Uma afronta à sociedade e, principalmente, às autoridades responsáveis pela segurança pública
O que aconteceu na noite de quarta-feira vale como advertência para todas as demais unidades da Federação
É duro admitir, mas o que aconteceu na noite de quarta-feira (9), quando bandidos armados até os dentes obrigaram motorista, cobrador e passageiros a descerem de um ônibus e, posteriormente, o incendiaram, pode parece exagero, é a expressão da falência da autoridade na área da segurança pública. Essa é uma situação que faz de todo e qualquer cidadão uma vítima em potencial dos marginais, os quais, articulados e bem armados, sabem que são mais eficientes em relação ao que se propõem a fazer do que a capacidade do poder público de reagir.
O que aconteceu na noite de quarta-feira vale como advertência para todas as demais unidades da Federação, em função do muito que se tem falado e escrito sobre o assunto – essa talvez seja a principal lição que se possa extrair nesse momento, sem os arroubos demagógicos nem precipitação. Trata-se de um claro sinal de que o poder público precisa repensar urgentemente a sua forma de encarar o problema da violência, aqui e alhures, que não será combatida apenas pelo uso da força, com a criação de leis mais severas e a construção de presídios de segurança máxima.
Não é preciso ser especialista no assunto para saber que as ações precisam ir além dos recursos destinados à compra de viaturas e armamentos. Elas também precisam chegar ao policial, qualificando-o para uma atividade que, nitidamente, tropeça no trabalho de prevenção.
Ações cada vez mais coordenadas entre a União, os Estados e os Municípios, são imprescindíveis, sobretudo em relação aos investimentos em educação e fomento às atividades produtivas, de modo a criar as condições para que crianças e jovens vislumbrem a possibilidade de uma vida adulta sadia, longe da tentação pelas “coisas fáceis”, patrocinadas pelo crime organizado, afastando-os, assim, da ilusão de que a vida bandida compensa, quando sabemos que isso não é verdade, mas exige, como se fosse uma espécie de atestado público, a ação igualmente firme da Justiça, pois a ela cabe minimizar os efeitos da impunidade em cuja raiz repousa boa parte do estímulo que tem levado muito bandido comum e outros tantos engravatados a char que estão fora da alça de mira das leis, apesar do efeito devastador que a operação Lava-Jato vem realizando em suas áreas mais frutíferas.
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