Seríamos todos ‘cúmplices’ na trágica e cruel morte da jovem Mayara?

O episódio abalou o Nordeste e demonstra um padrão em relação à morte de mulheres no Brasil

Por Itamar Ferreira*
Publicada em 02 de agosto de 2019 às 15:34

A mulher ainda sofre rotineiramente abomináveis formas de violência, que vão do assédio na rua ou no trabalho, e, em suas próprias casas, sendo vitimas de graves torturas psicológicas, terríveis agressões físicas e muitas vezes o horrendo feminicídio; com mortes que, não raro, tem requintes de crueldades e sadismo que só poderiam ser praticados por psicopatas, sem qualquer empatia com os demais seres humanos.

Na quinta-feira anterior (25/07) faleceu em um hospital de Recife a jovem Mayara, que tinha sido internada no início de julho, após ser atacada com acido sulfúrico pelo ex e um comparsa, de acordo com informações da perícia e da polícia civil. Segundo testemunhas, o rosto de Mayara pegou fogo com a substância. O corpo da jovem mulher de 19 anos jaz agora em um cemitério na cidade de Limoeiro. A notícia foi divulgada pela seção "Universa" do Uol, em matéria que registra uma informação muito importante sobre os casos de feminicídio:

"O episódio abalou o Nordeste e demonstra um padrão em relação à morte de mulheres no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mulheres que sofreram violência têm oito vezes mais chances de morrer do que a população feminina em geral. O levantamento foi feito a partir de 800 mil notificações de violência física, sexual ou psicológica". A íntegra da matéria no link: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/08/02/mulher-morta-com-acido-pelo-ex-tinha-feito-bo-onde-esta-a-lei.htm

É preciso que as mulheres estejam atentas aos detalhes que prenunciam o futuro assassino covarde; principalmente em relação às outras formas de violência, como as agressões psicológica, sexual e física. O homem que pratica esse tipo de violência pode, estudos demonstram isso, se tornar um assassino de mulher, por ser mulher. São inseguros, possessivos, covardes e violentos. O melhor conselho seria: aos primeiros sinais desse tipo de comportamento fuja, se proteja, procure abrigo junto aos familiares, amigos, denuncie às autoridades e, até mesmo, mude para outra cidade, com destino ignorado por aquele que se acha seu dono.

Mas porque seríamos cúmplices desse tipo abominável de violência contra a mulher? Primeira, na educação de nossos filhos ao não incutir neles a repulsa à toda forma de violência contra a mulher. Depois, nas escolas teria que se debater com mais profundidade o tema. Terceiro, seria a necessidade de uma mudança cultural, em homens e mulheres, para uma completa rejeição e condenação social a atitudes desse tipo. Com tolerância zero!

É preciso apoio mais efetivo e orientações mais específicas à mulher vítima das demais formas de violência. Mayara Estefanny Araújo pediu ajuda. Mais de uma vez. Por três vezes fez boletim de ocorrência na polícia civil e havia uma medida protetiva em vigência. A legislação em vigor, como a Lei Maria da Penha, ainda que muito importante, é insuficiente para proteger as mulheres desses sádicos covardes, é preciso políticas públicas e ações concretas, também, por parte da sociedade civil organizada, como igrejas, ONGs e entidades de classe, para orientar, acolher e proteger essas vítimas indefesas desses homens insanos.

* Itamar Ferreira é bancário, dirigente sindical e advogado.

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