Posto de Saúde o mais rápido possível”, resume Roberto.

AÇÕES PREMIADAS

Série histórica: incidência da malária

Na prática entre as ações realizadas em Machadinho do Oeste incluem-se a contratação de profissionais de Saúde, feitas pelo município, e aquisição de motocicletas para facilitar a ida dos agentes às propriedades rurais. No local, os agentes ou fazem o teste rápido da malária ou levam a lâmina para análise na região urbana e retornam com o resultado para a pessoa analisada, de preferência no mesmo dia. “Quando a opção é o teste rápido, o profissional já leva o medicamento na bolsa. Caso o resultado seja positivo, o paciente inicia o tratamento no mesmo dia”, detalha Roberto.

Após esse primeiro passo, vem o segundo e tão importante quanto o diagnóstico: as ações de combate ao mosquito transmissor, por meio de borrifação das áreas de incidência da doença. “Por isso orientamos a população para que abra suas portas para essa ação. Dá um pouco de trabalho, é incômodo, mas é necessário, não somente para proteger os moradores da casa, mas de todo o entorno”, diz o coordenador.

Além disso, houve em Machadinho do Oeste colaboração do Município, Estado e União, com ações pontuais de combate à doença. “O município conseguiu mobilizar a mão de obra já existente e foi realizada uma articulação intersetorial, inclusive com contratação e envio de uma profissional pelo Ministério da Saúde para o local, além de contratação de microscopistas para colaborar com o diagnóstico da malária”, complementa Nakaoka.

O Estado de Rondônia, de maneira geral, apresentou dados positivos em relação à redução do índice da doença, saiu em 2006, de 96.145 mil casos para 6.734 mil, em 2017, mas os índices voltaram a subir, e ao final deste ano vão apresentar aumento de cerca de 15%, segundo Nakaoka, por pequenos deslizes e até mesmo comodismo, em decorrência do controle da doença. “Precisamos estar atentos à malária, inclusive os profissionais da Saúde, que às vezes se distraem e não solicitam o exame de malária. Este deve ser um dos primeiros exames a serem feitos”, lembra. “E em relação à população o conselho é: se sentir qualquer um dos sintomas da malária, procure imediatamente uma Unidade de Saúde para realizar o exame, se o resultado for negativo, aí sim, pode pesquisar para outras doenças. O que temos que ter em mente, e que foi o resultado positivo no combate em Machadinho é: quanto mais rápido for o diagnóstico e início do tratamento, aí sim, avançaremos verdadeiramente para a redução da doença”, reforça.

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