Senadores demonstram preocupação com ataques à China nas redes sociais
Abraham Weintraub, pelo Twitter, fez com que a embaixada chinesa no Brasil respondesse com uma nota de repúdio
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) atribuiu campanha contra China ao 'gabinete do ódio' e lamentou ataque do ministro da Educação aos chineses - Leopoldo Silva/Agência Senado
Vários senadores lamentaram nesta segunda-feira (6) os ataques à China feitos pelas redes sociais de integrantes do governo no fim de semana. Além de uma campanha pedindo o boicote de brasileiros a produtos chineses, houve uma manifestação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, pelo Twitter, que fez com que a embaixada chinesa no Brasil respondesse com uma nota de repúdio.
Na postagem, feita no sábado (4) e já apagada pelo ministro, ele usa o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para ironizar o sotaque dos chineses e associa a pandemia de Covid-19 a interesses da China. Em resposta, a embaixada da China disse que as declarações tiveram cunho racista, expressou indignação e repúdio exigiu que “alguns indivíduos do Brasil” corrijam os erros.
Após a manifestação, o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE) lembrou que a China é a maior parceira comercial do Brasil e atribuiu ao "gabinete do ódio" do presidente da República, Jair Bolsonaro, a campanha virtual #BloqueioComercialChinesJa. Ele afirmou que integrantes do governo seguem agredindo o governo chinês e buscando caos econômico.
— Um governo que não consegue dar respostas rápidas e eficientes para diminuir o sofrimento do povo tem que culpar alguém pela sua própria incompetência. É uma vergonha para a humanidade, em um momento tão delicado, uma postura racista do governo brasileiro. Nossa solidariedade à China! — disse o senador.
Equipamentos médicos
Para o líder do PDT, senador Weverton (MA), ao fazer declarações racistas contra a China, Weintraub atrapalha as relações comerciais e coloca em risco a compra de equipamentos essenciais no combate ao coronavírus. Na visão do senador, além de desmontar a educação, o ministro está empenhado em prejudicar o comércio e a saúde.
A preocupação com o fornecimento de equipamentos de proteção também foi mencionada pelo líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM). Para o senador, é absurdo que, em plena crise sanitária, o Brasil ainda tenha que centrar esforços para contornar “crises artificialmente criadas por manifestações descabidas e intempestivas”.
— A China é um importante parceiro comercial brasileiro, seja em época fora da pandemia, seja agora na pandemia. É a principal produtora de equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas, aventais e gorros, além de respiradores. É hora de nós consolidarmos a nossa parceira com a China e mantermos uma boa relação com a diplomacia chinesa e com as empresas chinesas, para podermos abastecer nossos hospitais – disse o senador, que condenou manifestações de xenofobia e de racismo.
Líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) expressou solidariedade ao povo chinês e também classificou como racista o comportamento do ministro. Para ele, especialmente diante do desafio imposto pela pandemia, as relações entre os dois países têm que ser calcadas no respeito mútuo e na solidariedade.
— Esse inconsequente não se compadece nem pelas mortes no país. Sua xenofobia ridícula pode nos custar vidas! Não é só burrice atacar o maior exportador de materiais hospitalares do mundo, é sentenciar a morte de milhares. Esse ministro tem que cair e ser processado imediatamente — cobrou Randolfe.
Reincidência
Em março, outro comentário feito pelas redes sociais já havia causado constrangimento diplomático com a china. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, culpou os chineses pela pandemia, o que gerou uma resposta do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, e pedidos de desculpas feitos pela Câmara e pelo Senado.
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), o presidente, seus filhos e o ministro tentam destruir a relação diplomática do Brasil com seu maior parceiro comercial. Na mesma linha o senador Paulo Rocha (PT-PA) acusa o governo de levantar a hashtag que estimula o bloqueio comercial à China e questiona o que os empresários brasileiros acham disso.
Soja
Ao comentar a notícia de que a China comprará soja dos Estados Unidos, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) demonstrou preocupação com as declarações de integrantes do governo e seu impacto nas relações comerciais.
— A turma de Bolsonaro criou mais uma crise diplomática com a China, agravando ainda mais a nossa economia anêmica: depois de perdemos o nosso maior parceiro comercial, não vai adiantar chorar com o suposto 'amigo' Trump — disse o senador, pelo Twitter.
Coronavírus
Em entrevista à rádio Jovem Pan na última sexta-feira, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) disse que o Brasil precisa ser firme e defender seus interesses. Para ele, o país asiático omitiu informações sobre a proliferação da doença e impediu os demais países de se preparar com tempo.
— Nem todo o dinheiro é bem vindo ao Brasil. O Brasil não pode ser vassalo, não está à venda. O dinheiro é bem-vindo desde que o governo brasileiro diga onde e como pode ser investido no Brasil — afirmou.
Deputados vão ao Ministério da Saúde reforçar apoio ao trabalho do ministro Mandetta
Na avaliação dos parlamentares, o momento é de diálogo e de somar forças para superar o difícil momento enfrentado por todos
Mariana Carvalho defende destinação de recursos do Fundo Eleitoral para a saúde e lamenta fake news sobre a proposta
A parlamentar explica que é a favor dessa transferência de recursos para a saúde e que votará pela proposta quando ela for apreciada
Projetos suspendem cobrança de empréstimo consignado durante pandemia
Autores das propostas buscam aliviar as contas dos afetados pelas medidas de combate ao coronavírus
Comentários
Seja o primeiro a comentar
Envie Comentários utilizando sua conta do Facebook