Uma mulher de grande sensibilidade

Mirtes Rufino: Paraense que dedicou a vida às suas artes muito singulares.

Júlio Olivar
Publicada em 07 de novembro de 2017 às 13:52

Homenagem a Mirtes Rufino

Mirtes Rufino: Paraense que dedicou a vida às suas artes muito singulares. Mirtes ajudou a levar e elevar o nome do Estado de Rondônia, com exposições marcantes e que foram sucesso de público e de crítica. Sua casa era um ponto de cultura. Ela ministrava cursos gratuitos para crianças e jovens, foi de fato uma mulher de grande sensibilidade, compromisso social e ambiental. 

Mirtes Rufino amava viver rodeada pelos materiais com os quais gostava de trabalhar. Sua história, tão singular, ela mesma costumava contar. Ela não escondia que passou por um período muito grave de depressão. Momento bravo mesmo, desses em que pensava em não querer mais viver. Um dia, estava na beira do rio Madeira, que assim se chama porque sempre tem muita madeira boiando em suas águas, e viu ali um cemitério de madeiras.

Ela costumava contar o episódio em que viu um pedaço que tinha uma casca grossa quando pegou e começou a descascar compulsivamente. Suas unhas foram se arrebentando. Na mesma hora, percebeu que aquele pedaço de pau era um jacaré, ainda sujo com o sangue dos seus dedos. Ela relatava que saiu chorando e arrastou aquele pedaço de pau até sua casa onde trabalhou nele durante uma semana, sem parar. No dia que terminou, recebeu a visita de uma amiga de Curitiba (PR), que levou o bicho embora. Hoje, seus personagens são os povos da floresta, principalmente o seringueiro. As roupas, Mirtes impermeabilizava com o látex da borracha e esculpia todo o corpo em madeira. O porquê do palhaço, ela mesma costumava dizer que quando estava na pior, conheceu um moço que era palhaço. Ele a ajudou muito, trouxe luz e riso para a sua vida. Por isso não se esquecia dele e afirmava que sempre continuaria a fazer seus palhaços e palhaças. Seu trabalho hoje é reconhecido em todo o País. Expôs em São Paulo (SP) e em outras capitais, sempre tendo a certeza de que o público era seu termômetro. Adeus, Mirtes Rufino!

*Júlio Olivar, jornalista e escritor, é superintendente estadual de Turismo.

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