Segunda edição do edital Elas nas Exatas incentiva inserção das jovens do Ensino Médio público nas áreas de exatas e ciências tecnológicas
Edital selecionará dez projetos que possam atuar na promoção de equidade de gênero e superação de estereótipos nas escolas públicas de Ensino Médio de todo o país;
A iniciativa é fruto da parceria entre ELAS Fundo de Investimento Social, Fundação Carlos Chagas e Instituto Unibanco, e conta, nesta edição, com a ONU Mulheres.
Até o dia 28 de Novembro de 2017, as escolas públicas de Ensino Médio e organizações sociais que se dedicam à promoção da educação, defesa dos direitos das mulheres e/ou direitos humanos, de todo o Brasil, poderão inscrever projetos no II Edital Gestão Escolar para Equidade: Elas nas Exatas. O objetivo do edital é apoiar técnica e financeiramente iniciativas de educação que incentivem as jovens do Ensino Médio a se interessarem pelas áreas de exatas e ciências tecnológicas, atuem na promoção de equidade de gênero e busquem superar os estereótipos nas escolas públicas.
O edital é uma iniciativa do ELAS Fundo de Investimento Social, Fundação Carlos Chagas e Instituto Unibanco, e conta, nesta edição, com a participação da ONU Mulheres. A iniciativa também contribui com a “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” da ONU que lista 17 objetivos a serem implementados por todos os países nos próximos 15 anos, entre eles “assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todas e todos” e “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.
Preconceito
O campo das ciências exatas e tecnológicas (matemática, física, química, estatística, computação, tecnologia e ciências naturais) ainda é ocupado majoritariamente por homens, apesar de as mulheres serem maioria entre os estudantes no Ensino Superior. Em 2016, por exemplo, quase metade dos aprovados no processo seletivo da Fuvest, para as principais faculdades de São Paulo, eram mulheres. Porém, a participação delas nos cursos de ciências exatas não a chega a um em cada cinco estudantes. Apenas 18% são mulheres na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e 23%2, na Física.
O aspecto sociocultural tem forte influência na escolha das carreiras, pois tende a atribuir comportamentos e atitudes diferentes conforme o gênero. A Unesco apontou essa questão no relatório mundial Gender and Education for All: The Leap to Equality, de 2007, e mostrou que as meninas não buscam as ciências exatas, as tecnologias e os estudos técnicos na mesma proporção que os adolescentes do sexo masculino, embora haja variação por área temática e por país. Esse comportamento seria alimentado por ações que ocorrem tanto na escola como na própria família e resultaria em desigualdade de acesso a recursos técnicos e financeiros para a formação de mulheres nessas áreas.
O relatório da Unesco relata ainda que esse contexto influencia o interesse e a autoconfiança na capacidade de sucesso das estudantes e que as mulheres bem-sucedidas nas áreas das ciências exatas são pouco conhecidas e vistas como exceções. Neste sentido, a escola tem papel fundamental na sociedade como espaço de socialização, formação e disseminação de valores.
Quem pode participar
Para participar do II Edital Elas nas Exatas é necessário que os projetos sejam realizados em parceria com uma escola pública de Ensino Médio e com envolvimento da gestão escolar. A parceria deve ser comprovada por meio de carta assinada pelo/a gestor/a da escola, atestando seu envolvimento e o compromisso na execução do projeto.
Podem inscrever projetos no II Edital Elas nas Exatas associações legalmente constituídas e representativas de escolas públicas de todo o Brasil, como Associações de Pais e Mestres, além de organizações de feministas, de mulheres ou mistas ou grupos e/ou coletivos de mulheres ou mistos, de feministas, de estudantes, em parceria com escolas públicas. É fundamental que associações, organizações e grupos tenham experiência tanto na área de educação quanto em equidade de gênero. O projeto também deverá ser coordenado por uma mulher.
Projetos serão desenvolvidos em 2018
O Edital atua com a metodologia de identificar, monitorar e avaliar os projetos selecionados e produzir conhecimento. A expectativa é identificar experiências promissoras, que poderão contribuir para a elaboração e o desenvolvimento de políticas públicas educacionais para equidade de gênero nas ciências exatas e tecnológicas.
Os projetos selecionados deverão ser executados em até dez meses (de Fevereiro a Novembro de 2018). Cada um receberá até R$ 35 mil e contará com apoio técnico. Os critérios de seleção são: ações pertinentes ao objetivo do edital; adequação da metodologia e aplicação dos recursos; viabilidade técnica; alcance na comunidade escolar e impacto social local; inovação; e potencial para ser replicado em outras escolas.
A seleção será feita pelo Comitê de Seleção do Fundo ELAS e representantes do Instituto Unibanco, Fundação Carlos Chagas e ONU Mulheres. Os interessados deverão preencher o “Formulário para Solicitação de Apoio a Projetos”, que pode ser acessado no site do Instituto Unibanco (clique aqui) ou no edital (clique aqui), e enviar pelos Correios (Rua Hans Staden, 21 - Botafogo, CEP 22281-060 - Rio de Janeiro (RJ) – Brasil).
Primeira edição – Elas nas Exatas
O I Edital “Gestão Escolar para Equidade: Elas nas Exatas foi lançado em 2015 e recebeu mais de 170 propostas, das quais dez foram selecionadas das cinco regiões do país: Sul – Florianópolis (SC); Norte – Itacoatiara (AM); Sudeste – São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e São João Del-Rei (MG); e Nordeste – Salvador (BA), Cachoeira (BA), Iracema (CE), Campina Grande (PB) e Natal (RN). Os projetos trabalharam o tema de equidade de gênero com os estudantes do Ensino Médio e os resultados mostraram transformação na visão dos participantes.
“Percebi que algo novo se iniciava ali, um leque de oportunidades, e que nós, meninas, também teríamos a chance de nos envolver na área das ciências exatas, acabando de vez com esse paradigma de que mulher não pode atuar no meio científico” - Myllena Braz – Iracema (CE).
“Depois desse projeto tive a certeza de que queria fazer Engenharia” – Maria Eduarda, estudante de São João Del Rei (MG).
“Não tínhamos percebido e nem nos dado conta do quanto tem de sexismo nas ciências e na educação, e o quanto os discursos e atitudes de professores, professoras e gestores, mesmo de forma não intencional, contribuem para essa exclusão, que se inicia na escola e acompanha as mulheres no decorrer de sua vida profissional” - Marcos Lima, diretor da Escola Deputado Joaquim de Figueiredo Correia - Iracema (CE).
Prazos – II Edital Elas nas Exatas
Inscrição |
Até 28 de Novembro/2017 (considerar a data de postagem no Correios). End: Rua Hans Staden, 21 – Botafogo, CEP 22281-060 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil |
Seleção |
De Dezembro/2017 a 20 de Janeiro/2018 |
Divulgação do Resultado |
22 de Janeiro/2018 |
Início dos Projetos |
Fevereiro/2018 |
Encerramento dos Projetos |
Novembro/2018 |
Acesso ao edital e outros documentos: http://www.fundosocialelas.org/elasnasexatas/edital/
Assista ao vídeo de lançamento do II Edital Elas nas Exatas: https://www.youtube.com/watch?v=XytpVvaSEqk&feature=youtu.be
Sobre os Parceiros
Instituto Unibanco - O Instituto Unibanco, fundado há 35 anos, é uma das instituições responsáveis pelo investimento social privado do Itaú-Unibanco. É uma organização sem fins lucrativos que atua com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade da educação pública no Brasil. Com foco na melhoria dos resultados de aprendizagem e na produção de conhecimento sobre o Ensino Médio, dedica-se a elaborar e implementar, gratuitamente, soluções de gestão – na rede de ensino, na escola e na sala de aula – comprometidas com a capacidade efetiva das escolas públicas de garantir o direito à aprendizagem de todos os estudantes.
ELAS Fundo de Investimento Social - O ELAS Fundo de Investimento Social (Fundo ELAS) investe na promoção dos direitos humanos e no protagonismo das mulheres por meio de concursos de projetos e do desenvolvimento de habilidades de organizações sociais. Desde 2000, o Fundo ELAS apoiou mais de 380 grupos de mulheres jovens e adultas em todas as partes do Brasil, por meio de 22 concursos de projetos. Apoia grupos que trabalham para promover a independência econômica, o empreendedorismo econômico, o acesso à educação, a prevenção da violência contra mulheres e meninas, a defesa de direitos, o acesso à saúde, a inclusão às novas tecnologias de informação e comunicação, a arte e cultura, a preservação do meio ambiente e da biodiversidade, o respeito à diversidade étnica, racial, sexual, geracional e o acesso das meninas e mulheres aos esportes.
Fundação Carlos Chagas - A Fundação Carlos Chagas (FCC) há 50 anos é dedicada à pesquisa na área de educação e à avaliação de competências cognitivas e profissionais. Seu Departamento de Pesquisas Educacionais desenvolve um amplo espectro de investigações interdisciplinares, voltadas para a relação da educação com os problemas e perspectivas sociais do país. Além dos estudos em avaliação educacional foram constituídos outros eixos de pesquisa: “Educação Infantil: políticas e práticas”; “Políticas e Práticas da Educação Básica e Formação de Professores e Representações Sociais, Subjetividade e Educação”; “Gênero, Raça/Etnia e Direitos Humanos”. A FCC destaca-se pelo desenvolvimento de Programas pioneiros no enfrentamento das desigualdades de gênero e raciais com incentivo para pesquisa.
ONU Mulheres - Criada em 2010, pela fusão de quatro organizações da ONU com um sólido histórico de experiência em pesquisa, programas e ativismo, a ONU Mulheres é a liderança global em prol das mulheres e meninas. A sua criação, fruto do esforço conjunto dos Estados membros e de ativistas dos direitos das mulheres, foi aplaudida no mundo todo e proporciona a oportunidade histórica de um rápido progresso para as mulheres e as sociedades. A ONU Mulheres trabalha com as premissas fundamentais de que as mulheres e meninas ao redor do mundo têm o direito a uma vida livre de discriminação, violência e pobreza, e de que a igualdade de gênero é um requisito central para se alcançar o desenvolvimento. Para isso, enfoca sua estratégia em cinco áreas prioritárias: (1)Aumentar a liderança e a participação das mulheres; (2) Eliminar a violência contra as mulheres e meninas; (3) Engajar as mulheres em todos os aspectos dos processos de paz e segurança; (4) Aprimorar o empoderamento econômico das mulheres; (5) Colocar a igualdade de gênero no centro do planejamento e dos orçamentos de desenvolvimento nacional.
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