Téologa afirma que aborto é uma questão de saúde pública
A criminalização religiosa das mulheres por causa do aborto necessita ser colocada nesse contexto histórico.
Representante do Instituto de Estudos da Religião, a teóloga Lusmarina Campos Garcia sustentou nesta segunda-feira (6), na audiência pública que discute a descriminalização do aborto, que o assunto é uma questão de saúde pública e não pode ser resolvido pelo Direito Penal e pela Bíblia.
“Há séculos, um cristianismo patriarcalizado é o responsável por penalizar e legitimar a morte de mulheres. A criminalização religiosa das mulheres por causa do aborto necessita ser colocada nesse contexto histórico. Quando uma mulher é considerada criminosa por ter abortado, ela se sente desamparada e não podemos conhecer precisamente o que se passa com ela”, afirmou.
Para a teóloga, sem conhecer a verdade sobre o aborto, não é possível criar políticas públicas necessárias ao enfrentamento da realidade das pessoas. “A criminalização impede que se faça um mapeamento da situação, da saúde das mulheres. Mulheres comuns devem ser considerar criminosas? É o patriarcado eclesiástico que quer fazer as mulheres acreditarem que elas se tornem assassinas quando decidem descontinuar sua gravidez”, declarou.
Na sua avaliação, o aborto não é uma escolha leviana. “É uma decisão difícil, desesperada muitas vezes. Um Estado laico não é Estado ateu e não confunde crimes com pecados. Somos milhões de vozes que estão sufocadas pelo medo do poder religioso patriarcal e aguardamos atentas por uma decisão que nos considere ao menos uma vez”, citou.
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